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sábado, maio 23, 2015

BEM-AVENTURADOS PADRE MANUEL GOMEZ GONZALEZ E COROINHA ADÍLIO DARONCH

 A IGREJA RECONHECE A VITÓRIA DO PADRE MANUEL E DO COROINHA ADÍLIO, PRESTANDO-LHES A HOMENAGEM DA GLÓRIA E RECONHECENDO A SUA PODEROSA INTERCESSÃO

No dia 21 de Maio a Igreja celebra o dia dos bem-aventurados Manuel Gonzáles e Adílio Daronch. Padre Manuel Gomes Gonzalez nasceu em 29 de Maio de 1877, em São José de Riberteme, Província de Fontevedra - Espanha. Foi ordenado sacerdote em 24 de Maio de 1902 em Tui. Em 1913, com grande espírito missionário e abertura de coração veio ao Brasil. Foi nomeado pároco da Igreja Nossa Senhora da Luz, em Nonoai, no Rio Grande do Sul. A 23 de Janeiro de 1914, recebia a paróquia de Nossa Senhora da Soledade. Em 7 de Dezembro de 1915, o bispo de Santa Maria - RS, Dom Miguel de Lima Valverde, nomeou Padre Manuel primeiro pároco da igreja Nossa Senhora da Luz, em Nonoai. Iniciando assim seu trabalho pastoral: organizou o Apostolado da Oração, a Catequese paroquial, o combate ao analfabetismo.
 Lutando com muitas dificuldades econômicas, reformou a igreja matriz. Na páscoa de 1924, Padre Manuel recebeu carta do Bispo de Santa Maria, pedindo que fosse ao Regimento do Alto Uruguai, fazer a páscoa dos Militares e depois fosse até a colônia Três Passos, para atender aos colonos de origem alemã, que estavam esperando missa, batizados e a bênção do cemitério. Padre Manuel convidou o seu coroinha Adílio Daronch que o acompanhasse num longo itinerário pastoral, a serviço da Paróquia de Palmeira das Missões. Adílio Daronch nasceu em Dona Francisca (RS), em 1908, filho de Pedro Daronch e Judite Segabinazzi, migrantes italianos vindo da Itália em 1883, com a família.
 Adílio era o terceiro filho do casal. Em 1912 a família foi morar em Passo Fundo, onde o pai aprendeu o ofício de fotógrafo. Alguns meses depois a família retorna para Nonoai onde exerce o ofício de fotógrafo e tinha uma pequena farmácia de homeopatia. A família de Pedro era muito religiosa. Eram grandes colaboradores do Padre Manuel. Adílio era coroinha e auxiliar nos serviços do altar e da paróquia. Nesta época o Rio Grande do Sul vivia momentos conturbados. O estado acabava de passar pela revolução entre chimangos e maragatos (Revolução de 1923), em que houve muita violência e derramamento de sangue. Padre Manuel e o coroinha Adílio Daronch dirigiram-se a cavalo, para o Alto Uruguai até a Colônia Militar, no Alto Uruguai, onde a 20 de Maio, Adílio ainda ajudou na Páscoa de militares. A caminho de Três Passos, ao chegar em "Feijão Miúdo" o coroinha Adílio e o padre Manuel foram surpreendidos por anticlericais e inimigos da religião. 
Foram levados para o mato, amarrados em árvores e fuzilados. Era o dia 21 de Maio de 1924. Os próprios colonos que encontraram os corpos amarrados em uma árvore os enterraram. Em cima da cruz da sepultura, escreveram: «mártires da fé, verdadeiros santos da Igreja, assassinados a 21 de Maio de 1924». Quarenta anos depois, em 1964, os restos mortais foram desenterrados e os ossos foram levados para Nonoai, numa caravana, pela Diocese. Em 1997, a Diocese encaminhou o processo de beatificação. 
Foram escritos vários livros sobre estes mártires. Em 2002, na Visita Ad Limina, ao receber um abaixo-assinado dos bispos do Rio Grande do Sul, o Cardeal português, José Saraiva Martins, responsável pelas beatificações, nos disse:
"Vocês precisam divulgar mais esta causa dos mártires. A Igreja não pode beatificar uns mártires que apenas são conhecidos no Alto Uruguai. Alto Uruguai, parece ser de outro país, é preciso que esta causa venha a interessar a todo o Rio Grande e todo o Brasil, além disso, Espanha (onde padre Manuel nasceu e foi ordenado padre) e Portugal (onde trabalhou por mais de 10 anos na Arquidiocese de Braga) precisam conhecer esta causa". Começou-se então um grande trabalho de divulgação. Falou-se diversas vezes a todos os Bispos do Brasil, em Itaici. Foram escritas cartas e e-mails aos bispos de Vigo (na Espanha) e Braga (em Portugal). Dia 21 de Outubro de 2007, foram beatificados, em Frederico Westphalen, os chamados mártires de Nonoai: o padre Manuel e o coroinha Adílio. 
A cerimônia foi presidida pelo cardeal José Saraiva Martins, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos que veio diretamente de Roma. Cerca de 40 mil fiéis estavam presentes à cerimônia. 

Em sua homilia, o cardeal Martins destacou: "santo é aquele que está de tal modo fascinado pela beleza de Deus e pela sua perfeita verdade que é por elas progressivamente transformado". Foi o que fizeram os dois novos bem-aventurados disse o cardeal. "Pela beleza e verdade de Cristo e do seu Evangelho, os dois novos bem-aventurados renunciaram a tudo, também a si próprios, também à sua própria vida, que é o maior tesouro que Deus nos deu". Hoje, a Igreja reconhece a vitória do padre Manuel e do coroinha Adílio, prestando-lhes a homenagem da glória e reconhecendo a sua poderosa intercessão. Hoje, pedimos a Deus que se digne realizar muitos milagres, que o Senhor em sua Bondade e Misericórdia, atenda aos pedidos de seu povo, concedendo-nos muitas graças pela intercessão destes dois bem-aventurados, padre Manuel e o jovem acólito Adílio. Mediante a intercessão destes mártires que viveram em terras brasileiras, e obtendo as graças que tanto necessitamos de Deus, o Senhor possa elevá-los à glória e honra dos altares!
"A devoção Mariana sempre ocupou espaço na vida do Beato, quando pároco continuou sua devoção a Nossa Senhora e inculcá-la aos fiéis. Ademais, na arquidiocese de Braga, onde ia com seus paroquianos para o Santuário do Sameiro, dedicado à Imaculada Conceição de Maria. Beato Manuel nunca esqueceu a devoção a Nossa Senhora. Procurou incentivá-la entre os fiéis. Sendo padroeira da paróquia de Nonoai Nossa Senhora da Luz, impeliu e promoveu ainda mais a devoção mariana.
Nossa Senhora teve uma especial predileção pelo Beato Manuel, pois no mês de maio, o mês de Maria, lhe marcou a vida.
Em maio ele nasceu, em maio foi ordenado sacerdote, em maio foi coroado com a palma do martírio. Após a sua morte foi encontrado, no bolso da sotaina, o rosário, que ele rezava durante suas viagens pastorais".
(Mons. Arlindo Rubert, 2005)

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