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segunda-feira, agosto 22, 2016

Solenidade Assunção de Maria




1 – Dificuldade de aceitação da Assunção
A solenidade da Assunção de Nossa Senhora nem sempre é muito compreendida pelos cristãos de outras Igrejas. Põe maiores dificuldades quem tem como única base da fé e da verdade o fundamentalismo Bíblico ou, aqueles que não desenvolveram um estudo teológico e histórico mais aprofundado, perguntando a razão e o motivo teológico e doutrinal do dogma da Assunção de Nossa Senhora. Na verdade, em nenhuma parte da Bíblia está escrito diretamente que Nossa Senhora foi elevada ao céu de corpo e alma, como celebramos no dia de hoje. Até mesmo nem conhecemos o dia da morte de Nossa Senhora. A solenidade da Assunção, contudo, tem uma tradição muito antiga, tanto na nossa Igreja católica como na Igreja ortodoxa, mas com dificuldade de ser aceita por cristãos de outras Igrejas. Os orientais, por exemplo, desde os primeiros séculos, festejam a Assunção de Nossa Senhora com o título de “Dormição de Maria Santíssima”. Um título que indica não a morte de Maria, mas a passagem dela desta para outra vida. Isso deve ter alguma razão de ser. 

2 – Princípio teológico da “Dormição de Nossa Senhora”
É interessante prestar atenção a este termo da “Dormição de Nossa Senhora”. Os primeiros cristãos, que viveram próximos do tempo histórico de Jesus, e que tiveram contato mais próximo com os apóstolos, não falam de morte de Nossa Senhora, mas que ela “dormiu” para ser levada ao céu. Isto se fundamenta num dado teológico. Se Deus usou o corpo de Maria como sacrário vivo para se encarnar e nascer em nosso meio, não se pode admitir que o mesmo corpo que foi morada de Deus tivesse apodrecido na terra como consequência da morte. Esta é a Teologia que iremos proclamar daqui a pouco, no Prefácio desta Missa. O mesmo Deus que nos deu inteligência para ler as Sagradas Escrituras, também nos dá inteligência para deduzir que Maria não teve o mesmo destino que todos teremos. Além do mais, a Doutrina e a Teologia cristã sempre contemplaram Nossa Senhora como uma criatura humana privilegiada por ser imaculada, quer dizer, não contaminada pela mancha do pecado. E, além do grande privilégio de ser a Mãe do Salvador, a Mãe de Deus, Maria teve também o privilégio de ser elevada ao céu de corpo e alma. 

3 – Assunção e Igreja na casa do Pai

Não conhecemos o dia da morte de Nossa Senhora, como já mencionei no início da homilia. Nem mesmo se tem notícia onde Maria teria sido sepultada. Tudo isso ajuda a reforçar a Teologia que Maria não permaneceu aqui entre nós, mas foi elevada ao céu de corpo e alma. Jesus quis que sua Mãe estivesse junto dele para sempre na morada eterna. Mas, existe ainda um outro dado importante na solenidade do dia de hoje: a vitória da Igreja que, graças à Assunção de Maria, já vive na casa do Pai. Também este é um tema que ouviremos no Prefácio de hoje. Quando a Igreja olha para Maria, assunta e vivendo para sempre na casa do Pai, sabe que Maria é a Igreja que já recebeu o prêmio da vida eterna e da Ressurreição de Jesus. Isso nos ajuda a entender que todos nós, um dia, participaremos da mesma sorte de Maria. Não seremos elevados ao céu de corpo e alma, mas temos a certeza de nossa fé que a mesma vida que Maria recebeu de seu Filho Jesus, receberemos nós de nosso irmão Jesus Cristo.