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sexta-feira, janeiro 27, 2017

ESTUDOS E APROFUNDAMENTOS 2: QUEM SÃO OS ORTODOXOS GREGOS



Igreja Ortodoxa


Igreja que resulta do cisma ocorrido no catolicismo, em 1054, quando o Império Bizantino rejeita a supremacia de Roma, patriarcado do Ocidente. Até então, duas grandes tradições convivem no interior do cristianismo: a latina, no Império Romano do Ocidente, com sede em Roma, e a bizantina, no Império Romano do Oriente, com sede em Constantinopla (antiga Bizâncio e atual Istambul , Turquia). Divergências teológicas e políticas causam a ruptura entre as duas Igrejas, que se excomungam mutuamente, condenação só revogada em 1965 pelo papa Paulo VI e pelo patriarca Athenágoras I.

A Igreja Ortodoxa ou Igreja Cismática Grega é menos rígida nas formulações dogmáticas e na hierarquia e também valoriza a liturgia. O cristianismo ortodoxo (reta opinião, em grego) tem originalmente quatro sedes (patriarcados): Jerusalém, Alexandria, Antióquia e Constantinopla. Mais tarde são incorporados os patriarcados de Moscou, de Bucareste e da Bulgária, além das igrejas autônomas nacionais da Grécia, da Sérvia, da Geórgia, de Chipre e da América do Norte. Todas as Igrejas Ortodoxas têm diferenças políticas e religiosas. Possuem, no total, cerca de 174 milhões de fiéis em todo o mundo.

Liturgia do cristianismo ortodoxo – Os rituais são cantados sem instrumentos musicais. São proibidas imagens esculpidas de santos, exceto o crucifixo e os ícones sagrados. Os sacramentos são os mesmos da Igreja Católica e reconhecidos reciprocamente.

Os ortodoxos não admitem o purgatório nem a superioridade e a infalibilidade do papa. Também rejeitam a doutrina católica da Imaculada Conceição, porque, segundo eles, esse dogma não faz parte da narrativa bíblica e é contrário à doutrina tradicional do pecado original. A assunção da Virgem Maria, porém, é aceita, com base na afirmação formal dos livros litúrgicos.

Os graus de ordem na Igreja Ortodoxa são três: diácono, padre e bispo. Os padres e diáconos recebem títulos honoríficos (arquimandrita, ecônomo, arquidiácono), que não conferem primazia espiritual ou administrativa. Os bispos são escolhidos exclusivamente entre os monges. Os padres podem casar-se (antes da ordenação), mas não os monges.

POR PROF. FELIPE AQUINO



Até ao século XI, os católicos romanos e ortodoxos têm uma história comum, que começa com a instituição da Igreja por Jesus Cristo e sua difusão por seus discípulos, que, como o relatado nos Atos dos Apóstolos, espalharam-se a partir de Jerusalém, fundando a primeira comunidade denominada cristã em Antioquia e depois se espalhando, ainda pelos mesmos, pela Europa, Ásia e África. Por volta do século IV, a Cristandade já chegara às mais diversas regiões, apesar das perseguições movidas por poderes tradicionalmente pagãos, e diversas escolas exegéticas haviam se desenvolvido, como a Escola de Antioquia e a Escola Catequética de Alexandria. A ortodoxia cristã, no entanto, era ameaçada por diversas heresias, como o arianismo, o novacianismo e o adocionismo. Em 313 d.C., no entanto, o Édito de Milão finalmente instituiu a liberdade religiosa no Império Romano, o que foi seguido por uma progressiva cristianização do Império a partir da conversão do imperador Constantino no ano de 324. Foi então convocado o Primeiro Concílio de Niceia, que buscou a unificação da Cristandade, a solidificação dos preceitos da fé cristã, o anátema das principais heresias da época e a composição de um credo comum ortodoxo, o Credo Niceno. 
Neste Concílio, estabeleceu-se que em cada província civil do Império Romano o corpo dos bispos deveria ser encabeçado pelo bispo da capital provincial (o bispo metropolita), mas reconheceu a autoridade super-metropolitana já exercida pelos bispos de Roma, Alexandria e Antioquia. Além disso, decretou que o bispo de Jerusalém tivesse direito a honra especial, embora não a autoridade sobre outros bispos. Quando a residência do imperador romano e o senado foram transferidos para Constantinopla, em 330 d.C, o Bispo de Roma perdeu influência nas igrejas orientais, em benefício do Bispo de Constantinopla. Ainda assim, Roma continuou a ter uma autoridade ecumênica especial devido à sua ligação com São Pedro e seu passado como capital do Império Romano.

No ano de 381 o Oriente realizou o Primeiro Concílio de Constantinopla, que decretou a divindade do Espírito Santo, lançando anátema sobre os macedonianos e tendo suas decisões acatadas pelo Ocidente. Em 431, o Primeiro Concílio de Éfeso proclamou, a despeito dos nestorianos, que a Virgem Maria era a Theotokos, o que gerou a Igreja do Oriente, até hoje separada das grandes comunhões cristãs. A grande maioria dos fiéis habitavam na Índia e na Síria, após uma retração substancial da antes forte presença nestoriana na China e na Ásia Central. Na Índia a maioria dos sucessores deste cisma passaram depois ao catolicismo oriental ou ao miafisismo. Na Síria também muitos passaram ao catolicismo oriental e formaram a Igreja Católica Caldeia. Em 451, o Concílio de Calcedônia condenou o monofisismo. Isto gerou um cisma na Igreja de Alexandria liderado por Dióscoro, que, apesar de não professar a doutrina monofisita de Êutiques, rejeitava a resolução de Calcedônia, gerando a Igreja Copta. Progressivamente, grupos no Levante e na Armênia rejeitariam o Concílio e se uniriam aos coptas, dando origem às chamadas igrejas ortodoxas orientais, que ainda se expandiriam pela África e Índia.

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