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quinta-feira, junho 12, 2014

CULTURA DO ENCONTRO E DO DIÁLOGO EM DEFESA DA LIBERDADE RELIGIOSA

"HÁ UMA DIVERSIDADE DE CRENÇAS, MAS A BUSCA DO TRANSCENDENTE, O DESEJO DE FAZER O BEM POR MEIO DA CRENÇA RELIGIOSA É MUITO IMPORTANTE E DEVE SER RESPEITADO".


UNIDOS PELO AMOR DE DEUS PELA CONFISSÃO DE FÉ COMUM E PELO COMPROMISSO COM A MISSÃO
"Organizações religiosas vão entrar com pedido na Justiça para participarem como amicus curiae no processo que pede a retirada  da internet de vídeos com mensagens de intolerância aos cultos afro-brasileiros. O anúncio foi feito ontem (11) depois de reunião da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (Ccir), na sede da Arquidiocese do Rio de Janeiro. No encontro, a Igreja Católica e a Sociedade Beneficente Muçulmana do Rio de Janeiro anunciaram apoio à causa dos praticantes das religiões de matriz africana". CONIC – Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil

"SOMOS CIDADÃOS DE UM PAÍS LAICO, QUE DEVE RESPEITAR TODAS AS RELIGIÕES” 
afirmou o arcebispo do Rio, Cardeal Orani João Tempesta, durante o encontro inter-religioso que aconteceu na manhã do dia 11 de junho, no Palácio São Joaquim, na Glória.

“O Brasil não é um país confessional ou ateu. Nesse sentido a liberdade religiosa deve ser cada vez mais provisionada pelas leis do país”, reforçou o arcebispo.
Segundo o diretor do Departamento Educacional da Sociedade Beneficente Muçulmana do Rio de Janeiro, Sami Armed Isbelle, a ofensa às religiões tem sido frequente.

“Estamos percebendo o ataque ao que é sagrado.  Recentemente, ocorreu o episódio da destruição de imagens de Santos  na matriz de Nossa Senhora e São José, em Montes Claros e também ofensas às religiões de matriz africana. O islamismo é também constantemente atacado na internet. A partir dessa reunião, pretendemos estruturar uma forma de defesa em conjunto, porque hoje tenta-se desestabilizar a religiosidade, e isso é extremamente perigoso. 
Pessoas utilizam a liberdade de expressão como um escudo para atacar o sagrado, esquecendo que também existe a liberdade religiosa”, alertou Sami.

APOIO AMIGO
A Arquidiocese do Rio, junto com outras denominações religiosas, vai atuar como Amicus Curiae* (Amigo da Corte) na ação movida pelo Ministério Público Federal (MPF), em janeiro deste ano, para pedir que fossem retirados do YouTube, pela Google Brasil, vídeos considerados ofensivos à umbanda e ao candomblé. Ao negar o pedido, um juiz da 17ª Vara Federal do Rio argumentou que “manifestações religiosas afro-brasileiras não se constituem religião”.
“Um encontro como esse, com o apoio da Igreja Católica, é importantíssimo contra a intolerância. 

Queremos fazer um debate sério sobre o desrespeito, a perseguição e o ódio. Já estamos programando a realização de um seminário na Associação dos Magistrados do Tribunal Regional Federal, no Rio, e também pretendemos realizar uma grande mobilização para a nossa caminhada contra a intolerância religiosa, no dia 21 de setembro”, incentivou o babalawo Ivanir dos Santos, da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (Ccir).

CULTURA DO ENCONTRO E 
DO DIÁLOGO 
“Como sempre nos pede o Cardeal Tempesta: diálogo, encontro e respeito. Isso é o que nós queremos com todas as religiões. Desejamos que a Igreja Católica possa ser protagonista dessa ponte que se faz entre as demais religiões. 
Queremos construir fraternidade. Todas as religiões pregam amor, pregam que o homem seja melhor hoje. Então isso tudo nos une. Vamos caminhar juntos”, motivou o diácono Nelson Águia, membro da Comissão Arquidiocesana de Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso.
Hélio Koifman, representante da Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro e da Comunidade Judaica do Rio de Janeiro, reforçou que o país precisa garantir o direito de todos.
“Desde o início nós apoiamos o combate à intolerância religiosa, e não poderíamos estar de fora nesse momento. O estado deve ser laico e todas as religiões devem ser respeitadas. Essa posição em prol da democracia é fundamental, principalmente nesse momento contra a intolerância em relação às religiões de matriz africana”, definiu.

*Amicus Curiae é alguém que mesmo sem ser parte, em razão de sua representatividade, é chamado ou se oferece para intervir em processo relevante com o objetivo de apresentar a um tribunal a sua opinião sobre o debate que está sendo travado nos autos, fazendo com que a discussão seja amplificada e o órgão julgador possa ter mais elementos para decidir de forma legítima.

ARQUIDIOCESE DE SÃO SEBASTIÃO
DO RIO DE JANEIRO
Direção e Jornalismo: Carlos Moioli
Imagens: Gustavo de Oliveira
CONIC – Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil

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