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domingo, julho 07, 2013

14º DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO C


Depois de 20 séculos de cristianismo é difícil ouvir as instruções de Jesus aos seus sem empalidecer. Não se trata de vivê-las ao pé da letra. Não. Trata-se simplesmente de não atuar contra o espírito que elas contêm.
Jesus envia seus discípulos pelas aldeias da Galileia como “cordeiros no meio de lobos”. Quem crê hoje que esta deve ser nossa identidade numa sociedade atravessada por todo tipo de conflitos e enfrentamentos? E, no entanto, não precisamos entre nós de mais lobos, e sim de mais cordeiros. 
Cada vez que, da parte da Igreja ou de seu entorno, se alimenta a agressividade e o ressentimento, ou se lançam insultos e ataques que tornam mais difícil o entendimento mútuo, estamos agindo contra o espírito de Jesus.
A “primeira coisa” que os discípulos de Jesus devem comunicar ao entrarem numa casa é: “PAZ A ESTA CASA”, a paz é o primeiro sinal do reino de Deus. Se a Igreja não introduz paz na convivência , nós cristãos estamos anulando pela raiz nossa tarefa primeira.
A outra instrução é mais desconcertante: “NÃO LEVEIS BOLSA, NEM ALFORJE, NEM SANDÁLIAS”. É claro que Jesus nos pede um empobrecimento material , porém o surpreendente é que Jesus não está pensando no que devem levar consigo, mas precisamente no contrário: naquilo que não devem levar, para não se distanciarem demasiado dos pobres.
Como se traduzir hoje este espírito de Jesus numa sociedade do bem-estar? Não simplesmente recorrendo a um traje que nos identifique como membros de uma instituição religiosa ou responsáveis por um cargo na Igreja. Precisamos, cada um de nós, rever com humildade que nível de vida, que comportamentos, que palavra, que atitude nos identificam melhor com os últimos.
O Evangelho não é só nem sobretudo uma doutrina, o Evangelho é a pessoa de Jesus: a experiência humanizadora, salvadora, libertadora que começou com Ele. Por isso, evangelizar não é só propagar uma doutrina, mas tornar presente, no próprio coração da sociedade e da vida , a força salvadora da pessoa de Jesus Cristo.E isto não se pode fazer de qualquer maneira.
“Pai santo, Senhor do céu e da terra, por Cristo, Senhor nosso. Pela vossa Palavra criastes o universo e em vossa justiça tudo governais. Tendo-se encarnado, vós nos destes o vosso Filho como mediador. Ele nos dirigiu a vossa palavra, convidando-nos a seguir seus passos. Ele é o caminho que conduz para vós, a verdade que nos liberta e a vida que nos enche de alegria. Por vosso Filho, reunis em uma só família os homens e as mulheres, criados para a glória de Vosso Nome, redimidos pelo Sangue de sua Cruz e marcados com o Selo do vosso Espírito”.
Para tornar presente esta experiência libertadora, os meios mais adequados não são os de poder, mas os meios pobres dos quais se serviu o próprio Jesus: amor solidário aos abandonados, acolhida a cada pessoa, oferecimento do perdão de Deus, criação de uma comunidade fraterna, defesa dos últimos.
Então, o importante é contar com testemunhas em cuja vida se possa perceber a força humanizadora contida na pessoa de Jesus quando é acolhida de maneira responsável. A formação doutrinal é importante, mas só quando alimenta uma vida evangélica.
O TESTEMUNHO TEM PRIMAZIA ABSOLUTA.  LEVAI CONVOSCO MEU ESPÍRITO.