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quinta-feira, fevereiro 14, 2013

QUARTA-FEIRA DE CINZAS, INICIO DA QUARESMA, "TEMPO DE PREPARAÇÃO PARA A PÁSCOA"

"Estes quarenta dias de penitência nos recordam os dias que Jesus passou no deserto, sendo então tentado pelo diabo para deixar o caminho indicado por Deus Pai e seguir outras estradas mais fáceis e mundanas. Refletindo sobre as tentações a que Jesus foi sujeito, cada um de nós é convidado a dar resposta a esta pergunta fundamental:
 O que é que verdadeiramente conta na minha vida? Que lugar tem Deus na minha vida? O senhor dela é Deus ou sou eu? De fato, as tentações se resumem no desejo de instrumentalizar Deus para os nossos próprios interesses, em querer colocar-se no lugar de Deus. 
Jesus se sujeitou às nossas tentações a fim de vencer o maligno e abrir-nos o caminho para Deus. Por isso, a luta contra as tentações, através da conversão que nos é pedida na Quaresma, significa colocar Deus em primeiro lugar como fez Jesus, de tal modo que o Evangelho seja a orientação concreta da nossa vida". Papa Bento XVI -13.02.2013

As cinzas nos alertam para as nossas origens e para a nossa morte corporal, nossa origem divina e destino eterno.
O Tempo da Quaresma tem exatamente o significado de morrer para a velha vida e renascer para a vida da santidade. Ou como nos ensina São Paulo, Apóstolo das Gentes, de “nos despojar do homem velho e corrompido... para nos revestir do homem novo, criado segundo Deus, em justiça e verdadeira santidade”Ef. 4,22-24).
Homilia Padre Marcos Belizário Ferreira
O elemento essencial da conversão é propriamente a contrição do coração: o coração dilacerado, esmagado pelo arrependimento dos pecados. De fato, a contrição sincera inclui o desejo de mudar de vida e leva, na prática,  a tal mudança. Ninguém está isento desta obrigação! 
Cada pessoa, até a mais virtuosa, tem sempre necessidade de converter-se, isto é, de voltar-se para Deus com maior intensidade e fervor, superando as fraquezas e misérias que diminuem sua orientação total a Ele.
A Quaresma é justamente o tempo litúrgico desta renovação espiritual: 
“EIS O MOMENTO FAVORÁVEL, EIS O DIA DA SALVAÇÃO”, adverte São Paulo. 
Compete a cada fiel fazer dela um momento decisivo para a história da própria salvação. “EM NOME DE CRISTO , NÓS VOS SUPLICAMOS: DEIXAI-VOS RECONCILIAR COM DEUS”, insiste o Apóstolo, e repete: “NÓS VOS EXORTAMOS A NÃO RECEBERDES EM VÃO A GRAÇA DE DEUS”. Não somente quem está em pecado mortal necessita reconciliar-se com o Senhor. 
Cada falta de generosidade, de fidelidade à graça impede a amizade íntima com Deus , esfria as relações com ele, é uma recusa de seu amor e exige, portanto, arrependimento, conversão, reconciliação.
Indica o próprio Jesus no Evangelho (Mt 6,1-6.16-18), os grandes meios que devem sustentar o esforço da conversão: a esmola , a oração e o jejum; insiste sobretudo nas disposições interiores que os tornam eficazes. A esmola “expia os pecados” (Eclo 3,30), mas quando é realizada unicamente para agradar a Deus e para ajudar os necessitados, e não para atrair louvores. 
A oração une o ser humano a Deus e impetra sua graça, mas quando brota do santuário do coração e não quando é reduzida a vã ostentação ou ao simples mover de lábios.
O jejum é sacrifício agradável a Deus e desconta as culpas , desde que mortificação do corpo seja acompanhada por outra mais importante , a do amor-próprio. Só então , conclui Jesus : “teu Pai que vê o interior , recompensar-te-á”, ou seja , perdoará os pecados e concederá graça sempre mais abundante.

Na Quarta-feira de Cinzas, nas missas celebradas nas Paróquias e Comunidades, se benzem e impõem as cinzas feitas de ramos de oliveiras ou palmeiras, bentos no Domingo de Ramos do ano anterior.
 Em procissão, os cristãos e cristãs recebem na fronte um pouco dessas cinzas para expressar o desejo e votos de assumir o processo de conversão que se iniciou no Batismo, por uma vida de oração, esmola e jejum. 
As cinzas nos lembram que todo orgulho, prepotência, bens materiais não são nada mais do que cinzas após a morte. 
 Conscientes de nossa pequenez, somos chamados a ser agentes de transformação de uma sociedade injusta e desigual, através de obras, ações, do amor que entrega a própria vida pela vida do outro.