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quinta-feira, agosto 08, 2013

FESTA DA TRANSFIGURAÇÃO DO SENHOR

A Transfiguração, manifestação da vida divina, que está em Jesus, é uma antecipação do esplendor, que encherá a noite da Páscoa. Os Apóstolos, quando virem Jesus na sua condição de Servo, não poderão esquecer a sua condição divina.

“CONTEMPLANDO SEMPRE A VISÃO NOTURNA, VI APROXIMAR-SE, SOBRE AS NUVENS DO CÉU, UM SER SEMELHANTE A UM FILHO DE HOMEM. AVANÇOU ATÉ AO ANCIÃO, DIANTE DO QUAL O CONDUZIRAM. FORAM-LHE DADAS AS SOBERANIAS, A GLÓRIA E A REALEZA. TODOS OS POVOS, TODAS AS NAÇÕES E AS GENTES DE TODAS AS LÍNGUAS O SERVIRAM. O SEU IMPÉRIO É UM IMPÉRIO ETERNO QUE NÃO PASSARÁ JAMAIS, E O SEU REINO NUNCA SERÁ DESTRUÍDO”  
Daniel 7 - 13, 14

Daniel, em visão noturna, vê a história do ponto de vista de Deus. Sucedem-se os impérios e os opressores, mas o projeto de Deus não falha. Ele é o último juíz, que avaliará as ações dos homens e intervirá para resgatar o seu povo. Aos reinos terrenos contrapõe-se o Reino que o Ancião confia a um misterioso “filho de homem” que vem sobre as núvens. Trata-se de um verdadeiro homem, mas de origem divina.
No nosso texto já não se trata do Messias davídico que havia de restaurar o Reino de Israel, mas da sua transfiguração sobrenatural: o Filho do homem vem inaugurar um reino que, embora se insira no tempo, “não é deste mundo” (Jo 18, 36). Ele triunfará sobre as potências terrenas, conduzindo a história à sua realização escatológica. Jesus irá identificar-se muitas vezes com esta figura bíblica na sua pregação e particularmente diante do Sinédrio, que o condenará à morte.

“NAQUELE TEMPO, JESUS, LEVANDO CONSIGO PEDRO, JOÃO E TIAGO, SUBIU AO MONTE PARA ORAR. ENQUANTO ORAVA, O ASPECTO DO SEU ROSTO MODIFICOU-SE, E AS SUAS VESTES TORNARAM-SE DE UMA BRANCURA FULGURANTE. E DOIS HOMENS CONVERSAVAM COM ELE: MOISÉS E ELIAS, OS QUAIS, APARECENDO RODEADOS DE GLÓRIA, FALAVAM DA SUA MORTE, QUE IA ACONTECER EM JERUSALÉM. PEDRO E OS COMPANHEIROS ESTAVAM A CAIR DE SONO; MAS, DESPERTANDO, VIRAM A GLÓRIA DE JESUS E OS DOIS HOMENS QUE ESTAVAM COM ELE. QUANDO ELES IAM SEPARAR-SE DE JESUS, PEDRO DISSE-LHE: “MESTRE, É BOM ESTARMOS AQUI. FAÇAMOS TRÊS TENDAS: UMA PARA TI, UMA PARA MOISÉS E OUTRA PARA ELIAS”. NÃO SABIA O QUE ESTAVA A DIZER. ENQUANTO DIZIA ISTO, SURGIU UMA NUVEM QUE OS COBRIU E, QUANDO ENTRARAM NA NUVEM, FICARAM ATEMORIZADOS. E DA NUVEM VEIO UMA VOZ QUE DISSE: “ESTE É O MEU FILHO PREDILETO. ESCUTAI-O”.  QUANDO A VOZ SE FEZ OUVIR, JESUS FICOU SÓ. OS DISCÍPULOS GUARDARAM SILÊNCIO E, NAQUELES DIAS, NADA CONTARAM A NINGUÉM DO QUE TINHAM VISTO”.
 Lucas 9, 28b-36

A Transfiguração confirma a fé dos Apóstolos, manifestada por Pedro em Cesareia de Filipe, e ajuda-os a ultrapassar a sua oposição à perspetiva da paixão anunciada por Jesus. Quem quiser Seu discípulo, terá de participar nos seus sofrimentos (Mt 16, 21-27). 

A TRANSFIGURAÇÃO É UM PRIMEIRO RESPLENDOR DA GLÓRIA DIVINA DO FILHO, CHAMADO A SER SERVO SOFREDOR PARA SALVAÇÃO DOS HOMENS.

 Na oração, Jesus transfigura-se e deixa entrever a sua identidade sobrenatural. Moisés e Elias são protagonistas de um êxodo muito diferente nas circunstâncias, mas idêntico na motivação: a fidelidade absoluta a Deus. A luz da Transfiguração clarifica interiormente o seu caminho terreno. Quando a visão parece estar a terminar, Pedro como que tenta parar o tempo. É, então, envolvido com os companheiros pela nuvem. É a nuvem da presença de Deus, do mistério que se revela permanecendo incognoscível. Mas Pedro, Tiago e João recebem dele a luz mais resplandecente: a voz divina proclama a identidade Jesus, Filho e Servo sofredor (Is 42, 1).

Pedro e os seus dois companheiros, fatigados da caminhada, tinham caído no sono, quando, acordando de repente, viram Jesus na sua glória, entre dois homens, Moisés e Elias, que conversavam com Ele. Moisés e Elias, representando a lei e os profetas, vinham prestar homenagem a Jesus Cristo, no qual se realizavam todas as figuras e todas as promessas do Antigo Testamento. Vinham reconhecer nele o Messias que tinham anunciado e esperado. E de que é que juntos conversavam? Falavam, diz São Lucas, da sua saída do mundo, que devia cumprir-se em Jerusalém. Falavam do grande mistério da redenção dos homens pelo sacrifício de Jesus Cristo. Jesus explicava a Moisés e a Elias todo o sentido das figuras da antiga lei: a libertação do Egito, símbolo da redenção; a imolação do cordeiro, figura da morte de Jesus; a salvação dos filhos de Israel pelo sangue do cordeiro, símbolo da redenção dos homens pelo sangue do Coração de Jesus. Jesus dizia aos dois profetas a sua alegria de ver chegar o dia do sacrifício. Oh! Como o seu amor por nós se manifesta sem cessar! Os apóstolos, à vista deste espetáculo, são mergulhados numa espécie de êxtase. Julgam-se transportados ao céu. São Pedro, sempre ardente, é o primeiro que manifesta o seu sentimento: Senhor, diz, que bom é estar aqui; façamos aqui três tendas, uma para vós, uma para Moisés, uma para Elias. São Pedro é humilde e desinteressado; esquece-se, e não pensa em montar uma tenda para si. Ele não quer ser senão o servidor de Jesus. Mas isso é ainda muito. Ele não compreendeu que é preciso comprar a recompensa através das provações. A glória definitiva não virá senão depois da cruz e do sacrifício. Trabalhemos, sejamos generosos. A recompensa virá quando agradar a Deus. São Pedro reconheceu mais tarde que não sabia o que dizia naquele dia, e fê-lo notar pelo seu evangelista, São Marcos. 
Leão Dehon, OSP 3, p. 250s.











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