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segunda-feira, março 06, 2017

1º DOMINGO DA QUARESMA



A catequese sobre as opções de Jesus aparece em três quadros ou “parábolas”.

A primeira “parábola” (vers. 3-4) sugere que Jesus poderia ter escolhido um caminho de realização material, de satisfação de necessidades materiais. É a tentação – que todos nós conhecemos muito bem – de fazer dos bens materiais a prioridade fundamental da vida. No entanto, Jesus sabe que “nem só de pão vive o homem” e que a realização do homem não está na acumulação egoísta dos bens. A resposta de Jesus cita Dt 8,3 e sugere que o seu alimento – isto é, a sua prioridade – não é um esquema de enriquecimento rápido, mas é o cumprimento da Palavra (isto é, da vontade) do Pai.

A segunda “parábola” (vers. 5-7) sugere que Jesus poderia ter escolhido um caminho de êxito fácil, mostrando o seu poder através de gestos espectaculares e sendo admirado e aclamado pelas multidões (sempre dispostas a deixarem-se fascinar pelo “show” mediático dos super-heróis). Jesus responde a esta tentação citando Dt 6,16, e sugere que não está interessado em utilizar os dons de Deus para satisfazer projectos pessoais de êxito e de triunfo humano. “Não tentar” o Senhor Deus significa, neste contexto, não exigir de Deus sinais e provas que sirvam para a promoção pessoal do homem e para que ele se imponha aos olhos dos outros homens.

A terceira “parábola” (vers. 8-10) sugere que Jesus poderia ter escolhido um caminho de poder, de domínio, de prepotência, ao jeito dos grandes da terra. No entanto, Jesus sabe que a tentação de fazer do poder e do domínio a prioridade fundamental da vida é uma tentação diabólica; por isso, citando Dt 6,13, diz que, para Ele, só o Pai é absoluto e que só Ele deve ser adorado.

As três tentações aqui apresentadas não são mais do que três faces de uma única tentação: a tentação de prescindir de Deus, de escolher um caminho de egoísmo, de orgulho e de auto-suficiência, à margem das propostas de Deus. Mas, para Jesus, ser “Filho de Deus” significa viver em comunhão com o Pai, escutar a sua voz, realizar os seus projectos, cumprir obedientemente os seus planos. Ao longo da sua vida, diante das diversas “provocações” que os adversários Lhe lançam, Jesus vai confirmar esta sua “opção fundamental” e vai procurar concretizar, com total fidelidade, o projecto do Pai.

Israel, ao longo da sua caminhada pelo deserto, sucumbiu frequentemente à tentação de ignorar os caminhos e as propostas de Deus. Jesus, ao contrário, venceu a tentação de prescindir de Deus e de escolher caminhos à margem dos projectos do Pai. De Jesus vai nascer um novo Povo de Deus, cuja vocação essencial é viver em comunhão com o Pai e concretizar o seu projecto para o mundo e para os homens.