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quarta-feira, janeiro 14, 2015

PAPA FRANCISCO CANONIZA NOVO SANTO NO SRI LANKA

O papa Francisco declarou hoje santo o padre José Vaz, missionário nascido em Goa que em 1687 se ofereceu para colaborar na evangelização da ilha que os portugueses tentavam concretizar na antiga Ceilão, no contexto de perseguições contra o catolicismo movidas pelos holandeses.
Na missa a que presidiu em Colombo, capital do Sri Lanka, perante 500 mil pessoas, segundo a Rádio Vaticano, o papa evocou o religioso que entrou clandestinamente na ilha disfarçado de operário, salientando que "com as suas palavras e, o mais importante, com o exemplo da sua vida", conduziu o povo à fé.
Três séculos depois, os católicos veem no religioso pertencente à congregação dos Padres do Oratório "um estímulo para perseverar no caminho do Evangelho", um apelo ao crescimento pessoal na "santidade" e um incentivo a testemunhar "a mensagem evangélica de reconciliação à qual dedicou a sua vida".

"LIBERDADE RELIGIOSA É UM DIREITO HUMANO FUNDAMENTAL" Papa Francisco
"Por causa da perseguição religiosa em ato, vestia-se como um mendigo, cumpria os seus deveres sacerdotais encontrando secretamente os fiéis, muitas vezes durante a noite. Os seus esforços deram energia espiritual e moral à população católica assediada. Sentia uma ânsia particular de servir os doentes e atribulados", declarou o papa.
São José Vaz, prosseguiu Francisco na homilia, "deixou-se consumir pelo trabalho missionário e morreu, exausto, aos cinquenta e nove anos de idade, venerado pela sua santidade".
"Encorajo cada um de vós a olhar para São José como para um guia seguro. Ensina-nos a sair para as periferias, a fim de tornar Jesus Cristo conhecido e amado por toda a parte", apontou o papa.

Papa pede que "não se abuse das crenças para a causa da violência"
À imagem do que acontece hoje em muitas regiões do globo, o religioso goês "viveu num período de transformações rápidas e profundas", ao mesmo tempo que "os católicos eram uma minoria e, com frequência, dividida no seu seio", havendo episódios de "hostilidade" e "perseguição".
A par da sua determinação evangelizadora, apoiada pela união a Deus "crucificado na oração", São José mostrou "a importância de transcender as divisões religiosas no serviço da paz", outro fator que o torna atual.
"Gastou o seu ministério em favor dos necessitados, sem olhar quem fosse e onde estivesse", exemplo que é hoje seguido pela Igreja no Sri Lanka, que "não faz distinção de raça, credo, tribo, condição social ou religião, no serviço que proporciona através das suas escolas, hospitais, clínicas e muitas outras obras de caridade".

ORAÇÃO MARIANA NO SANTUÁRIO DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO EM MADHU
O Papa deixou, esta quarta-feira, um forte apelo à paz e à reconciliação, no santuário de Nossa Senhora do Rosário, em Madhu, no Sri Lanka, país a recuperar de uma longa guerra civil. No santuário fundado por missionários portugueses, Francisco disse que a dor não se esquece, mas a reconciliação é possível. 
“Hoje, estão aqui famílias que sofreram imenso no longo conflito que dilacerou o coração do Sri Lanka. Muitas pessoas, tanto do norte como do sul, foram mortas na violência terrível e sangrenta destes anos.
Nenhum cidadão do Sri Lanka consegue esquecer os trágicos acontecimentos relacionados com este mesmo lugar, nem o dia triste em que a venerável imagem de Maria, remontando à chegada dos primeiros cristãos ao Sri Lanka, foi levada do seu santuário”, declarou o Papa.
Perante cerca de meio milhão de fiéis, Francisco sublinhou que Nossa Senhora nunca abandonou o povo cingalês. “Ela é mãe de cada casa, de cada família ferida, de todos aqueles que procuram voltar a uma existência pacífica. 
Hoje agradecemos-Lhe por ter protegido de tantos perigos, passados e presentes, o povo do Sri Lanka", sublinhou.
A guerra civil entre as forças governamentais e os rebeldes dos Tigres Tamil durou cerca de 26 anos e terminou em 2009.
Na cerimónia realizada em Madhu, no norte do país, Francisco deu o exemplo de perdão de Maria, quer desculpou os assassinos do seu Filho.
“Neste árduo esforço de perdoar e encontrar a paz, Maria sempre está aqui a encorajar-nos, guiar-nos, levar-nos a dar mais um passo. Precisamente como Ela perdoou aos assassinos do seu Filho junto da Cruz, quando segurava nas mãos o corpo d’Ele sem vida, assim agora Ela quer guiar os cingaleses para uma maior reconciliação, de tal modo que o bálsamo do perdão de Deus possa produzir verdadeira cura para todos”, afirmou Francisco.

O Papa pediu a Maria que acompanhe com as suas orações os esforços das várias comunidades do Sri Lanka para “reconstruir a unidade perdida”.

O Santo Padre na quinta-feira (15) viajará às Filipinas, com 85% de católicos, onde foram decretados cinco feriados por sua visita em Manila e são esperadas imensas multidões.


RADIO VATICANO/CATHOLIC NEWS SERVICE/AGENCIA ECCLESIA

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