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quinta-feira, outubro 12, 2017

SOLENIDADE DE NOSSA SENHORA APARECIDA



A reflexão da proposta celebrativa para a Solenidade de Nossa Senhora Aparecia, neste ano de 2017, tem duas características: histórica e de ação de graças. Enquanto celebração histórica, nós nos aproximamos do conceito teológico-litúrgico da ação "memorial". Neste sentido, não apenas para reativar uma lembrança, mas fazer memória, no sentido de tornar presente, no nosso hoje, a experiência daquele encontro acontecido há 300 anos. Não repetir historicamente o acontecido, porque isso é impossível, mas recordar a mensagem que aquela imagem simples representou para a Igreja que pescava nas águas do Rio Paraíba, no ano de 1717.

Naquele rio, no distante 1717, não foi encontrada uma imagem com as características descritas na 2ª leitura: vestida de sol e com a luz debaixo dos pés. Foi encontrada com a simplicidade da forma feminina e retratada com o rosto simples da Mãe de Deus. Esta é a mensagem memorial que contemplamos e trazemos para o nosso hoje: a simplicidade divina como mensagem para uma nação em crise, em nosso tempo histórico de 2017. É pelo cultivo da simplicidade que encontraremos Deus com a sua paz para nosso povo. É pela simplicidade que se repete o mesmo pedido feito pela Rainha, na 1ª leitura: que o Rei (o Senhor Deus) conceda vida ao seu povo.

Do ponto de vista da ação de graças, o Jubileu encontra-se com seu motivo principal: demonstrar gratidão, dar graças. De fato, todo Jubileu, do ponto de vista Bíblico tem, entre outras, a finalidade de ser um tempo especial de ação de graças. Isso remete ao agradecimento por aquilo que recebemos de Deus através da intercessão de Nossa Senhora Aparecida, a Mãe de Jesus. Nosso ponto de referência ilumina-se no Evangelho desta Solenidade. Da mesma forma como Maria intercedeu a seu Filho, para que considerasse a necessidade dos noivos, o mesmo pedido continuou em todos esses 300 anos de história: a Virgem Mãe intercede pelo nosso povo brasileiro, para que tenha o vinho novo para festejar de modo digno a vida em terras brasileiras. Este é um motivo de grande agradecimento a Deus.

Infelizmente, passamos por um momento muito triste e crítico em nossa história. Mas, quis a Providência divina que o Jubileu dos 300 anos do achado da imagem de Nossa Senhora Aparecida acontecesse num tempo de crise. O Evangelho fala de talhas para a purificação. Foi nestas talhas que Jesus colocou a água para transformá-la em vinho da melhor qualidade. É nas mesmas talhas que podemos colocar a vida da nossa gente para ser purificada de toda raiva, de toda angustia, de tanto sofrimento provocado por políticos e empresários que roubam nossa gente; colocar a vida do povo sofrido nas talhas da purificação, para que purificados do desejo de vingança sejam transformados em promotores da vida de qualidade. Também isso é motivo de ação de graças aliado ao compromisso de renovar o coração pela transformação da presença de Jesus entre nós.

Por fim, um terceiro momento importante do Jubileu: a renovação da vida. Todo Jubileu Bíblico tem entre os principais objetivos a renovação e isso significa também iniciar um recomeço. Recomeçar é retomar a estrada. Mas, como caminhar numa nova estrada? O Evangelho faz esta pergunta a Nossa Senhora e ela responde de modo direto e claro: "façam tudo que ele mandar". É a estrada da evangelização e o modo de evangelizar é fazendo aquilo que Jesus pede para fazer. Pede o que? Que levemos a ele as talhas repletas da vida do povo para renovar o nosso modo de ser brasileiro.

Neste tempo de crise, de tanto sofrimento social, a orientação de Jesus, portanto, continua sendo a mesma: "enchei as talhas" e, logo depois acrescenta: "agora tirai e levai ao mestre-sala". Um rito significativo. Cada talha representa a vida de cada brasileiro; a água é o Evangelho que transforma cada homem e mulher; o mestre-sala é o nosso povo chamado a beber a vida da melhor qualidade iluminada pela luz do Evangelho. Nosso povo é o convidado para a festa, para acolher e beber o vinho bom, guardado para esta grande festa do Jubileu de Nossa Senhora Aparecida.

Com alegria, imitemos o povo de Tiro e levemos à nossa Rainha, a Virgem Mãe de Aparecida, um grande presente: a vida de nosso povo. Entre cantos de festa e com muita alegria ingressemos no Santuário que hoje é a casa de Nossa Senhora Aparecida.













Acolhimento,benção dos objetos litúrgicos e renovação dos compromissos dos novos MESC's investidos no ultimo dia 16 de setembro de 2017 na Catedral de São Sebastião do Rio de Janeiro.