E QUAL SERÁ O FUTURO DOS FILHOS CUJOS PAIS E MÃES SÃO AMBOS DEPENDENTES? QUEM É CAPAZ DE RESPONDER POR ESTE DRAMA SOCIAL
CRESCENTE SOMADO ÀS OUTRAS MAZELAS DESTE POBRE PAÍS, TÃO RICO DE POSSIBILIDADES?
Retomamos o interesse que a pesquisa da Fiocruz lançou
sobre as usuárias de crack grávidas que dão à luz. A propósito, recente
levantamento feito em dez hospitais e maternidades no município do Rio de
Janeiro constatou que 227 gestantes dependentes de crack deram à luz.
Mas serão delas os bebês, isto é, elas os têm seus? Sentem-se suas mães? As perguntas procedem, pois duas a três crianças são mensalmente abandonadas. Nascidas em tal desvantagem de amor materno, quais serão seus destinos e das outras aceitas por mães fragilizadas, física e psicologicamente, pela ação destruidora do crack?
E qual será o futuro dos filhos cujos pais e mães são ambos dependentes? Quem é capaz de responder por este drama social crescente somado às outras mazelas deste pobre país, tão rico de possibilidades?
Mas serão delas os bebês, isto é, elas os têm seus? Sentem-se suas mães? As perguntas procedem, pois duas a três crianças são mensalmente abandonadas. Nascidas em tal desvantagem de amor materno, quais serão seus destinos e das outras aceitas por mães fragilizadas, física e psicologicamente, pela ação destruidora do crack?
E qual será o futuro dos filhos cujos pais e mães são ambos dependentes? Quem é capaz de responder por este drama social crescente somado às outras mazelas deste pobre país, tão rico de possibilidades?
Reflitamos, dentro do possível. Seguramente, estas
crianças não terão um lar de convivência saudável. Não serão acolhidas como
membros bem vindos de uma família com mamãe e papai e alguns irmãozinhos, a não
ser que sejam adotadas, o que não é fácil. Sendo filhos da pobreza ou da
miséria, eles não viverão em um lar da própria família, exceto se tiverem uma
avó ou parente generoso. Assim a desvantagem, em grande parte, será supressa
pelo amor.
Se tanto o pai quanto a mãe forem dependentes, a
desvantagem será maior. Pior, se tais crianças não tiverem avós ou parentes.
Então, irão para os abrigos, já superlotados, da prefeitura ou da rede privada,
após contato que as assistentes sociais fizerem com o Conselho Tutelar para
encaminhá-las à Primeira Vara da Infância, da Juventude e do Idoso para serem
conduzidas a seus destinos: um itinerário de vida em enorme desvantagem desde o
início.
A juíza teria afirmado que se sente obrigada a mandar
as crianças a abrigos que se tornaram “verdadeiros depósitos de crianças”. É
forte o termo. Não existe lugar melhor para mandá-las.
Não há lugar, mas há solução. A solução seria a
integração da criança à família. A família é a solução, ainda que seja de
adoção. Na falta, é a ampliação da oferta de abrigos de acordo com o Estatuto
da Criança e do Adolescente. Solução, não no sentido de acabamento ou de
conclusão, mas de abertura. Quando o problema é gente, gente é a solução. Gente
que humanize as instituições. Gente que humanize os abrigos. Gente que goste de
gente.
Difícil é responder à problemática dos pais e,
sobretudo, das mães dependentes, física e psicologicamente. No entanto, a
pesquisa da Fiocruz acendeu uma luz, ainda que seja no túnel escuro, ao
oferecer dados reais que facilitem práticas corretas. A solução em aberto,
também aqui é gente contando com gente. Tais pessoas abnegadas existem.
Segundo a literatura sapiencial, “foi por inveja do
diabo que a morte entrou no mundo: experimentam-na quantos são de seu partido!”
(Sb 2, 24). Por isso, quem promove a vida é do partido de Deus, seu Criador. É
seu parceiro. Os que difundem o crack e outras drogas e se locupletam com seu
recurso, são praticantes da morte. Fingem amar a vida. Entretanto, também eles
terão de “comparecer manifestamente perante o tribunal de Cristo” (2 Cr 5, 10).
Tais reflexões se integram à Semana Nacional da Vida e
à Caminhada em Defesa da Vida, coordenada pelo Movimento Nacional da Cidadania
pela Vida Brasil sem Aborto com o apoio da arquidiocese.
Assim, luta-se pela vida em todas as frentes de batalha com as armas da paz: fé, amor, esperança. Luta-se pelo amor à vida.
Assim, luta-se pela vida em todas as frentes de batalha com as armas da paz: fé, amor, esperança. Luta-se pelo amor à vida.
Dom
Edson de Castro Homem
Bispo
Auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro
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