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segunda-feira, abril 11, 2016

III DOMINGO DA PÁSCOA



A pescaria dos Apóstolos, antes do encontro com Jesus ressuscitado, sugere uma reflexão sobre as tentativas de voltar a antigas práticas, que deram certo uma vez. É o que acontece quando o desânimo toma conta de nossas vidas, motivado por experiências mal sucedidas em nossos projetos. Trata-se de uma defesa psicológica, de querer voltar a se servir de antigas estruturas e estratégias para resolver algum problema, enfrentar alguma dificuldade ou um desafio no presente. A experiência conta, mas voltar a métodos passados para enfrentar desafios no presente pode resultar em noites inteiras sem pescar um peixe sequer. Para cada momento histórico, especialmente dentro da comunidade, é necessário ter modos de pescar diferentes, com fantasia e criatividade.




Pedro e seus amigos estavam passando por um momento difícil, que os deixava extremamente decepcionados. A solução de Pedro foi voltar ao antigo modo de viver, com o mesmo jeito de pescar de antigamente. Abandonava assim o convite de Jesus para ser “pescador de homens” e, de alguma forma negava o amor que jurara a Jesus, quando Jesus anunciava sua Paixão (Mt 16,13-16). É o “jeito Pedro” de resolver os problemas: entrar numa canoa, remar mar adentro, passar a noite longe de tudo e de todos. Uma solução sem sucesso.




O encontro com Jesus ressuscitado, naquela manhã, foi mais um recado para quem quer ficar parado na praia do passado, buscando métodos antigos para resolver os desafios do presente. Para tempos novos é preciso novos modos de encarar a realidade, pescar de modo diferente, jogando a rede no outro lado ou, como diz Jesus em outra parte do Evangelho, pescando em águas mais profundas: “duc in altuum” (Lc 5,4). É a coragem de não ficar na margem, onde o terreno é seguro, mas se expor às águas profundas sem medo de encarar a realidade tal qual ela se manifesta. A coragem de se iluminar com a Palavra do Evangelho e buscar novos modos, mais criativos daqueles que valeram num tempo, para s obter resultados mais promissores, no momento presente.

Depois da Ressurreição, não se pode mais orientar a vida com focos no passado, mas ter sim a ousadia de crer na Palavra de Jesus, crer no Evangelho como proposta de vida eficaz, seja para a vida pessoal como para a vida da comunidade.





Tu me amas?

Esta pergunta que o Ressuscitado dirige a Pedro lembra a todos nós que nos dizemos crentes que a vitalidade da fé não um assunto de compreensão intelectual, mas de amor a Jesus Cristo.

É o amor que permite a Pedro entrar numa relação viva com Cristo ressuscitado e que também pode introduzir-nos na mistério cristão. Quem não ama, dificilmente pede “entender' algo sobre a fé cristã.

Não devemos esquecer que o amor brota em nós quando começamos a abrir-nos a outra pessoa , numa atitude de confiança e entrega que vai sempre além das razões , provas e demonstrações . De alguma maneira, amar é sempre “aventurar-se” no outro .

É o que acontece também na fé cristã. Eu tenho razões que me convidam a crer em Jesus Cristo. Mas, se o amo, não é em última análise pelos dados que me proporcionam os investigadores , nem pelas explicações que me oferecem os teólogos, mas porque Ele desperta em mim uma confiança radical em sua pessoa.

Mas não é só isto. Quanto amamos realmente uma pessoa concreta , pensamos nela, queremos encontrá-la , escutá-la e sentir-nos perto dela . De alguma maneira , toda nossa vida fica inspirada e transformada por ela por sua vida e seu mistério.

A fé cristã é uma “experiência de amor”. Por isso , crer em Jesus Cristo é muito mais do que aceitar verdades' sobre Ele. Cremos realmente quando experimentamos que Ele vai se convertendo no centro de nosso pensar , nosso querer e todo nosso viver.

Este amor a Jesus não reprime nem destrói nosso amor às pessoas . Ao contrário , é justamente esse amor que pode dar-lhe sua verdadeira profundidade, libertando-o da mediocridade e da mentira.