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segunda-feira, novembro 02, 2015

SOLENIDADE DE TODOS OS SANTOS


Vamos considerar os textos Bíblicos desta Liturgia para responder a uma pergunta de fundo: quem são os santos e santas? A começar pelo livro do Apocalipse (1ª leitura), santos e santas são os servos e servas do Senhor; aqueles que se colocaram a serviço do Senhor em suas vidas terrenas. Os servos e servas do Senhor (santos e santas) são descritos, no Apocalipse, em duas etapas. Na primeira refere-se ao Povo da Aliança, os conhecidos 144 mil assinalados, resultado de 12 X 12 X 1000 que, na simbologia Bíblica, significa a totalidade do Povo de Deus. Na segunda etapa aparece uma “multidão imensa de gente de todas as nações, tribos, línguas, e que ninguém podia contar” (1ª leitura). Não é um grupo diferente do primeiro, mas formam o grupo daqueles que pertencem ao Senhor, seus servos e servas, vindos de todas as partes da terra. Estes são simbolizados pela veste branca — sinal que podem participar da Liturgia celeste que contempla a glória divina — e pelas palmas nas mãos — sinal que venceram na terra a idolatria, permanecendo fiéis a Deus e ao projeto do Reino. Servos e servas do Senhor (seus santos e santas)  são aqueles que têm as mãos limpas porque dedicadas ao serviço, e têm os corações puros, porque modelaram seus corações no coração da santidade divina (salmo responsorial).





Na 2ª leitura, a santidade divina é proposta em quatro etapas: a proposta divina de Deus ser nosso Pai e a aceitação de nos tornar filhos e filhas de Deus. O santo e a santa são filhos e filhas de Deus. Nem sempre isto é visível aos olhos do mundo, porque o mundo não reconhece Deus como Pai. A santidade da vida se revela na filiação, que nos torna “semelhantes a ele” e oferece-nos a possibilidade de contemplá-lo como ele é. Dois aspectos da santidade se fazem presentes nesta proposta. Aquele da esperança que nos incentiva a vivermos a filiação para que nos tornemos santos e santas, e aquele que descreve a purificação de quem vive em Deus, pois viver na pureza divina é a condição para participar da santidade. A santidade, portanto, acontece quando se vive em Deus, como seu filho e sua filha.




Por fim, um terceiro modo de viver a santidade, este pelo seguimento no discipulado, cuja bem-aventuranças formam uma grande proposta de vida (Evangelho). Nas Bem-aventuranças, a palavra “justiça” tem um efeito que merece ser considerado por ter um papel importante na constituição do Sermão da Montanha. O discípulo e discípula de Jesus encontram sua alegria plena dedicando-se a plantar e semear a justiça divina no meio do mundo. Foi pela justiça divina que Jesus veio ao mundo e pela justiça divina que Jesus viveu de modo obediente e totalmente devotado ao projeto do Pai. Santo e santa, portanto, é aquele que assume em sua vida o projeto divino fazendo a vontade do Pai em todos os momentos de sua vida. Sim, porque no Evangelho de Mateus, a justiça é a busca e a realização da vontade do Pai. O caminho da santidade é compreendido, neste sentido, com a exortação de Jesus: “buscar o Reino de Deus e a sua justiça” (Mt 6,33). Este é o modo de entrar no caminho da santidade, vivendo como Jesus e com Jesus em total confiança à vontade divina.