Bernardo de Claraval (em francês: Bernard de Clairvaux),
O.Cist, foi um abade francês e o principal responsável por reformar a Ordem de
Cister, na qual entrou logo depois da morte de sua mãe. Foi o fundador da
Abadia de Claraval(Clairvaux), na Diocese de Langres.
Em 1128, Bernardo participou do Concílio de Troyes, que delineou a regra monástica que guiaria os Cavaleiros Templários e que
rapidamente tornou-se o ideal de nobreza utilizado no mundo cristão. Depois da
morte do papa Honório II em 1130, Bernardo foi instrumental para reconciliar a
Igreja durante o chamado "cisma papal de 1130", que só terminaria
definitivamente com a morte do antipapa Anacleto II em 1138.
No ano seguinte, Bernardo ajudou a organizar o Segundo
Concílio de Latrão. Em 1141, Inocêncio convocou o Concílio de Sens para tratar
da denúncia de Bernardo contra Pedro Abelardo. Com bastante experiência em
curar cismas na Igreja, Bernardo foi em seguida recrutado para ajudar no
combate às heresiasque grassavam no sul da França.
No Oriente Médio, depois da derrota cristã no cerco de
Edessa, o papa encarregou Bernardo de pregar a Segunda Cruzada, cujo fracasso
seria depois considerado parcialmente culpa sua.
Bernardo morreu aos 63 anos depois de passar quarenta
enclausurado. Foi o primeiro cisterciense no calendário de santos, tendo sido
canonizado por Alexandre III em 18 de janeiro de 1174. Em 1830, Pio VIII
proclamou-o Doutor da Igreja.
Entre suas obras estão a regra monástica da Ordem dos Templários, o "Tratado do Amor de Deus" e o "Comentário ao
Cântico dos Cânticos". É também o compositor ou redatordo hino "Ave
Maris Stella" e da invocação " Ó clemente, ó piedosa, ó doce Virgem
Maria" da oração "Salve Rainha"[1].
Amo porque amo, amo para amar
O amor basta-se a si mesmo, em si e por sua causa encontra
satisfação. É seu mérito, seu próprio prêmio. Além de si mesmo, o amor não
exige motivo nem fruto. Seu fruto é o próprio ato de amar. Amo porque amo, amo
para amar. Grande coisa é o amor, contanto que vá a seu princípio, volte à sua
origem, mergulhe em sua fonte, sempre beba donde corre sem cessar. De todos os
movimentos da alma, sentidos e afeições, o amor é o único com que pode a
criatura, embora não condignamente, responder ao Criador e, por sua vez,
dar-lhe outro tanto. Pois quando Deus ama não quer outra coisa senão ser amado,
já que ama para ser amado; porque bem sabe que serão felizes pelo amor aqueles
que o amarem.
O amor do Esposo, ou melhor, o Esposo-Amor somente procura a
resposta do amor e a fidelidade. Seja permitido à amada corresponder ao amor!
Por que a esposa e esposa do Amor não deveria amar? Por que não seria amado o
Amor?
É justo que, renunciando a todos os outros sentimentos, única
e totalmente se entregue ao amor, aquela que há de corresponder a ele, pagando
amor com amor. Pois mesmo que se esgote toda no amor, que é isto diante da
perene corrente do amor do outro? Certamente não corre com igual abundância o
caudal do amante e do Amor, da alma e do Verbo, da esposa e do Esposo, do
Criador e da criatura; há entre eles a mesma diferença que entre o sedento e a
fonte.
E então? Desaparecerá por isto e se esvaziará de todo a
promessa da desposada, o desejo que suspira, o ardor da que a ama, a confiança
da que ousa, já que não pode de igual para igual correr com o gigante,
rivalizar a doçura com o mel, a brandura com o cordeiro, a alvura com o lírio,
a claridade com o sol, a caridade com aquele que é a caridade?Não. Mesmo amando
menos, por ser menor, se a criatura amar com tudo o que é, haverá de dar tudo.
Por esta razão, amar assim é unir-se em matrimônio, porque não pode amar deste
modo e ser menos amada, de sorte que no consenso dos dois haja íntegro e
perfeito casamento. A não ser que alguém duvide ser amado primeiro e muito mais
pelo Verbo.
São Bernardo