Páginas

segunda-feira, outubro 16, 2017

XXVIII DOMINGO DO TEMPO COMUM


O que será de nós? Estamos nós livres de toda recusa? Estamos nós de verdade, seguros de não perder mais o Reino, de não ser retirados do banquete e jogados nas trevas exteriores? Também para nós a parábola reserva um cantinho uma grande advertência. Entre os novos convidados havia um que não estava trajado a rigor; um que se encontrava aí por acaso, cujos corações e sentimentos estavam longe: um oportunista, diríamos hoje, ou um parasita. Os outros convidados não têm condições de percebê-lo; são enganados; pensam que é um deles. Não pensa assim o patrão: seu olhar, logo que entrou na sala, dirigiu-se para ele: “Amigo, como entraste aqui?”.

Amigo, como entrastes aqui? Esta pergunta é dirigida a cada um de nós que nos encontramos agora na grande sala nupcial que é a Igreja, para o banquete que é a Eucaristia. Obriga-nos a entrar em nós mesmos e nos perguntar se não estamos também nós aqui sem a veste nupcial, se não estamos aqui por acaso, por costume, sem tomar parte e interesse por aquilo que aqui acontece; se não estamos também nós com o coração ausente e a mente perdida atrás dos próprios trabalhos e negócios.

O que está em questão não é, evidentemente, somente o fato de nós estarmos aqui – o motivo pelo qual viemos participar da missa -, mas é também, mais radicalmente, nosso modo de ser dentro da Igreja, nosso ser cristão.  Veio talvez a hora, mais uma vez, em que aqueles que adoram a Deus o devem adorar em espírito e verdade, como dizia Jesus à samaritana, isto é, interiormente e com os fatos, não por costumes ou por palavras. O tempo de tomar consciência e querer o que se realizou no batismo. Isto, talvez, queira dizer Jesus com a imagem da veste. Estar vestidos com a veste nupcial poderia significar revestir-se de obras evangélicas, daquele manto de boa vontade e caridade que cubra a nudez da nossa natureza.

“Destes adoradores, Deus tem necessidade”: isto é, daqueles que adoram com os fatos e não só com as palavras, daqueles que escutam a Palavra de Deus e a põem em prática a cada dia.


Somos nós deste grupo? De qualquer maneira, a Palavra de Deus nos convida para isso. Afirma-nos que podemos fazer parte deste grupo. Cristãos de verdade, convictos, felizes de sê-lo: cristãos afinal “em espírito e verdade”. Com nossas forças? Não; mas “o Senhor é meu pastor” cantamos no salmo responsorial, por isso nada nos irá faltar; os meios estão a nossa disposição.