O AMOR DE JESUS POR JERUSALÉM -
LC 13,31-35
Naquela hora, alguns fariseus aproximaram-se e disseram a Jesus: “Sai daqui, porque Herodes quer te matar”. Ele disse: “Ide dizer a essa raposa: eu expulso demônios e faço curas hoje e amanhã; e no terceiro dia chegarei ao termo. Entretanto, preciso caminhar hoje, amanhã e depois de amanhã, pois não convém que um profeta morra fora de Jerusalém. Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados!
LC 13,31-35
Naquela hora, alguns fariseus aproximaram-se e disseram a Jesus: “Sai daqui, porque Herodes quer te matar”. Ele disse: “Ide dizer a essa raposa: eu expulso demônios e faço curas hoje e amanhã; e no terceiro dia chegarei ao termo. Entretanto, preciso caminhar hoje, amanhã e depois de amanhã, pois não convém que um profeta morra fora de Jerusalém. Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados!
Quantas vezes eu quis reunir
teus filhos, como a galinha reúne os pintainhos debaixo das asas, mas não
quiseste! Vede, vossa casa ficará abandonada. Eu vos digo: não mais me vereis,
até que chegue o tempo em que digais: ‘Bendito aquele que vem em nome do
Senhor’”
Homilia de Padre
Marcos Belizário Ferreira no
VI DOMINGO DO
TEMPO COMUM - A
Algumas pessoas passam toda a vida queixando-se e rebelando-se contra seu destino. Queixam-se até o fim de sua vidas de que que seus pais não lhes teriam dado o amor de que necessitavam. Queixam-se da sociedade, que não lhes teria dado a chance que esperavam dela. Os culpados de sua miséria são sempre os outros.
Sentem-se a
vida inteira como vítimas. Com isto encontram uma desculpa para sua negação de
vida.
Recusam-se a reconciliar-se com sua história de vida e, ao mesmo tempo, negam-se a assumir a responsabilidade pela própria vida.
E, por não assumirem nenhuma responsabilidade, também não estão preparados a assumir seu papel na sociedade, Permanecem constantemente sentados no banco das testemunhas de acusação. A culpa sempre é dos outros.
Por fim, com seus constantes protestos e queixas, acabam por rejeitar a própria vida. Estas pessoas vivem realmente, vêem-se com acusadores diante de um tribunal, no qual querem julgar os outros, sem colocarem-se a si mesmo diante dele: “vitimização”.
Ouvindo o
Evangelho de hoje, percebemos que a pregação de Jesus vai muito mais além do
que uma pregação ou exortação do tipo “moralista”. A exortação do Senhor é de
quem se coloca diante do "caos humano", com suas debilidades, suas
dificuldades em vários campos: social, familiar, religioso.
Assim como em Lc
13, 31-35, lemos que Deus deseja juntar seus filhos como uma galinha junta
seus pintainhos. Hoje Deus se mostra como uma ave que “choca seus ovos, e do
que parecia uma nada, surge a vida. A metáfora é perfeita , somos como “ovos”
que aquecidos pelo Amor de Deus podemos ganhar vida.
“A Bíblia oferece uma fórmula para enfrentar o caos, que é positiva e
saudável. Não
apenas ela aceita o caos como sendo um prelúdio inevitável à nova vida , como
oferece uma teologia positiva e prática para lidar com ele com esperança e
amor.
O tipo primordial do caos aparece, é claro, no segundo versículo do
Livro do Gênesis, o caos primeiro que precede a criação: “No princípio criou
o céus e a terra, porém a terra informe e vazia e as trevas cobriam a face do
abismo e o Espírito de Deus movia-se sobre as águas”.
Antes de
introduzir a palavra criadora e formativa (“E Deus disse : haja a luz ..”) O
autor deseja fazer justiça ao processo. Se ele tivesse pulado a referência ao
caos, o leitor poderia pensar que a palavra criadora não tinha nada como o que
trabalhar, mas isso não é verdade (…) A primeira palavra criadora segue-se à descrição do caos e ao esvoaçar do
Espírito de Deus.
Teologicamente, a sequencia é crítica: A Palavra vem como
uma resolução não resolvida. Antes dela, a terra é “tohu wabohu”, duas palavras
assonantes que sugerem, ao mesmo tempo , o vácuo e a desordem e as águas do
primeiro abismo cobertas de escuridão.
A combinação destas imagens revela a tentativa do autor de descrever o
caos em ternos de vácuo, desordem, águas informes e escuridão. Note-se
que o caos não é descrito como maléfico; ele simplesmente ainda não tomou
formar dentro da desordem que trará o julgamento divino, por sua vez benéfico.
Muito simplesmente o caos é possibilidade. Mais que isso, o Espírito de Deus
está pairando sobre o caos. E isso significa que o caos é mais que
possibilidade, ele é promessa”.
Assim o caos humano que vive os homens do seu tempo e nossos dias,
Jesus nos encaminha para a possibilidade de transformação, de metamorfose. Ele
de fato dá um novo sentido a antiga Lei.
MONTAGUE, G. T.
Vôo Livre , São Paulo, Loyola, 1984, pp 59-61
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