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domingo, novembro 03, 2013

"TODOS NÓS SOMOS SANTOS E SANTAS "


Para essa cidade caminhamos, pressurosos, peregrinando na penumbra da fé. Contemplamos, alegres, na vossa luz tantos membros da Igreja, que nos dais como exemplo e intercessão e enquanto esperamos a Glória Eterna, com os Anjos e todos os Santos, proclamamos Vossa bondade dizendo a uma só voz.

"Santo, Santo, Santo é o Senhor, Deus do universo
 Os Céus e a Terra  Proclamam a Vossa glória
Hosana nas alturas, Bendito o que vem em nome do Senhor, Hosana nas alturas!" 
A santidade não é um artigo de luxo reservado a um grupo de privilegiados. É um ideal para o qual todos os cristãos devem tender, independentemente de sua condição social ou eclesial. 
Como ninguém é excluído, também ninguém pode eximir-se de dar sua resposta a este apelo divino. O importante é ter uma visão correta da santidade, para se evitar esmorecimentos diante de concepções falsas, e também para não ir atrás de um projeto de santidade incompatível com a proposta de Jesus.
O Evangelho entende a santidade como a capacidade de entregar-se totalmente nas mãos do Pai, de quem tudo se espera e em nome de quem se age em favor do semelhante. Neste caso, santidade e bem-aventurança identificam-se.  
A bem-aventurança dos pobres em espírito, dos mansos, dos aflitos e dos que têm fome e sede de justiça acontece quando as pessoas, nestas condições, contam apenas com o auxílio que vem de Deus. 
Seria inútil contar com as criaturas e esperar delas o socorro. Por outro lado, também os misericordiosos, os puros de coração, os construtores de paz e os perseguidos por causa da justiça trilham um caminho de santidade.
Sem uma profunda adesão a Deus e a seu Reino, jamais se disporiam a prestar ao próximo um serviço gratuito e desinteressado, e a escolher um projeto de vida em que os interesses pessoais passam para um segundo plano. A santidade, neste caso, consiste em imitar o modo divino de agir. Padre Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – “Entregues nas Mãos do Senhor”
É notável o contraste entre a primeira leitura e o Evangelho. Na primeira leitura, João nos introduz na Jerusalém celeste: 
Ela é povoada por aqueles que saíram da grande tribulação, lavaram suas vestes no Sangue do Cordeiro e agora cantam o cântico da vitória e do louvor: 
 A salvação – dizem  - e a santidade que conseguimos pertence ao nosso Deus e ao Cordeiro; não foi obra e mérito nosso, mas seu dom; ele somente é Santo, e nós somos apenas “santificados”.
 É uma multidão imensa, de todas as raças, de todos os povos e nações: é a Igreja dos que foram salvos que entrou na “alegria do seu Senhor”e vive agora “escondida com Cristo em Deus”(Cl 3,3).
 Quando desta visão de glória passamos à leitura do evangelho, descobrimos um clima muito diferente. 
Também aqui se fala de bem-aventurados mas de bem-aventurados que vivem na pobreza, na aflição, que têm fome e sede, que são perseguidos por causa da justiça e que choram!
A Igreja das bem-aventuranças é a Igreja peregrina; para essa o Senhor traça o caminho estreito que conduz à vida (Mt 7,14). É a “nossa Igreja”, e é, por isso, a nós que aqui fala Cristo.
 Qual é a verdadeira diferença entre nós e os santos que festejamos? Estes são bem-aventurados na posse, nós somente na esperança.
 Na segunda leitura, porém, João nos introduz numa verdade mais profunda e consoladora: algo que nos une, em vez de  nos separar da condição dos bem-aventurados: “Caríssimos, desde agora somos filhos de Deus, mas não se manifestou ainda o que havemos de ser. Sabemos que, quando isso se manifestar, seremos semelhantes a Deus, porquanto o veremos como ele é”(1 Jo 3,2-3) .
 Nós já somos aquilo que um dia seremos: filhos de Deus. Já estamos de posse do essencial; o Reino dos céus já começou para nós, graças àquela nossa qualidade de filhos de Deus e coerdeiros de Cristo.
Nisto estamos nós também na comunhão dos santos.
Ai de nós, porém, se nos deixarmos levar ao quietismo. Somos, sim, filhos de Deus pelo batismo, mas não o somos estável e irreversivelmente. 
Estamos ainda expostos ao perigo de decair daquela condição, de impedir, o crescimento da semente. Eis por que devemos procurar operar a nossa salvação com temor e com tremor ( Fl 2,12) , fazer o bem enquanto temos tempo (Gl 6,9).
  Nós possuímos o tempo; não sabemos quanto, não sabemos até quando. Cabe a nós decidir o que queremos fazer: deixá-lo simplesmente passar ou utilizá-lo como o maior dos talentos.
Caminhai enquanto tendes luz  (Jo 12,35): esta Palavra de Jesus pode ser traduzida também da seguinte maneira: enquanto tendes tempo!
Por enquanto, a Comunhão Eucarística para a qual nos dispomos realiza uma antecipação de nosso ingresso na Jerusalém celeste e de uma comunhão mais íntima com os santos.
Bem-aventurados aqueles entre nós – e esperamos todos – que serão convidados àquela Ceia do Senhor: aquela em que Ele se dará aos seus eleitos sem véus, nem símbolos, mas “face a face”.

Raniero Cantalamessa.
 Cf  O Verbo se faz carne, reflexão sobre a Palavra de Deus – Anos A, B, C . Editora Ave Maria


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