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domingo, setembro 08, 2013

XXIII DOMINGO DO TEMPO COMUM


TODOS NÓS BUSCAMOS UM "DEUS" PARA VIVER, ALGO QUE INCONSCIENTEMENTE TRANSFORMAMOS, FELICIDADE A TODO CUSTO... CADA UM SABE O NOME DE SEU “DEUS PRIVADO”, AO QUAL ENTREGA SECRETAMENTE SEU SER. POR ISSO, QUANDO, NUM GESTO DE “INGÊNUA LIBERDADE”, FAZEMOS ALGO “PORQUE NOS DÁ VONTADE”, PRECISAMOS PERGUNTAR-NOS O QUE É QUE NAQUELE MOMENTO NOS DOMINA E A QUEM  ESTAMOS OBEDECENDO NA REALIDADE.

O convite de Jesus é provocativo. Só há um caminho para crescer em liberdade, e só o conhecem aqueles que se atrevem a seguir Jesus incondicionalmente, colaborando com ele no projeto do Pai: construir um mundo justo e digno para todos.

Carregar a cruz fazia parte do ritual de execução: o réu era obrigado a atravessar a cidade carregando a cruz e levando o “titulus”, um  cartaz onde aparecia seu delito. Desta maneira, era  mostrado como culpado perante a sociedade, excluído do povo como indigno de continuar vivendo entre os seus.

Foi esta a verdadeira cruz de Jesus. Ver-se rejeitado pelos dirigentes do povo e aparecer como culpado diante de todos, precisamente por sua fidelidade ao Pai e seu amor libertador aos homens.
Sem menosprezar outros aspectos da vida cristã, nós crentes precisamos recordar que o seguidor de Jesus deve estar disposto a sofrer as reações, rejeições e condenações de seu próprio povo, de seus amigos e até de seus familiares, provocadas precisamente por sua fidelidade a Deus a ao Evangelho.

Mais cedo ou mais tarde, todos nós teremos que sofrer. Uma doença grave, um acidente inesperado, a morte de um ente querido, desgraças e dilacerações de todo tipo nos obrigam um dia a tomar posição diante do sofrimento.

 O que fazer?
Alguns limitam-se à revolta, é uma atitude explicável: protestar, revoltar-se diante do mal.  Quase sempre esta reação intensifica ainda mais o sofrimento. A pessoa se crispa e se exaspera. É  fácil terminar nos esgotamento e no desespero.
Outros se fecham no isolamento. Vivem dobrados sobre sua dor, relacionando-se apenas com suas tristezas e sofrimentos. Não se deixam consolar por ninguém. Não aceitam alívio algum. Por esse caminho, a pessoa pode autodestruir-se.

Há os que adotam a postura de vítimas e vivem compadecendo-se de si mesmos. Precisam mostrar seus sofrimentos a todo mundo: “Vejam com sou infeliz”, “Vejam como a vida me maltrata”. Esta maneira de manipular o sofrimento nunca ajuda a pessoa a amadurecer.
A atitude do cristão é diferente. O cristão não ama nem busca o sofrimento, não o quer nem para os outros nem para si mesmo. Seguindo os passos de Jesus, luta com todas as suas forças para arrancá-lo do coração da existência. Mas, quando é inevitável, sabe “carregar sua cruz” em comunhão com o Crucificado.

Esta aceitação do sofrimento não consiste em dobrar-nos diante da dor porque ela é mais forte do que nós: isso seria fatalismo. O crente tampouco procura “explicações” artificiosas, considerando o sofrimento um castigo, uma prova ou uma purificação que Deus nos envia. O Pai não é nenhum “sádico” que encontra prazer especial em ver-nos sofrer. Tampouco tem motivo para exigi-lo, como que a contragosto, para que fique satisfeita sua honra ou sua glória.

O cristão vê no sofrimento uma experiência na qual, unido a Jesus, ele pode viver sua verdade mais autêntica. O sofrimento continua sendo mau, mas precisamente por isso se transforma na experiência mais realista e profunda para viver a confiança radical em Deus e a comunhão com os que sofrem.

Vivida assim a cruz é o que há de mais oposto ao pecado. Por quê? Porque pecar é buscar egoísticamente a própria felicidade, rompendo com Deus e com os outros. “Carregar a cruz”em comunhão com o Crucificado é exatamente o contrário: abrir-se confiantemente ao Pai e solidarizar-se com os irmãos precisamente na ausência de felicidade.

Cf "”O Caminho aberto por Jesus" , José Antonio Pagola, Ed Vozes , páginas 250-253.






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