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domingo, janeiro 18, 2015

ENCONTRO DO PAPA COM OS JOVENS EM MANILA - FILIPINAS


Para a última missa do Papa Francisco durante sua viagem apostólica às Filipinas, cerca de seis milhões de pessoas estiveram presentes neste domingo, 18 de janeiro, no Rizal Park, em Manila. 
Inspirado na antiga imagem do “Santo Menino”, trazida para as Filipinas por Fernão de Magalhães em 1521 e colocada no altar, vinda de propósito do seu santuário em Cebu, o Papa confiou ao Menino Jesus a identidade, as famílias e todo o povo, para que “continue a abençoar as Filipinas e a sustentar os cristãos desta grande Nação na sua vocação de ser testemunhas e missionários da alegria, na Ásia e no mundo inteiro”. 

"Um menino nasceu para nós, um filho nos foi dado" (Is 9, 5). Sinto uma alegria particular por celebrar convosco o domingo do "SANTO NIÑO". A imagem do Santo Menino Jesus acompanhou a difusão do Evangelho neste país desde o início. 
Vestido com os trajes reais, coroado e ornado com o cetro, o globo e a cruz, recorda-nos continuamente a ligação entre o Reino de Deus e o mistério da infância espiritual. Disto mesmo nos fala Ele no Evangelho de hoje: "Quem não receber o Reino de Deus como um pequenino, não entrará nele" (Mc 10, 15). 
O "Santo Niño" continua a anunciar-nos que a luz da graça de Deus brilhou sobre um mundo que habitava nas trevas, trazendo a Boa-Nova da nossa libertação da escravidão e guiando-nos pela senda da paz, do direito e da justiça. Além disso, recorda-nos que fomos chamados para espalhar o Reino de Cristo no mundo.
  Ao longo da minha visita, ouvi-vos cantar: "Somos todos filhos de Deus". Isto é o que o "Santo Niño" nos vem dizer. Recorda-nos a nossa identidade mais profunda. Todos nós somos filhos de Deus, membros da família de Deus. 
O Apóstolo diz-nos que fomos abundantemente abençoados porque Deus nos escolheu: "no alto do Céu [Ele] nos abençoou com toda a espécie de bênçãos espirituais em Cristo" (Ef 1, 3). Estas palavras têm uma ressonância especial nas Filipinas, porque é o maior país católico na Ásia. E isto é já um dom especial de Deus, uma bênção especial; mas é também uma vocação: os filipinos estão chamados a ser exímios missionários da fé na Ásia.
Deus escolheu-nos e abençoou-nos com uma finalidade: ser santos e irrepreensíveis na sua presença (cf. Ef 1, 4). Escolheu cada um de nós para ser testemunha, neste mundo, da sua verdade e da sua justiça. Criou o mundo como um jardim esplêndido e pediu-nos para cuidar dele. 

Todavia, com o pecado, o homem desfigurou aquela beleza natural; pelo pecado, o homem destruiu também a unidade e a beleza da nossa família humana, criando estruturas sociais que perpetuam a pobreza, a ignorância e a corrupção.
Às vezes, vendo os problemas, as dificuldades e as injustiças, somos tentados a desistir.
Quase parece que as promessas do Evangelho não são realizáveis, são irreais. Mas a Bíblia diz-nos que a grande ameaça ao plano de Deus a nosso respeito é, e sempre foi, a mentira. O diabo é o pai da mentira. Muitas vezes, ele esconde as suas insídias por detrás da aparência da sofisticação, do fascínio de ser "moderno", de ser "como todos os outros". Distrai-nos com a vista de prazeres efémeros e passatempos superficiais. 
Desta forma, desperdiçamos os dons recebidos de Deus, entretendo-nos com apetrechos fúteis; gastamos o nosso dinheiro em jogos de azar e na bebida; fechamo-nos em nós mesmos. Esquecemos de nos centrar nas coisas que realmente contam. Esquecemo-nos de permanecer interiormente como crianças. Isto é pecado: esquecer-se, no próprio coração, de que somos crianças de Deus.
 Na realidade, estas – como nos ensina o Senhor – têm uma sabedoria própria, que não é a sabedoria do mundo. É por isso que a mensagem do "Santo Niño" é tão importante. Fala profundamente a cada um de nós; recorda-nos a nossa identidade mais profunda, aquilo que somos chamados a ser como família de Deus.
O "Santo Niño" recorda-nos também que esta identidade deve ser protegida. Cristo Menino é o protetor deste grande país. Quando Ele veio ao nosso mundo, a sua própria vida esteve ameaçada por um rei corrupto. O próprio Jesus viu-Se na necessidade de ser protegido. Ele teve um protetor na terra: São José. Teve uma família aqui na terra: a Sagrada Família de Nazaré.
Desta forma, recorda-nos a importância de proteger as nossas famílias e a família mais ampla que é a Igreja, a família de Deus, e o mundo, a nossa família humana. Hoje, infelizmente, a família tem necessidade de ser protegida de ataques insidiosos e programas contrários a tudo o que nós consideramos de mais verdadeiro e sagrado, tudo o que há de mais nobre e belo na nossa cultura.
No Evangelho, Jesus acolhe as crianças, abraça-as e abençoa-as. Também nós temos o dever de proteger, guiar e encorajar os nossos jovens, ajudando-os a construir uma sociedade digna do seu grande patrimônio espiritual e cultural. Especificamente, temos necessidade de ver cada criança como um dom que deve ser acolhido, amado e protegido. E devemos cuidar dos jovens, não permitindo que lhes seja roubada a esperança e sejam condenados a viver pela estrada.
Uma criança frágil trouxe ao mundo a bondade de Deus, a misericórdia e a justiça. Resistiu à desonestidade e à corrupção, que são a herança do pecado, e triunfou sobre elas com o poder da cruz. 
Agora, no final da minha visita às Filipinas, entrego-vos a Jesus que veio estar entre nós como criança. Que Ele torne todo o amado povo deste país capaz de trabalhar unido, de se proteger mutuamente a começar pelas vossas famílias e comunidades, na construção de um mundo de justiça, integridade e paz. 
O "Santo Niño" continue a abençoar as Filipinas e a sustentar os cristãos desta grande nação na sua vocação de ser testemunhas e missionários da alegria do Evangelho, na Ásia e no mundo inteiro.
Por favor, não vos esqueçais de rezar por mim. Deus vos abençoe!
No final, muitos filipinos levantaram réplicas do Menino Jesus para receberem a bênção e outros associaram-se com uma vela na mão. “Partam daqui como filhos da luz, essa é a vossa missão”, conclui o Papa.

Francisco em um papamóvel adaptado de uma camioneta típica de Manila, percorreu lentamente a vasta extensão do recinto, apinhada de gente, de pé e acenando, como num último abraço, antes do regresso do Papa a Roma, segunda-feira de manhã.