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terça-feira, abril 25, 2017

2º DOMINGO DA PÁSCOA



“EKKLESIA ”

Depois da experiência da Ressurreição, os discípulos começaram a se reunir em comunidade, que se tornou uma “ekklesia” (Igreja). Na 1ª leitura, Lucas descreve três pilares da comunidade cristã. Pilares e, ao mesmo tempo, fonte de vitalidade criativa na vida de uma comunidade cristã. No Evangelho, outros três pilares narrados em dois momentos, aquele do encontro de Jesus com os Apóstolos e no encontro de Jesus com Tomé, quando proclama a bem-aventurança de crer sem ver. 

Um dos pilares da comunidade cristã está na “assiduidade no ensinamento dos Apóstolos”, realizada por meio da Palavra enquanto condição para colocar os discípulos em contato direto com Jesus Cristo. A base da comunidade cristã não se encontra num ensinamento moral, numa prescrição social, numa ideologia (como se fosse um partido político), mas na adesão a Jesus Cristo e no modo de viver de acordo com sua Palavra, o Evangelho. É pelo conhecimento e reflexão assíduos à Palavra que a comunidade torna-se vitalmente criativa. 



"KOINONIA"

É da criatividade vinda da Palavra que resulta um segundo pilar: a “koinonia”. Não se trata de simples amizade entre pares, mas de uma comunhão entre os membros da comunidade tendo como fundamento o próprio Jesus ressuscitado e presente na comunidade. A consequência disso está na partilha fraterna com os pobres, para que não haja necessitados; sempre que houver necessitados existe o sinal de uma comunhão fraterna incompleta. 


ευχαριστια
(EUCARISTIA)

Por fim, ainda na 1ª leitura, um terceiro pilar: a “fração do pão e a oração”. Fração do pão (Eucaristia) como momento de alegria de convivência fraterna na celebração e convite para festejar a alegria da vida nova comungada Eucaristicamente. Oração, momento de encontro com o Senhor ressuscitado que garantiu que onde dois ou mais estiverem reunidos em seu nome, ele está no meio deles (Mt 18,20). 

Mas existem outros três pilares da comunidade, estes presentes no Evangelho. Tem o pilar da “coragem”. João faz questão de dizer que as portas estavam fechadas por medo dos judeus (Evangelho), quando Jesus aparece no meio deles. Deixa-se ver, melhor dizendo, porque sempre estava com eles. É assim que o medo e a paralisia deles, por terem se fechados, transforma-se em alegria, condição indispensável para testemunhar o Evangelho. É pela alegria que se nasce para uma esperança viva (2ª leitura). 

Depois, tem também o pilar do “perdão”, dom oferecido e garantido pela presença e pela ação do Espírito Santo no meio da comunidade. Jesus sopra o Espírito Santo e recria uma comunidade humana nova, destinada a suplantar a violência que mata com a força do perdão que redime e reconstrói. É o perdão que liberta de todos os medos e permite experimentar a misericórdia divina na vida pessoal (salmo responsorial). 

Por fim, o pilar da fé, proposta no conhecido episódio do encontro de Jesus com Tomé. A dificuldade de Tomé é exemplo de alguém que permanecia preso em esquemas concretos do ver e do tocar, negando-se a crer no testemunho da Palavra, no Evangelho, na Boa Nova da Ressurreição que seus amigos anunciaram. A fé não viaja acompanhada de provas concretas, mas na Palavra que testemunha a Ressurreição de Jesus. Esta fé sem ver, garante São Paulo, é fonte de “alegria indizível”, uma alegria incapaz de se descrever (2ª leitura).