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terça-feira, janeiro 26, 2016

III DOMINGO DO TEMPO COMUM


A Liturgia da Palavra desta celebração fala dela mesma, quer dizer, destaca o valor da Palavra de Deus na vida pessoal e na vida da comunidade.  Para se viver bem e para se colher frutos do Ano Santo da Misericórdia, a Palavra é aquela que ilumina o caminho e indica como viver. Indica um “modus vivendi”. Podemos dizer que o cristão é incapaz de se tornar discípulo e discípula de Jesus se não cultivar a Palavra em sua vida, especialmente o cultivo do Evangelho.






Depois do Concílio Vaticano II, a Igreja passou a semear mais prodigamente a Palavra e a incentivar cada cristão a ter contato direto com a Palavra, coisa que até tempos antes não era bem assim que acontecia. Hoje, graças a Deus, a Palavra é ouvida, meditada e estudada, seja individualmente seja em grupos eclesiais, encontros e momentos de estudos. Muitas são as iniciativas neste sentido a ponto de, penso eu, se faz necessários ter cuidado para evitar um grande perigo: falar demais sobre a Palavra e impedir a Palavra de falar para a vida pessoal e para a vida da comunidade.Além disso, tenho observado que em muitos encontros que destacam a Bíblia, especialmente aqueles celebrativos, o caráter excessivamente emocional da Palavra, com sorteios de páginas para saber o que Deus tem a dizer para a vida, sem considerar que a vida é a grande página onde Deus fala a quem vive iluminado pela Palavra, não deixa de trazer preocupações. Alguns pregadores não acendem luzes na vida das pessoas por estarem demais preocupados em demonstrar conhecimentos e emocionar. São riscos a serem considerados.




Charles de Foucauld quando entrou no silêncio do deserto algeriano dizia que existem dois modos para falar de Deus: ou falar doce e suavemente, de modo que fiquem impressos no coração do homem e da mulher ou, falar de tal modo que desperte admiração e entusiasmo; mas nada suscita tanta fascinação pela Palavra de Deus que a experiência da paz interior que ela promove no coração de quem a acolhe. De fato, quem dedica um tempo à Palavra de Deus, seja individualmente ou comunitariamente, começa a agir de modo diferente, tem um estilo de conviver com os outros de modo diferente. Não busca concorrência, mas favorece em tudo a partilha na fraternidade, como diz o Sl 18, que canta a Liturgia da Palavra deste Domingo.