O helicóptero militar jordaniano que transportou o pontífice de Amã a Belém aterrissou no Heliporto de Hadassah, em Jerusalém às 9h30 (horário local)
perto do campo de refugiados palestinos de Dheisheh, de onde Francisco foi para a sede do governo local para se reunir com o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas.
Papa Francisco cumprimenta crianças israelenses, no heliporto do hospital Hadassah, em Monte Scopus, em Jerusalém |
SEU DISCURSO ABORDOU A NECESSIDADE DE PAZ E LIBERDADE RELIGIOSA.
Francisco recordou a situação de conflitos e incertezas no Oriente Médio, causando “feridas difíceis de curar”.
Papa Francisco foi recebido pelo presidente da Palestina, Mahmoud Abbas |
Ele manifestou sua solidariedade aos que sofrem as consequências desses conflitos, disse que é hora de colocar fim a essa situação “inaceitável” e pediu esforços redobrados para criar condições para uma paz estável.
“Para todos, chegou o momento de terem a coragem da generosidade e da criatividade ao serviço do bem, a coragem da paz, que assenta sobre o reconhecimento, por parte de todos, do direito que têm dois Estados de existir e gozar de paz e segurança dentro de fronteiras internacionalmente reconhecidas”.
O Santo Padre explicou que a paz levará inúmeros benefícios para o povo daquela região e do mundo todo, portanto é preciso caminhar para a paz, o que requer que cada um renuncie a alguma coisa. Ele expressou seus votos de que palestinos e israelitas, com suas respectivas autoridades, empreendam este êxodo para a paz com coragem e firmeza.
O Pontífice chamou o impasse envolvendo Israel e Palestina de inaceitável... Papa Francisco rezou diante do Muro da Separação entre Israel e Palestina. À frente das escritas: “Palestina Livre” e “Precisamos de alguém que fale sobre justiça”. O Papa Francisco observou a altura do Muro da Separação e, logo após, tocou-o e encostou a cabeça recolhendo-se em oração. Israel começou a construir o Muro da Separação em 2002, chamando-o de Muro de Segurança e com o objetivo de impedir a entrada de terroristas no Estado de Israel. Na fronteira entre Jerusalém e Belém, o muro chega a ter oito metros de altura. Os palestinos que têm permissão para cruzar a fronteira precisam, todos os dias, passar pelo “Check Point” – o mesmo acontece com turistas que atravessam a fronteira para visitar a Basílica da Natividade, em Belém.
Que grande graça celebrar a Eucaristia junto do lugar onde nasceu Jesus! Agradeço a Deus e agradeço a vós que me acolhestes nesta minha peregrinação: o Presidente Mahmoud Abbas e demais autoridades; o Patriarca Fouad Twal, os outros Bispos e os Ordinários da Terra Santa, os sacerdotes, as pessoas consagradas e quantos trabalham por manter viva a fé, a esperança e a caridade nestes territórios; as delegações de fiéis vindas de Gaza, da Galileia, os imigrantes da Ásia e da África.
Obrigado pela vossa recepção!
O Menino Jesus, nascido em Belém, é o sinal dado por Deus a quem esperava a salvação, e permanece para sempre o sinal da ternura de Deus e da sua presença no mundo. “Isto vos servirá de sinal: encontrareis um menino…”.
Também hoje as crianças são um sinal. Sinal de esperança, sinal de vida, mas também sinal de “diagnóstico” para compreender o estado de saúde duma família, duma sociedade, do mundo inteiro.
Quando as crianças são acolhidas, amadas, protegidas, tuteladas, a família é sadia, a sociedade melhora, o mundo é mais humano. Pensemos na obra que realiza o Instituto Effathá Paulo VI a favor das crianças surdas-mudas palestinenses: é um sinal concreto da bondade de Deus.
Deus repete também a nós, homens e mulheres do século XXI: “Isto vos servirá de sinal», procurai o menino…”
O Menino de Belém é frágil, como todos os recém-nascidos. Não sabe falar e, no entanto, é a Palavra que Se fez carne e veio para mudar o coração e a vida dos homens.
Aquele Menino, como qualquer criança, é frágil e precisa de ser ajudado e protegido. Também hoje as crianças precisam de ser acolhidas e defendidas, desde o ventre materno.
Infelizmente, neste nosso mundo que desenvolveu as tecnologias mais sofisticadas, ainda há tantas crianças em condições desumanas, que vivem à margem da sociedade, nas periferias das grandes cidades ou nas zonas rurais.
Ainda hoje há tantas crianças exploradas, maltratadas, escravizadas, vítimas de violência e de tráficos ilícitos.
Demasiadas são hoje as crianças exiladas, refugiadas, por vezes afundadas nos mares, especialmente nas águas do Mediterrâneo. E interrogamo-nos: Quem somos nós diante de Jesus Menino? Quem somos nós diante das crianças de hoje?
Encontro com as crianças refugiadas
Por acaso limitamo-nos à retórica e ao pietismo, sendo pessoas que exploram as imagens das crianças pobres para fins de lucro? Somos capazes de permanecer junto delas, de “perder tempo” com elas?
Sabemos ouvi-las, defendê-las, rezar por elas e com elas? Ou negligenciamo-las, preferindo ocupar-nos dos nossos interesses? “Isto vos servirá de sinal: encontrareis um menino…”. Talvez aquela criança chore! Chora porque tem fome, porque tem frio, porque quer colo Basílica da Natividade Também hoje as crianças choram (e choram muito!), e o seu choro interpela-nos. Num mundo que descarta diariamente toneladas de alimentos e remédios, há crianças que choram, sem ser preciso, por fome e doenças facilmente curáveis.
Num tempo que proclama a tutela dos menores, comercializam-se armas que acabam nas mãos de crianças-soldado; comercializam-se produtos confeccionados por pequenos trabalhadores-escravos.
O seu choro é sufocado: têm que combater, têm que trabalhar, não podem chorar! Mas choram por elas as mães, as Raquéis de hoje: choram os seus filhos, e não querem ser consoladas (cf. Mt 2, 18). “Isto vos servirá de sinal”. O Menino Jesus nasceu em Belém, cada criança que nasce e cresce em qualquer parte do mundo é sinal de diagnóstico, que nos permite verificar o estado de saúde da nossa família, da nossa comunidade, da nossa nação. Deste diagnóstico franco e honesto, pode brotar um novo estilo de vida, onde as relações deixem de ser de conflito, de opressão, de consumismo, para serem relações de fraternidade, de perdão e reconciliação, de partilha e de amor.
Ó Maria, Mãe de Jesus,
Vós que acolhestes, ensinai-nos a acolher; Vós que adorastes, ensinai-nos a adorar; Vós que acompanhastes, ensinai-nos a acompanhar. Amém. |
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