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terça-feira, agosto 02, 2016

XVIII DOMINGO DO TEMPO COMUM






 1-Contexto social e bens de consumo 

Não é preciso muito esforço para compreender que estamos num tempo que valoriza demais o lado material da vida. As palavras que mais ouvimos falar, na televisão e, principalmente, em palestras motivacionais, é competitividade, talento empresarial, ser bom administrador para lucrar. Todos estes termos pertencem a pessoas que venceram na vida e ficaram ricos. O modelo de vida, apresentado nos grandes meios de comunicação, é composto por empresários e pessoas bem sucedidas na área de negócios. Comparando o Evangelho que ouvimos hoje com a realidade de nossos dias, é, também, simples e fácil de perceber como muita gente é insensata ao colocar o suporte de suas vidas nos bens materiais e nas riquezas deste mundo. Se é verdade que o homem pode ter controle sobre seus bens, é também verdadeiro que não podemos controlar nossa vida eternamente. Um dia seremos chamados para prestar contas do que fizemos na terra. Naquele dia, diz Jesus, contará o amor e não o sucesso empresarial. 



2-Para que serve as riquezas? 

Referindo-se a estes que se preocupam demais com as coisas da terra, Jesus os chama de loucos, de tolos. Trabalham, trabalham e, num belo dia, quando pensam que poderão descansar e desfrutar dos bens terrenos, morrem e deixam tudo para os outros. Com palavras assim, Jesus quer recordar que quem coloca sua segurança nos bens terrenos nunca terá sossego. Viverá sempre um pouco ou muito preocupado com aquilo que tem e com o medo da possibilidade de ser roubado pelos outros. Será alguém que não dormirá tranquilamente. — De que serve tudo isso? Podemos nos perguntar. Para que serve tudo isso? —. O livro do Eclesiastes, na 1ª leitura, diz que isso não serve para nada e define tal preocupação como vaidade, quer dizer, uma simples aparência que passa. Tudo não passa de vaidade das vaidades. O homem não é capaz de tirar nenhum proveito de todo este esforço. Nem mesmo a riqueza que julgava ter conseguido lhe pertence. Um dia, no momento da partida definitiva desta terra, terá que deixar tudo para os outros. “Vaidade das vaidades. Tudo é vaidade”. 



 3-A vida é muito mais que a mania de ter 

Todo este discurso, esta reflexão que faço com vocês, no atual contexto social e na mentalidade de nossos dias, parece e talvez seja bastante pessimista. É, com certeza, uma reflexão que vai contracorrente. Na realidade, não tem nada de pessimista porque é um discurso realista. Tratamos com a realidade da vida que muitas vezes deixamos de vivê-la porque nos preocupamos demais com as coisas do mundo e principalmente com o lucro que queremos ter em tudo que fazemos. Perdemos assim a espontaneidade que nos vem da gratuidade. A vida é muito mais que ter e acumular riquezas e bens. A vida é muito mais que a mania de ter e sempre ter cada vez mais. A vida é bonita quando sabemos usar os bens e as riquezas para o proveito de toda uma família, de uma comunidade como a nossa. Nem o sábio do Eclesiastes e nem Jesus dizem que a riqueza é algo ruim; dizem apenas que é perigosa quando ameaça tirar o sentido da vida e o rumo existencial. Dizem mais. Você pode ter riquezas, o problema é fazer das riquezas o fundamento e a segurança da vida. Nenhuma riqueza consegue acrescentar nem dias e nem horas à nossa existência. É isto que Jesus está ensinando. 



4-O valor da vida é maior que as riquezas 

Dinheiro e bens materiais todos precisamos ter para viver bem e viver dignamente em nossa sociedade atual. O que a Bíblia chama atenção não é quanto ao ter dinheiro, mas para o apego com as coisas deste mundo, porque as riquezas do mundo, quando nos tornamos apegadas a ela, são fonte de ansiedade e não de paz. Trabalhar para ter bens e poder viver confortavelmente é justo. O que a Palavra deste Domingo adverte é quanto ao ficar apegado e viver em função da riqueza e dos bens. A vida é muito bonita e não pode ser perdida, vivendo preocupado com lucros e dividendos. Viver perto de Deus, viver feliz, viver alegre, viver em paz, ter amigos é uma riqueza muito mais compensadora que os bens materiais. O resto é vaidade pura. Além disso, as riquezas e os bens que temos não servem unicamente para que tenhamos uma vida confortável. Isto é egoísmo. Todo bem que temos, no contexto da Doutrina Social da Igreja, provoca-nos e nos desafia a partilhar com quem não tem. Um Domingo, portanto, que merece uma profunda reflexão de todos nós sobre o que representam os bens materiais para nós e como nós os administramos. Amém! 


cf liturgia.pro