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sexta-feira, abril 18, 2014

VIA-SACRA, CAMINHO DE FÉ – Sexta-feira da Paixão do Senhor 2014


 VIA-SACRA, CAMINHO DE FÉ EM JESUS CONDENADO À MORTE RECONHECEREMOS O JUIZ  UNIVERSAL; N´ELE CARREGANDO A CRUZ, O SALVADOR DO MUNDO; N´ELE CRUCIFICADO, O SENHOR DA HISTÓRIA, O PRÓPRIO FILHO DE DEUS. 

Noite de Sexta-feira Santa, noite tépida e trepidante. Estamos reunidos em nome do Senhor. Ele está aqui conosco, como prometeu (Mt 18, 20). 
 Conosco está também a Virgem Santa Maria. Ela esteve no cimo do Gólgota como Mãe do Filho moribundo, Discípula do Mestre da verdade, nova Eva junto da árvore da vida, Mulher da dor associada ao “Homem das dores, experimentado nos sofrimentos” (Is 53, 3), Filha de Adão, Irmã nossa, Rainha da Paz. 
 Mãe de misericórdia, Ela inclina-Se sobre os seus filhos, ainda expostos a perigos e aflições, para ver os seus sofrimentos, ouvir o gemido que se eleva da sua miséria, para levar conforto e reavivar a esperança da paz.
 A Cruz, à qual foi condenado Jesus de Nazaré (Jo 19, 16), tal como a sua verdade do reino (Jo 18, 36-37) deviam tocar no mais fundo da alma do pretor romano. Tratou-se e trata-se duma Realidade, diante da qual é impossível ficar de fora ou à margem.
 O fato de Jesus, o Filho de Deus, ter sido interrogado sobre o seu reino e por isso ter sido julgado pelo homem e condenado à morte, constitui o princípio daquele testemunho final de Deus que tanto amou o mundo (Jo 3, 16).
 NÓS ENCONTRAMO-NOS PERANTE ESTE TESTEMUNHO E SABEMOS QUE NÃO NOS É LÍCITO LAVAR AS MÃOS.
N´Ele está toda a verdade do Filho do Homem que os profetas predisseram, a verdade sobre o Servo de Jahvé anunciada por Isaías: "Foi esmagado pelas nossas iniquidades; (...) fomos curados nas suas chagas" (Is 53, 5).
 E Ele aceita estas provocações, que parecem anular todo o sentido da sua missão, dos discursos pronunciados, dos milagres realizados.
 Aceita todas aquelas palavras; decidiu não opor-Se. Quer ser ultrajado. Quer vacilar. Quer cair sob a Cruz. Quer. É fiel até ao fim, mesmo nos mínimos detalhes, a esta afirmação: "Não se faça o que Eu quero, mas o que Tu queres" (Mc 14, 36; etc.).
 DEUS EXTRAIRÁ A SALVAÇÃO DA HUMANIDADE DAS QUEDAS DE CRISTO SOB A CRUZ.
Jesus cai sob a Cruz. Cai por terra. Não recorre às suas forças sobre-humanas, não recorre à força dos anjos.
 "Julgas que não posso rogar a meu Pai, que imediatamente Me enviaria mais de doze legiões de anjos?" (Mt 26, 53). Mas não o pede. Tendo aceite o cálice das mãos do Pai (Mc 14, 36; etc.), quer bebê-lo até ao fundo.
É isto mesmo o que quer. E por isso não pensa em quaisquer forças sobre-humanas, embora estejam ao seu dispor. Poderão provar estranheza aqueles que O tinham visto quando comandava às enfermidades humanas, às mutilações, às doenças, à própria morte.
 E agora? Nega Ele tudo isto? E todavia "nós esperávamos...", dirão alguns dias depois os discípulos de Emaús (Lc 24, 21). "Se és Filho de Deus..." (Mt 27, 40), hão-de provocá-Lo os membros do Sinédrio. "Salvou os outros, e não pode salvar-Se a Si mesmo" (Mc 15, 31; Mt 27, 42): gritará a multidão.
 No mistério da Redenção, entrelaçam-se a Graça, isto é, o dom do próprio Deus, e "o pagamento" do coração humano. Neste mistério, somos enriquecidos por um Dom do alto (Tg 1, 17) e ao mesmo tempo comprados pelo resgate do Filho de Deus (1 Cor 6, 20; 7, 23; Act 20, 28).
E Maria, tendo sido mais do que ninguém enriquecida de dons, paga mais também. Com o coração.

A este mistério está unida a promessa maravilhosa formulada por Simeão quando da apresentação de Jesus no templo: "Uma espada trespassará a tua alma, a fim de se revelarem os pensamentos de muitos corações" (Lc 2, 35).
 Também isto se cumpre. Quantos corações humanos se abrem diante do coração desta Mãe que pagou tanto!

E de novo Jesus está todo inteiro nos seus braços, como esteve no presépio de Belém (Lc 2, 16), durante a fuga para o Egito (Mt 2, 14), em Nazaré (Lc 2, 39-40). Senhora da Piedade.
 A árvore da Vida, da qual o homem foi afastado por causa do pecado, revelou-se novamente aos homens no corpo de Cristo. 
"Se alguém comer deste pão viverá eternamente; e o pão que Eu hei-de dar é a minha carne pela vida do mundo" (Jo 6, 51).
  Embora o nosso planeta esteja sempre a repovoar-se de túmulos, embora cresça o cemitério no qual o homem volta ao pó donde tinha sido tirado (Gn 3, 19), todavia todos os homens que olham para o túmulo de Jesus Cristo vivem na esperança da Ressurreição
JESUS SENHOR, NOSSA RESSURREIÇÃO,
NO SEPULCRO NOVO DESTRUÍS A MORTE E DAIS A VIDA. 
JESUS SENHOR, NOSSA ESPERANÇA, O VOSSO CORPO CRUCIFICADO E RESSUSCITADO É A NOVA ÁRVORE DA VIDA.
VIA-SACRA NO COLISEU
SEXTA-FEIRA SANTA DO ANO 2003 
BEATO JOÃO PAULO II 



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