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segunda-feira, janeiro 04, 2016

EPIFANIA DO SENHOR 2016


As notícias que nos chegam da Epifania, palavra que significa “manifestação”, são desencontradas. Sempre que me deparo com este texto tenho esta impressão de notícias desencontradas. Eu me pergunto, por exemplo, por que pessoas que viviam tão distantes foram capazes de ver uma estrela diferente em Jerusalém, que os habitantes de Jerusalém sequer tinham notado? Claro que uma pergunta deste teor tem gerado tantas reflexões, a maior parte delas espiritualizadas em textos, homilias e outras formas de reflexão. 




Outra situação que me deixa intrigado é imaginar uma pequena caravana de três Magos, com seus servos, como era comum naquele tempo, chegar na cidade e encontrar a cidade apagada. Se uma estrela diferente aparece no céu e se os textos sagrados diziam que esta estrela era indicativo de um Rei Salvador do povo, por que a cidade não estava em festa? Neste sentido, a chegada dos Reis Magos pode ser considerada como um despertador para a cidade. Julgavam que alguém tão importante estivesse no palácio real, mas nem mesmo Herodes sabia que um Rei tinha nascido em seu território. E então aparecem três diferentes reações: os sábios se colocam a estudar, Herodes se espanta e fica perturbado e, Herodes manda matar os inocentes. 




Tudo muda na sociedade de Jerusalém, não com a luz da Epifania, mas com a chegada dos Reis Magos, que poderíamos chamar de Reis Evangelizadores. Eles trazem uma boa nova e a sociedade reage com pesquisas, medo e agressividade contra os inocentes. O anúncio evangelizador, hoje, repete a mesma dinâmica: reflexão, espanto e agressividade contra os valores da luz que vem do Evangelho. 

Interessante perceber que a profecia estava diante dos olhos do povo, em suas Liturgias, em suas pregações, mas eles não foram capazes de ver a chegada do Messias. Foi preciso que gente estranha à fé que professavam viessem acordar o povo. Aqueles que viviam com o Livro Sagrado debaixo dos olhos não foram capazes de ver a vida divina brilhando na periferia. Na periferia, foram os pastores que viram a luz diferente trazida pelo Menino Deus.



Refletindo sobre tudo isso, não posso deixar de concordar que o convite de Papa Francisco, para que a Igreja volte seu olhar para as periferias do mundo, seja uma das maiores profecias eclesiais para os nossos tempos. “É da periferia que vem a Salvação”, repete o Papa, não de grandes e intermináveis pesquisas e documentos que se escrevem para poucos lerem (se é que haja quem as leia). É preciso ter os olhos abertos para a luz divina que continua sendo acesa e brilhando na periferia, entre os pobres, os simples e os humildes da terra e de nossas sociedades.

Proclamação das Solenidades móveis em 2016