Páginas

segunda-feira, novembro 14, 2016

XXXIII DOMINGO DO TEMPO COMUM



Lucas recolhe as palavras de Jesus sobre as perseguições e tribulações futuras, sublinhando de maneira especial a necessidade de enfrentar a crise com paciência. O termo empregado pelo evangelista significa inteireza, resistência, constância, capacidade de manter-se firme diante das dificuldades, paciência ativa. 


Quase não se fala de paciência em nossos dias e, no entanto, poucas vezes ela terá sido tão necessária como nestes momentos de grave crise generalizada, incerteza e frustração. 


São muitos os que vivem hoje ao relento e, ao não poder encontrar amparo em nada que lhes ofereça sentido, segurança e esperança, caem no desânimo, na crispação ou na depressão. 


A paciência da qual se fala no evangelho não é uma virtude própria de homens fortes e aguerridos. É antes a atitude serena de quem crê num Deus paciente e forte que alenta e conduz a história, às vezes tão incompreensível para nós, com ternura e amor compassivo.

A pessoa animada por esta paciência não se deixa perturbar pelas tribulações e crises dos tempos. Mantém o ânimo sereno e confiante. Seu segredo é a paciência fiel de Deus, que, apesar de tanta injustiça absurda e tanta contradição, continua sua obra até cumprir suas promessas.

Para o impaciente a espera se torna longa. Por isso, se crispa e se torna intolerante. Embora pareça firme e forte, na realidade é fraco e sem raízes. Agita-se muito, mas constrói pouco; critica constantemente, mas quase não semeia; condena, mas não liberta. O impaciente pode terminar no desânimo, no cansaço ou na resignação amarga. Já não espera nada. Nunca infunde esperança. 


A pessoa paciente, pelo contrário, não se irrita nem se deixa deprimir pela tristeza. Contempla a vida com respeito e até com simpatia. Deixa os outros serem, não antecipa o juízo de Deus, não pretende impor sua própria justiça.


Nem por isso cai na apatia, no ceticismo ou na desistência. A pessoa paciente luta e combate dia a dia, precisamente porque vive animada pela esperança. “Se nos afadigamos e lutamos é porque temos esperança no Deus vivo”( 1 Tm 4,10) 


A paciência do crente arraigada no Deus “amigo da vida'. Apesar das injustiças que encontramos em nosso caminho e dos golpes que a vida nos dá, apesar de tanto sofrimento absurdo ou inútil, Deus continua sua obra. Nele nós, os crentes, pomos nossa esperança.