1 – Dificuldade de
aceitação da Assunção
A
solenidade da Assunção de Nossa Senhora nem sempre é muito compreendida pelos
cristãos de outras Igrejas. Põe maiores dificuldades quem tem como única base
da fé e da verdade o fundamentalismo Bíblico ou, aqueles que não desenvolveram
um estudo teológico e histórico mais aprofundado, perguntando a razão e o
motivo teológico e doutrinal do dogma da Assunção de Nossa Senhora. Na verdade,
em nenhuma parte da Bíblia está escrito diretamente que Nossa Senhora foi
elevada ao céu de corpo e alma, como celebramos no dia de hoje. Até mesmo nem
conhecemos o dia da morte de Nossa Senhora. A solenidade da Assunção, contudo,
tem uma tradição muito antiga, tanto na nossa Igreja católica como na Igreja
ortodoxa, mas com dificuldade de ser aceita por cristãos de outras Igrejas. Os
orientais, por exemplo, desde os primeiros séculos, festejam a Assunção de
Nossa Senhora com o título de “Dormição de Maria Santíssima”. Um título que
indica não a morte de Maria, mas a passagem dela desta para outra vida. Isso
deve ter alguma razão de ser.
2 – Princípio teológico
da “Dormição de Nossa Senhora”
É
interessante prestar atenção a este termo da “Dormição de Nossa Senhora”. Os
primeiros cristãos, que viveram próximos do tempo histórico de Jesus, e que
tiveram contato mais próximo com os apóstolos, não falam de morte de Nossa
Senhora, mas que ela “dormiu” para ser levada ao céu. Isto se fundamenta num
dado teológico. Se Deus usou o corpo de Maria como sacrário vivo para se
encarnar e nascer em nosso meio, não se pode admitir que o mesmo corpo que foi
morada de Deus tivesse apodrecido na terra como consequência da morte. Esta é a
Teologia que iremos proclamar daqui a pouco, no Prefácio desta Missa. O mesmo
Deus que nos deu inteligência para ler as Sagradas Escrituras, também nos dá
inteligência para deduzir que Maria não teve o mesmo destino que todos teremos.
Além do mais, a Doutrina e a Teologia cristã sempre contemplaram Nossa Senhora
como uma criatura humana privilegiada por ser imaculada, quer dizer, não
contaminada pela mancha do pecado. E, além do grande privilégio de ser a Mãe do
Salvador, a Mãe de Deus, Maria teve também o privilégio de ser elevada ao céu
de corpo e alma.
3 – Assunção e Igreja na
casa do Pai
Não
conhecemos o dia da morte de Nossa Senhora, como já mencionei no início da
homilia. Nem mesmo se tem notícia onde Maria teria sido sepultada. Tudo isso
ajuda a reforçar a Teologia que Maria não permaneceu aqui entre nós, mas
foi elevada ao céu de corpo e alma. Jesus quis que sua Mãe estivesse junto dele
para sempre na morada eterna. Mas, existe ainda um outro dado importante na
solenidade do dia de hoje: a vitória da Igreja que, graças à Assunção de Maria,
já vive na casa do Pai. Também este é um tema que ouviremos no Prefácio de
hoje. Quando a Igreja olha para Maria, assunta e vivendo para sempre na casa do
Pai, sabe que Maria é a Igreja que já recebeu o prêmio da vida eterna e da
Ressurreição de Jesus. Isso nos ajuda a entender que todos nós, um dia,
participaremos da mesma sorte de Maria. Não seremos elevados ao céu de corpo e
alma, mas temos a certeza de nossa fé que a mesma vida que Maria recebeu de seu
Filho Jesus, receberemos nós de nosso irmão Jesus Cristo.