Páginas

quinta-feira, novembro 03, 2016

DIA DE FINADOS



Na comemoração dos fiéis falecidos, que a Igreja celebra no dia de hoje, somos convidados a estender nossa fraternidade aos irmãos e irmãs que já partiram desta vida. Fazemos isso através desta Eucaristia e de nossas orações, intercedendo a graça divina para que sejam acolhidos na glória eterna. Hoje, pedimos ao Senhor que, em sua misericórdia, lhes conceda a felicidade, o descanso por seus trabalhos e fadigas realizados nesta terra, e o prêmio da eternidade por suas boas obras, especialmente aquelas que merecem a graça de viver eternamente junto de Deus. Do ponto de vista da espiritualidade litúrgica, o dia de hoje é um dia de oração pelos nossos falecidos e por todos aqueles que já partiram de nosso convívio. No contexto do Ano Santo da Misericórdia, a oração pelos falecidos deve ser considerada como uma obra de misericórdia espiritual. Rezamos intercedendo a misericórdia divina para com os falecidos e falecidas. 


O dia de hoje nos convida também a vivermos na fé e na caridade. É um momento especial para crescermos na esperança. Uma esperança tão forte e de tal modo viva dentro de nossos corações que seja capaz de afastar de nós todo medo, até mesmo o medo da morte. Uma esperança que nos conforta e nos faz caminhar neste mundo para a casa do Pai. A 1ª leitura dizia que a vida dos justos está nas mãos de Deus porque eles vivem confiando em Deus. É esta confiança que faz aumentar em seus corações o desejo pela imortalidade, a esperança de viver em Deus e, principalmente, o afastamento do medo da morte. Os justos têm o coração repleto de imortalidade. Vivem alimentando no coração a esperança pela eternidade. Não vivem pensando que a morte coloque um fim em suas vidas, mas que a vida continua além da morte, transcende esta vida presente e continua depois da morte. Assim vivem os que colocam sua confiança em Deus e vivem fazendo a vontade divina. Nessas últimas semanas do Ano Santo da Misericórdia, chama atenção a conclusão da 1ª leitura: “os que perseveraram no amor ficarão junto dele, porque a graça e a misericórdia são para seus eleitos.”


Sabemos muito bem que, para nós, cristãos, a morte não é o fim de tudo. É apenas a conclusão de uma etapa da vida, desta vida que vivemos aqui na terra. Com a morte, começamos a viver outra etapa da vida. A vida na terra deve ser preparação para a vida futura. Enquanto caminhamos nas estradas do mundo, nosso destino é a morada junto a Deus. A morada definitiva. É neste sentido que entendemos a vida como uma peregrinação, no dizer do salmo responsorial. Um caminhar com Deus para uma meta: encontrar Deus no seu santuário. Quando esta peregrinação, diz o salmista, conhece a alegria que nos espera na meta proposta, então as pedras e os reveses da caminhada, as dificuldades e os sofrimentos que encontramos na vida desta terra são suportados com mais facilidade. A atração pela eternidade, pelo viver eternamente no amor misericordioso de Deus, é cantado pelo salmista como sede de Deus. Por isso, fazer desta vida uma peregrinação alegre e exultante para a casa de Deus. Entender que nossa vida não termina na morte, mas continuará junto com Deus. É o que chamamos de vida eterna. Nós cremos e esperamos viver eternamente junto de Deus. 

O dia de hoje recorda que somos peregrinos, que não temos aqui na terra morada permanente, pois viver é estar sempre a caminho. A comemoração de todos os fiéis defuntos, de modo particular nossos entes queridos, deve ser um dia de agradecimento também. Não pela morte, mas pela vida plena que recebemos em Cristo. Nada, nem a morte, são mais fortes que a vida, porque a vida que nos vem de Deus deve voltar a Deus. Se não voltar para Deus acontece a frustração eterna da condenação. Todos, garante Jesus no Evangelho que ouvimos, temos um lugar na Casa do Pai. “Eu vou preparar-vos um lugar”. Esta é uma garantia de Jesus e um modo dele dizer que temos um lugar reservado para nós na Casa do Pai. Lá é o nosso lugar para se viver eternamente. Um lugar que está reservado para cada um de nós e que Deus não quer que fique vazio. Como peregrinos, vivamos na esperança confiante, caminhando para além da morte, pois somos destinados a viver eternamente junto de Deus. Que nossa peregrinação aconteça nos caminhos que nos conduzem para a eternidade. Amém!