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sexta-feira, dezembro 21, 2012

A FELICIDADE DO NATAL! por Dom Fernando Arêas Rifan


O primeiro Natal, do qual celebramos a memória no dia 25, foi realmente alegre e feliz. Que alegria e que felicidade! Nasceu Jesus, o Messias prometido desde o Paraíso perdido, esperado pelos Patriarcas desde Adão, razão de ser do povo eleito, o Salvador da humanidade, Deus feito homem. E os anjos anunciaram aos pastores essa felicidade. A aparição da estrela misteriosa fez renascer a felicidade no coração dos Magos que vieram do Oriente.

Segundo a filosofia (Cícero e Boécio), felicidade é o estado constituído pelo acúmulo de todos os bens com a ausência de todos os males.
Então, como poderemos chamar feliz um Natal onde houve desprezo, rejeição – Jesus nasceu numa estrebaria por falta de lugar para Ele nas casas e nas hospedarias -, lágrimas, gritos, morte, luto – Herodes, perseguindo Jesus, mandou matar as crianças de Belém – fuga, desterro, pobreza, sacrifícios?
Realmente, felicidade perfeita, na definição filosófica, só se encontrará no Céu, na Jerusalém celeste, onde Deus “enxugará toda a lágrima dos seus olhos e já não haverá morte, nem luto, nem grito, nem dor, porque tudo isto passou” (Ap 21,4).

É a grande lição do Natal: é possível ser feliz no desterro, na dor, no desprezo, no luto, até com lágrimas, aqui na terra. Aqui, a felicidade consiste em ter Jesus, em estar com Jesus, em amar Jesus de todo o coração, com a esperança de tê-lo perfeitamente um dia no Céu. Talvez tenha sido essa a felicidade que Assis Valente, autor de “Anoiteceu”, não conhecia quando a pediu ao Papai Noel. Talvez por isso tenha se matado, pois ele e ela não vieram.

Aqui, o que faz a felicidade é a esperança: "alegres pela esperança, pacientes na tribulação" (Rm 12,12). O cristão é otimista pela esperança. É feliz porque espera. Mesmo quando sofre. Mesmo no meio dos sofrimentos, angústias e dores, pode-se ter a felicidade. Por isso, o primeiro Natal foi cheio de felicidade. A pobre estrebaria de Belém era o Céu. Ali faltava tudo e não faltava nada. Ali estava a felicidade que a todos encheu de alegria: Jesus.

O presépio de Belém é o princípio da pregação de Jesus, o resumo da sua Boa Nova, o Evangelho. Dali, daquele pequeno púlpito, silenciosamente, ele nos ensina o desprezo da vanglória desse mundo, o valor da pobreza e do desprendimento, o nada das riquezas, a necessidade da humildade, o apreço das almas simples, a paciência, a mansidão, a caridade para com o próximo, a harmonia na convivência humana, o perdão das ofensas, a grandeza de coração, a pureza de alma, enfim, todas as virtudes cristãs que fariam o mundo muito melhor, se as praticasse.

É por isso que o Natal cristão é festa de paz e harmonia, de confraternização em família, de troca de presentes entre amigos, de gratidão e de perdão. Pois é a festa daquele que, sendo Deus, tornou-se nosso irmão aqui na terra, ensinando-nos o que é a felicidade.
É assim que desejo a todos os meus caros leitores um verdadeiro FELIZ NATAL!

*Bispo da Administração Apostólica Pessoal
São João Maria Vianney