Páginas

quinta-feira, dezembro 14, 2017

SÃO FRANCISCO DE ASSIS E O PRIMEIRO PRESÉPIO



O dia do nascimento de Jesus Cristo conferiu a terra um aspecto inteiramente novo, a julgar com reto juízo quem conhece o natal, ele é o principio de uma vida nova e de todas as potencialidades da vida; findaram os tempos em que os homens lamentavam de terem nascidos. Seu nascimento confirma as esperanças dos profetas do Antigo Testamento; não só ele superou as boas obras de um tempo anterior, como é impossível que outro maior que ele possa surgir. No dia de seu nascimento iniciasse uma nova era e mesmo assim depois de longos anos ele ainda continua procurando pousada em seu coração.

Foi imanado por esse espírito que em 1223, São Francisco de Assis relembrou a cena do nascimento de Jesus Cristo, criando o primeiro presépio vivo na cidade Italiana de Greccio. A ideia surgiu enquanto lia um trecho do evangelho escrito por São Lucas que lembrava o nascimento do nosso Salvador.

A palavra presépio (em hebraico ebus e urvã; em latim prasepium) significa emhebraico “a manjedoura dos animais”, mais também o termo é usado frequentemente para indicar o próprio estábulo. (Coleção Pensamentos de Sabedoria. A arte de Viver. P, 26). Segundo o evangelista (São Lucas 2,12), Jesus ao nascer foi reclinado em um presépio que provavelmente seria uma manjedoura das que existiam nas grutas naturais da palestina, utilizadas para recolher animais.

Bem como falei a reconstituição da cena do nascimento de Cristo tem origem remota a partir de são Francisco de Assis. Assim narra o seu primeiro biografo (Tomás de Celano, 1229. Vida primeira), dizendo: “A manjedoura que o Santo fez era cheia de feno e foram colocados perto dela um boi e um burro. Acima da manjedoura foi improvisado um altar e nesse cenário ocorreu a missa da meia-noite, na qual o próprio Santo com vestimenta de diácono cantou solenemente o Evangelho juntamente com o povo simples e pronunciou um comovente sermão sobre o nascimento do menino Jesus”.

Também um dos presentes teve a visão de que na manjedoura dormia uma criança e que São Francisco aproximou-se dela acordando-a. Assim estava, pois reconstituído o histórico ato do nascimento de Jesus Cristo, que de maneira inédita, religiosos convidados e as pessoas humildes do povoado festejaram com sentimento de alegria a festa do Salvador.

Passado mais de 30 anos a cena foi descrita por São Boa Ventura e posteriormente outros autores ampliando a descrição, mencionaram que eram esculpidas as figuras do menino, da virgem e de São José. O certo é que a descrição de Tomás de Celano deu origem a diversas representações esculpidas. E hoje nas igrejas e nos lares cristãos de todo o mundo são montados presépios recordando o nascimento do menino Jesus, com lindas imagens de madeira, barro ou plástico em tamanhos diversos. Assim o presépio decorrido tantos séculos, continua sendo uma das mais preciosas e comoventes tradições da festa de natal reunido pela fé cristã, homens, mulheres e crianças.

Cada um dos elementos que circunda este nascimento tão simples tem um papel muito importante: A sagrada família, os reis magos, os pastores, as ovelhas, o boi e a vaca. São símbolos desta noite de alegria e também da humildade e dos futuros sofrimentos de Cristo. Os anjos aparecem aos pastores de Belém contando que Jesus havia nascido e louvando a Deus. Estas figuras são geralmente representadas com instrumentos musicais na suposição de que estejam cantando preces em louvor a Jesus.

Os pastores foram os primeiros adoradores de Cristo. Ligados a eles estão os carneiros, mansas criaturas as quais muitas vezes são utilizados para simbolizar Jesus Cristo como o cordeiro de Deus ou o pastor das ovelhas. Nessa mesma noite sagrada, uma estrela andou pelo céu e se localizou em cima da manjedoura, transformando-se no guia que dirigiu aqueles que acreditaram no nascimento de Cristo.

Também na mesma noite o filho de Deus recebeu a visita de três reis magos que foram levados pelo brilho da estrela que os guiavam, suas visitas foram profetizadas na Bíblia em Isaías como reis levando presentes de incenso, ouro e Mira para o Salvador.

Tudo aconteceu num lugar simples e pobre e a grande importância do acontecimento impôs-se por si mesmo sem festa ou alarde. E é isso que tentamos conservar até hoje. Não importa que alguns costumes tenham sofrido alterações, o importante é relembrar sempre que este símbolo do Natal, o presépio, é a comemoração da segunda maior festa cristã, a do nascimento do nosso Salvador.


Por Frei José Lucinaldo da Silva, OFM.

Fontes Bibliográficas:

A Bíblia de Jerusalém – Novo Testamento, Edições Paulinas, 1973.