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terça-feira, janeiro 30, 2018

FESTA DA APRESENTAÇÃO DO SENHOR



No próximo dia 02, a festa da Apresentação celebra uma chegada e um encontro; a chegada do Salvador esperado, núcleo da vida religiosa do povo, e as boas-vindas concedida a ele por dois representantes dignos da raça eleita, Simeão e Ana. Por sua proveta idade, estes dois personagens simbolizam os séculos de espera e de fervoroso anseio dos homens e mulheres devotos da antiga aliança. Na realidade, representam a esperança e o anseio da raça humana.

Ao reviver este mistério na fé, a Igreja dá novamente as boas-vindas a Cristo. Esse é o verdadeiro sentido da festa. É a "Festa do Encontro", o encontro de Cristo e sua Igreja. Isto vale para qualquer celebração litúrgica, mas especialmente para esta festa. A liturgia nos convida a dar as boas-vindas a Cristo e a sua mãe, como o fez seu próprio povo de então: "Ó Sião, enfeita teu quarto nupcial e dá boas-vindas a Cristo Rei; abraça a Maria, porque ela é a verdadeira porta do céu e traz o glorioso Rei da luz nova"2.

Ao dramatizar desta maneira a lembrança deste encontro de Cristo com Simeão, a Igreja nos pede que professemos publicamente nossa fé na Luz do mundo, luz de revelação para todo povo e pessoa.

Na belíssima introdução à benção das velas e a procissão, o celebrante lembra como Simeão e Ana, guiados pelo Espírito, vieram ao templo e reconheceram a Cristo como seu Senhor. E conclui com o seguinte convite: "Unidos pelo Espírito, vamos agora à casa de Deus dar as boas-vindas a Cristo, o Senhor. O reconheceremos na fração do pão até que venha novamente em sua glória".

Refere-se claramente ao encontro sacramental, ao que a procissão serve de prelúdio. Respondemos ao convite: "Vamos em paz ao encontro do Senhor"; e sabemos que este encontro será na eucaristia, na palavra e no sacramento Entramos em contato com Cristo através da liturgia; por ela temos também acesso a sua graça. Santo Ambrósio escreve deste encontro sacramental em uma página insuperável: "Te revelaste face a face, ó Cristo. Em teus sacramentos te encontro".

Função de Maria. A festa da apresentação é, como dissemos, uma festa de Cristo antes do que qualquer outra coisa. É um mistério de salvação. O nome "apresentação" tem um conteúdo muito rico. Fala de oferecimento, sacrifício. Recorda a auto-oblação inicial de Cristo, palavra encarnada, quando entrou no mundo: “Eis-me aqui para fazer tua vontade". Aponta à vida de sacrifício e à perfeição final dessa auto-oblação na colina do Calvário.

Dito isto; temos que passar a considerar o papel de Maria neste acontecimentos salvíficos. Depois de tudo, ela é a que apresenta a Jesus no templo; ou, mais corretamente, ela e seu esposo José, pois ambos pais são mencionados. E perguntamos: Tratava-se exclusivamente de cumprir o ritual prescrito, uma formalidade praticada por muitos outros pais? Ou guardava uma significação muito mais profunda que tudo isto? Os padres da Igreja e a tradição cristã respondem que sim.

Para Maria, a apresentação e oferenda de seu filho no templo não era um simples gesto ritual. Indubitavelmente, ela não era consciente de todas as implicações nem da significação profética deste ato. Ela não contemplar todas as conseqüências de seu fiat na anunciação. Mas foi um ato de oferecimento verdadeiro e consciente. Significava que ela oferecia seu filho para a obra da redenção com a que ele estava comprometido desde o princípio. Ela renunciava a seus direitos maternais e a toda pretensão sobre ele; e o oferecia à vontade do Pai. São Bernardo expressou muito bem isto: "Oferece teu filho, santa Virgem, e apresenta ao Senhor o fruto bendito de teu ventre. Oferece, para reconciliação de todos nós, a santa Vítima que é agradável a Deus'3.

Há um novo simbolismo no fato de que Maria coloca a seu filho nos braços de Simeão. Ao agir desta maneira, ela não o oferece exclusivamente ao Pai, mas também ao mundo, representado por aquele ancião. Dessa maneira, ela representa seu papel de mãe da humanidade, e nos lembra que o dom da vida em através de Maria.

Existe uma conexão entre este oferecimento e o que acontecerá no Gólgota quando serão executadas todas as implicações do ato inicial de obediência de Maria: "Faça-se em mim segundo tua palavra". Por essa ração, o evangelho desta festa carregada de alegria não nos exime da nota profética: "Eis que este menino está destinado para a queda e ressurgimento de muitos em Israel; será sinal de contradição, e uma espada atravessará tua alma, para que sejam descobertos os pensamentos de muitos corações" (Lc 2,34-35).

O encontro futuro. A festa de hoje não se limita a nos permitir reviver um acontecimento passado, mas nos projeta para o futuro. Prefigura nosso encontro final com Cristo em sua segunda vinda. São Sofrônio, patriarca de Jerusalém desde o ano de 634 até sua morte, em 638, expressou isto com eloqüência: "Por isso vamos em procissão com velas em nossas mãos e nos apressamos carregando luzes; queremos demonstrar que a luz brilhou para nós e significar a glória que deve chegar através dele. Por isso vamos juntos ao encontro com Deus".

A procissão representa a peregrinação da própria vida. O povo peregrino de Deus caminha penosamente através deste mundo do tempo, guiado pela luz de Cristo e sustentado pela esperanças de encontrar finalmente ao Senhor da glória em seu reino eterno. O sacerdote diz na benção das velas: "Que quem as levas para enaltecer tua glória caminhemos no caminho de bondade e vamos à luz que brilha para sempre".

A vela que levamos em nossas mão lembra a vela de nosso batismo. E o sacerdote diz: " guardem a chama da fé viva em seus corações. Que quando o Senhor vier saiam a seu encontro com todos os santos no reino celestial". Este será o encontro final, a apresentação , quando a luz da fé se converter na luz da glória. Então será a consumação de nosso mais profundo desejo, a graça que pedimos na pós-comunh4ao da missa:

Por estes sacramentos que recebemos, enche-nos com tua graça, Senhor, tu que encheste plenamente a esperança de Simeão; e assim como não o deixaste morrer sem ter segurando Cristo nos braços, concede a nós, que caminhamos ao encontro do Senhor, merecer o prêmio da vida eterna.

Fonte: acdigital.com



segunda-feira, janeiro 29, 2018

IV DOMINGO DO TEMPO COMUM



A força da Palavra em Jesus

O Evangelho deste Domingo é uma perícope que sublinha dois aspectos do poder da Palavra em Jesus. Primeiro, a força de uma Palavra dita com autoridade, porque Jesus não fundamentava sua Palavra em outros estudos. Sua autoridade consiste em dizer aquilo que vive; fala com autoridade porque vive o que fala. Uma palavra só tem força quando é garantida pelo testemunho de vida de quem a pronuncia. Podemos dizer, por exemplo, que uma homilia só é bem acolhida e compreendida se atestada com atitudes da vida do homiliasta.

A segunda manifestação da força da Palavra de Jesus está na libertação do mal, na vida daquele "homem possuído" e libertado por Jesus (E). Muitos estudiosos da Bíblia chamam atenção que a luta de Jesus, no Evangelho de Marcos, não é tanto contra escribas e fariseus, mas contra o espírito do mal que aliena a vida humana e a escraviza. É contra os espíritos do mal que Jesus fala sua Palavra com autoridade para libertar a vida humana do poder do mal e da maldade. A libertação do "homem possuído", na sinagoga, marca o início do tempo da luta de Jesus com Satanás e contra tudo aquilo que escraviza a vida humana. Esta força libertadora da Palavra de Jesus encontra-se presente nos seus ensinamentos, nos milagres e no perdão. Jesus liberta e livra do mal todo aquele que acolhe e vive a sua Palavra.

O modus operandis de Jesus é o mesmo modo de um profeta desarmado, que conta unicamente com a força da Palavra divina. Diz ele ao "homem possuído": "cala-te e sai dele" (E). Os especialistas em grego Bíblico dizem que um dos sentidos do verbo "calar" (phimoô) é o de colocar uma mordaça na boca de quem está falando. Este é o poder da Palavra de Jesus: amordaçar para calar a palavra do mal pronunciada de tantos modos entre nós. Pela sua Palavra, Jesus é reconhecido como o Profeta prometido por Deus a Moisés (1L), porque sua Palavra liberta o homem da escravidão, amordaça a palavra do mal e restitui a dignidade a quem acolhe esta Palavra em seu coração .


Fonte : Liturgia.pro

















sexta-feira, janeiro 26, 2018

ANCHIETA, FUNDADOR DA CIDADE DE SÃO PAULO



“Fermosa” e “feliz”. Dois textos de autores diferentes, datados de 1554, em que se encontram esses adjetivos, conferem um ar de graça ingênua ao ato que resultou na fundação de São Paulo. O primeiro texto, de autoria do padre Manuel da Nóbrega, é uma carta ao rei dom João III. Nela, o missivista informa que, no lugar “que se chama Piratinin”, ele e seus companheiros jesuítas ajuntaram um grupo de índios, para lhes ensinar o Evangelho, e assim “vai-se fazendo uma fermosa povoação”. O segundo, do padre José de Anchieta, é uma das cartas com as quais os jesuítas prestavam contas a seus superiores na Europa. Nela, ele descreve que vivem, ele e os demais religiosos, numa “pobre casinha feita de barro e paus, coberta de palhas, tendo apenas catorze passos de comprimento e dez de largura”, que serve ao mesmo tempo de escola, enfermaria, dormitório, refeitório, cozinha e despensa. É pobre, desconfortável, não protege contra o frio, mas, apesar de tudo isso, é uma “feliz cabanazinha”.

Nóbrega e Anchieta são os mais notáveis entre os doze ou treze religiosos que participaram da missa que, no dia 25 de janeiro de 1554, deu por inaugurado o Colégio dos Jesuítas no Planalto de Piratininga. Não há certeza quanto ao número exato de padres, mas há certeza quanto ao local em que ficava a “feliz cabanazinha”, centro de uma “fermosa povoação”: o ponto do centro velho de São Paulo que ainda hoje, como lembrança daqueles tempos, é conhecido como Pátio do Colégio. São Paulo é uma das poucas cidades do mundo que sabem precisamente, e documentadamente, onde nasceram.

Nóbrega tinha então 36 anos, idade já de plena maturidade, na época. Anchieta só completaria 20 em março de 1554. Foi de Nóbrega a ideia de fundar um colégio naquelas lonjuras, obcecado que estava pela missão de arrebanhar para a cristandade os povos que viviam nus e soltos pelas terras recém-apropriadas pelos portugueses. Foi dele também a escolha do local, a colina existente na confluência do Rio Tamanduateí com o Riacho Anhangabaú. Era um bom local sob os pontos de vista de segurança e de abastecimento de água. Ao redor, espalhavam-se várzeas e vastas áreas descampadas.

Anchieta só chegou ao planalto alguns dias antes da inauguração do colégio. Todo o trabalho de implantação coube a Nóbrega. Mas, entre os dois, quando se fala no fundador, ou fundadores, de São Paulo, o primeiro nome que vem à mente é o de Anchieta, repetindo uma tradição consagrada em obras literárias e livros escolares. Em parte, isso se deve à simpatia que inspira Anchieta, mais dócil e autor de textos mais vivos e interessantes. Em outra parte, pelo trabalho de mais paciência e maior empenho, como continuador da obra de Nóbrega.

O tom risonho e franco das primeiras cartas da dupla, embalado de entusiasmo pela “fermosa povoação” e pela “feliz cabanazinha”, não duraria muito. Os índios não assimilavam a doutrinação, abandonavam a aldeia fixada junto ao colégio e reincidiam nos antigos hábitos de poligamia e antropofagia, o que deixava os padres desalentados. O inquieto Nóbrega, que antes de Piratininga se entregara a missões similares na Bahia e em São Vicente, acabou, já em 1556, desistindo de São Paulo. Como das outras vezes, o entusiasmo inicial foi substituído pela exasperação. Anchieta escreverá regularmente “de Piratininga” ou “de São Paulo de Piratininga” até 1562. Depois disso assinará de São Vicente, da Bahia, do Rio de Janeiro ou do Espírito Santo, e raramente do planalto paulista. Nóbrega morreu em 1570, aos 53 anos, no Rio de Janeiro. Anchieta em 1597, aos 63 anos, em Reritiba, hoje Anchieta, no Espírito Santo.


quinta-feira, janeiro 25, 2018

DE PERSEGUIDOR A APÓSTOLO,POR DOM FERNANDO RIFAN



Celebramos hoje a conversão do grande apóstolo São Paulo, uma das colunas da Igreja ao lado de São Pedro. São Paulo foi o apóstolo dos gentios, dos povos não judeus, instrumento da propagação da Igreja fora da Judéia; o verdadeiro propagador do cristianismo.
O primeiro livro de História da Igreja, os Atos dos Apóstolos, escrito por São Lucas, discípulo de São Paulo e testemunha dos fatos, narra-nos que Saulo - esse era o seu nome antes - era um fariseu fanático, cheio de ódio pelos discípulos de Cristo. Ele, quando jovem, já havia participado, como coadjuvante, do apedrejamento de Santo Estevão, diácono. Quando ia pelo caminho de Damasco, capital da Síria, com ordens dos Sumos Sacerdotes, para prender os cristãos da cidade, foi violentamente derrubado do cavalo por uma luz misteriosa, que o cegou, da qual saia uma voz tonitruante que o invectivava: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” E ao perguntar quem era aquele a quem ele perseguia, a voz respondeu: “Eu sou Jesus, a quem tu persegues”. Jesus atribuía a si a perseguição feita aos seus discípulos, os cristãos. 
A partir daí, Saulo foi instruído na Fé cristã e batizado. Tornou-se o grande Apóstolo Paulo, escolhido por Deus para evangelizar os gentios, os povos não judaicos. É o autor de 14 epístolas endereçadas às primeiras comunidades cristãs, mas de valor e ensinamento perenes.
Foi martirizado em Roma, na perseguição de Nero. Sua grande basílica é a homenagem cristã àquele que, com São Pedro, é uma das colunas da Igreja Romana. 
Jesus tinha escolhido 12 apóstolos para evangelizarem o mundo. Mas eles eram pessoas simples. Deus tudo pode, mas usa dos meios humanos mais apropriados, conforme ele quer e capacita. Para espalhar sua doutrina no mundo greco-romano pagão, ele quis escolher alguém, perito em diversas línguas, douto na doutrina judaica, cidadão romano, conhecedor do mundo grego e homem de decisão e forte personalidade. E o escolheu entre os seus piores inimigos: os fariseus. E esse fariseu fanático tornou-se, pela graça de Deus, o grande São Paulo. 
A admirável conversão de São Paulo é a mostra do que pode a Graça de Deus. E essa Graça tem operado maravilhosas conversões no decurso dos séculos. Temos, entre tantos, os exemplos de Agostinho, gênio intelectual que, de gnóstico e herege, tornou-se o grande Santo Agostinho, doutor da Igreja, convertido pela força das lágrimas de sua mãe e pela convincente pregação de Santo Ambrósio; de Francisco de Assis que, de mundano tornou-se o grande santo da pobreza; de Santo Inácio de Loyola, convertido ao ler a vida dos santos, num leito de hospital; de Dr. Aléxis Carrel, prêmio Nobel de medicina, ao examinar um milagre de Lourdes. 
Conversão é a saída do pecado para a Graça de Deus. É mudança de mentalidade e de vida. Para melhor. É por isso que todos nós precisamos nos converter. Todos os dias. 
“A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Quantos se deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento” (Francisco, Evangelii gaudium, 1).

Bispo da Administração Apostólica São João Maria Vianney

FESTA DA CONVERSÃO DE SÃO PAULO



O martírio de São Paulo é celebrado junto com o de São Pedro, em 29 de junho, mas sua conversão tem tanta importância para a história da Igreja que merece uma data à parte. Neste dia, no ano 1554, deu-se também a fundação da que seria a maior cidade do Brasil, São Paulo, que ganhou seu nome em homenagem a tão importante acontecimento.

Saulo, seu nome original, nasceu no ano 10 na cidade de Tarso, na Cilícia, atual Turquia. À época era um polo de desenvolvimento financeiro e comercial, um populoso centro de cultura e diversões mundanas, pouco comum nas províncias romanas do Oriente. Seu pai Eliasar era fariseu e judeu descendente da tribo de Benjamim, e, também, um homem forte, instruído, tecelão, comerciante e legionário do imperador Augusto. Pelo mérito de seus serviços recebeu o título de Cidadão Romano, que por tradição era legado aos filhos. Sua mãe uma dona de casa muito ocupada com a formação e educação do filho.

Portanto, Saulo era um cidadão romano, fariseu de linhagem nobre, bem situado financeiramente, religioso, inteligente, estudioso e culto. Aos quinze anos foi para Jerusalém dar continuidade aos estudos de latim, grego e hebraico, na conhecida Escola de Gamaliel, onde recebia séria educação religiosa fundamentada na doutrina dos fariseus, pois seus pais o queriam um grande Rabi, no futuro.

Parece que era mesmo esse o anseio daquele jovem baixo, magro, de nariz aquilino, feições morenas de olhos negros, vivos e expressivos. Saulo já nessa idade se destacava pela oratória fluente e cativante marcada pela voz forte e agradável, ganhando as atenções dos colegas e não passando despercebido ao exigente professor Gamaliel.

Saulo era totalmente contrário ao cristianismo, combatia-o ferozmente, por isso tinha muitos adversários. Foi com ele que Estêvão travou acirrado debate no templo judeu, chamado Sinédrio. Ele tanto clamou contra Estevão que este acabou apedrejado e morto, iniciando-se então uma incansável perseguição aos cristãos, com Saulo à frente com total apoio dos sacerdotes do Sinédrio.

Um dia, às portas da cidade de Damasco, uma luz, descrita nas Sagradas Escrituras como “mais forte e mais brilhante que a luz do Sol”, desceu dos céus, assustando o cavalo e lançando ao chão Saulo , ao mesmo tempo em que ouviu a voz de Jesus pedindo para que parasse de persegui-Lo e aos seus e, ao contrário, se juntasse aos apóstolos que pregavam as revelações de Sua vinda à Terra. Os acompanhantes que também tudo ouviram, mas não viram quem falava, quando a luz desapareceu ajudaram Saulo a levantar pois não conseguia mais enxergar. Saulo foi levado pela mão até a cidade de Damasco, onde recebeu outra “visita” de Jesus que lhe disse que nessa cidade deveria ficar alguns dias, pois receberia uma revelação importante. A experiência o transformou profundamente e ele permaneceu em Damasco por três dias sem enxergar, e a seu pedido também sem comer e sem beber.

Depois Saulo teve uma visão com Ananias, um velho e respeitado cristão da cidade, na qual ele o curava. Enquanto no mesmo instante Ananias tinha a mesma visão em sua casa. Compreendendo sua missão, o velho cristão foi ao seu encontro colocando as mãos sobre sua cabeça fez Saulo voltar a enxergar, curando-o. A conversão se deu no mesmo instante, pois ele pediu para ser Batizado por Ananias. De Damasco saiu a pregar a palavra de Deus, já com o nome de Paulo, como lhe ordenara Jesus, tornando-se Seu grande apóstolo.

Sua conversão chamou a atenção de vários círculos de cidadãos importantes e Paulo passou a viajar pelo mundo, evangelizando e realizando centenas de conversões. Perseguido incansavelmente foi preso várias vezes e sofreu muito, sendo martirizado no ano 67, em Roma. Suas relíquias se encontram na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, na Itália, festejada no dia de sua consagração em 18 de novembro.

O Senhor fez de Paulo seu grande apóstolo, o apóstolo dos gentios, isto é, o evangelizador dos pagãos. Ele escreveu 14 cartas, expondo a mensagem de Jesus, que se transformaram numa verdadeira “Teologia do Novo Testamento”. Também é o patrono das Congregações Paulinas que continuam a sua obra de apóstolo, levando a mensagem do Cristianismo a todas as partes do mundo, através dos meios de comunicação.

A Igreja também celebra neste dia a memória dos santos: Juventino e Apolo.



terça-feira, janeiro 23, 2018

O SACRAMENTO DA UNÇÃO DOS ENFERMOS



O sacramento da unção dos enfermos une intimamente o doente a Cristo

No ritual da unção dos enfermos, encontra-se a seguinte petição a Deus: “Por esta santa unção e pela Sua infinita misericórdia, o Senhor venha em teu auxílio com a graça do Espírito Santo, para que, liberto dos teus pecados, Ele te salve e, na Sua misericórdia, alivie os teus sofrimentos”. Essa oração contém o objeto central desse sacramento, ou seja, confere a ele uma graça especial, que une mais intimamente o doente a Cristo.

Jesus veio para revelar o amor de Deus. Frequentemente, faz isso nas áreas e situações em que nos sentimos especialmente ameaçados em função da fragilidade de nossa vida, devido a doenças, morte etc. Deus Pai quer que nos tornemos saudáveis no corpo e na alma, e reconheçamos nisso a instauração do Seu Reino. Por vezes, só com a experiência da enfermidade percebemos que precisamos do Senhor mais do que tudo. Não temos vida, a não ser em Cristo. Por isso, os doentes e os pecadores têm um especial instinto para perceber o que é essencial.

No Antigo Testamento, o homem doente experimenta os seus limites e, ao mesmo tempo, percebe que a doença está ligada misteriosamente ao pecado. Os profetas intuíram que a enfermidade poderia ter também um valor redentor em relação aos próprios pecados e aos dos outros. Assim, a doença era vivida diante de Deus, do qual o homem implorava a cura. No Novo Testamento, eram os enfermos quem procuravam a proximidade de Jesus, tentando “tocá-Lo, pois d’Ele saía uma força que a todos curava” (Lc 6,19). A compaixão de Jesus Cristo pelos doentes e as numerosas curas de enfermos são um claro sinal de que, com Ele, chegou o Reino de Deus e a vitória sobre o pecado, o sofrimento e a morte. Com a Paixão e Morte, o Senhor dá um novo sentido ao sofrimento, o qual, se for unido ao d’Ele, pode ser meio de purificação e salvação para nós e para os outros.

Curar os enfermos

A Igreja, tendo recebido do Senhor a ordem de curar os enfermos, procura pôr isso em prática com os cuidados para com os doentes, acompanhados da oração de intercessão. Ela possui, sobretudo, um sacramento específico em favor dos enfermos, instituído pelo próprio Cristo e atestado por São Tiago: «Quem está doente, chame a si os presbíteros da Igreja e rezem por ele, depois de o ter ungido com óleo no nome do Senhor» (Tg 5,14-15).

Dessa forma, o sacramento da unção dos enfermos pode ser recebido pelo fiel que começa a se sentir em perigo de morte por doença ou velhice. O mesmo fiel pode recebê-lo também outras vezes se a doença se agravar ou, então, no caso doutra enfermidade grave.

A celebração desse sacramento, se possível, deve ser precedida pela confissão individual do doente. A celebração desse sacramento consiste essencialmente na unção com óleo benzido, se possível, pelo bispo, na fronte e nas mãos do enfermo (no rito romano ou também noutras partes do corpo segundo outros ritos), acompanhada da oração do sacerdote, que implora a graça especial desse sacramento. Ele só pode ser administrado pelos sacerdotes (bispos ou presbíteros).

Perdão dos pecados

Esse sacramento confere uma graça especial que une mais intimamente o doente à Paixão de Cristo, para o seu bem e de toda a Igreja, dando-lhe conforto, paz, coragem e também o perdão dos pecados, se ele não puder se confessar. Consente, por vezes, se for a vontade de Deus, também a recuperação da saúde física do fiel. Em todo caso, essa unção prepara o enfermo para a passagem à Casa do Pai. Por isso, concede-lhe consolação, paz, força e une profundamente a Cristo o doente que se encontra em situação precária e em sofrimento; tendo em vista que o Senhor passou pelas nossas angústias e tomou sobre Si as nossas dores.

Muitos doentes têm medo desse sacramento e adiam-no para o fim, porque pensam se tratar de uma espécie de “sentença de morte”. No entanto, é o contrário disso: a unção dos enfermos é uma espécie de “seguro de vida”. Quem, como cristão, acompanha um enfermo deve libertá-lo desse falso temor. A maior parte das pessoas que está em risco de vida tem a intuição de que nada mais é importante nesse momento do que a confiança imediata e incondicional Àquele que superou a morte e é a própria vida: Nosso Senhor Jesus Cristo, nosso Salvador.

Formação Canção Nova

segunda-feira, janeiro 22, 2018

III DOMINGO DO TEMPO COMUM



A todo o instante somos colocados diante de realidades diversas e contrastantes e temos de fazer as nossas escolhas. A mentalidade dominante, a moda, o politicamente correto, os nossos preconceitos e interesses egoístas interferem frequentemente com as nossas opções e impõem-nos valores que nem sempre são geradores de liberdade, de paz, de vida verdadeira. Mais grave, ainda: muitas vezes, endeusamos determinados valores efêmeros e passageiros, que nos fazem perder de vista os valores autênticos, verdadeiros, definitivos. O nosso texto (1 Cor 7,29-31) sugere um princípio a ter em conta, a propósito desta questão: os valores deste mundo, por mais importantes e interessantes que sejam, não devem ser absolutizados. Não se trata de desprezar as coisas boas que o mundo coloca à nossa disposição; mas trata-se de não colocar nelas, de forma incondicional, a nossa esperança, a nossa segurança, o objetivo da nossa vida.

Na verdade, o cristão deve viver com a consciência de que “o tempo é breve”. Ele sabe que a sua vida não encontra sentido pleno e absoluto nesta terra e que a sua passagem por este mundo é uma peregrinação ao encontro dessa vida verdadeira e definitiva que só se encontra na comunhão plena com Deus. Para chegar a atingir esse objetivo último, o cristão deve converter-se a Cristo e segui-l’O no caminho do amor, da entrega, do serviço aos irmãos. Tudo aquilo que deixa um espaço maior para essa adesão a Cristo e ao seu caminho, deve ser valorizado e potenciado. É aí que deve ser colocada a nossa vida.











sábado, janeiro 20, 2018

FESTA DE SÃO SEBASTIÃO


E você sabe alguma coisa sobre São Sebastião, provavelmente é por ver sua imagem distinta em alguma igreja mostrando ele cheio de flechas.

A partir daí, você poder ter achado que seu martírio se deu pelas flechadas. Mas não é. A história é muito mais incrível!

Sebastião era um soldado Romano do terceiro século que secretamente também era um cristão. A partir de sua coragem e de suas habilidades como soldado, rapidamente subiu de posição hierárquica. O que seus companheiros soldados pagãos não sabiam é que ele usava sua posição de influência para espalhar o evangelho e ajudar os cristãos perseguidos.

Certa vez, dois diáconos gêmeos em Roma, Marcus e Marcellian, recusaram oferecer sacrifícios aos deuses pagãos e foram presos. Quando seus pais foram visitá-los na prisão para tentar convencê-los a renunciarem ao Cristianismo, foram convertidos ao por Sebastião a seguir a Jesus! O filho do prefeito local também foi convertido por Sebastião.

É claro que, com coisas como essas, sua fé cristã não poderia permanecer secreta por muito tempo.

Finalmente, em 286 D.C., o Imperador Diocleciano ouviu falar da fé cristã de Sebastião e ordenou que ele fosse preso em uma estaca e atirassem nele com flechas.

E ele foi. Mas esse não é o final da história.

Acreditando que ele estava morto, os Romanos foram embora. No entanto, uma mulher cristã, Santa Irene de Roma, retirou seu corpo da estaca, ela descobriu algo surpreendente: Ele ainda estava vivo!

Então ela o levou para sua casa e cuidou dele até ficar saudável.

Quando estava forte o suficiente, Sebastião não se escondeu ou viveu uma vida quieta para evitar ser encontrado. Em vez disso, fez o que muitos santos fizeram: voltou à praça pública e começou a proclamar o evangelho.

E foi quando o Imperador Diocleciano ficou bastante impressionado. Quando estava passando por uma rua, o imperador ouviu um homem denunciando um cruel tratamento com os Cristãos. Quando olhou, era Sebastião, o próprio homem que ele viu morto, empalado com inúmeras flechas.

Em vez de ver isso como um sinal e se arrepender, o Imperador ordenou que Sebastião fosse morto de novo. O Santo foi espancado com tacos até os soldados terem a certeza que estava morto. E em vez de levarem seu corpo, o despejaram em um esgoto.

E desta vez, o santo morreu de verdade.

Ou seja, São Sebastião realmente sofreu flechadas, mas morreu a pauladas.

São Sebastião, rogai por nós!














quinta-feira, janeiro 18, 2018

SÃO SEBASTIÃO,POR DOM FERNANDO RIFAN






No próximo dia 20, celebraremos a solenidade do glorioso mártir São Sebastião, padroeiro da Cidade maravilhosa e do nosso Estado do Rio de Janeiro. 

Segundo nos explica Dom Orani João Tempesta, Cardeal Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro, ele nasceu em Narbona, uma cidade ao Sul da França, no século III. Era filho de uma família ilustre. Ficou órfão do pai ainda menino, e então, foi levado para Milão por sua mãe, onde passou os primeiros anos da infância e juventude.
A mãe educou-o com esmero e muito zelo. Ele ingressou no exército imperial, e, por sua cultura e grande capacidade atingiu os mais altos graus da hierarquia militar, chegando a ocupar o posto de Comandante do Primeiro Tribunal da Guarda Pretoriana durante o reinado de Diocleciano, um dos mais severos imperadores romanos, perseguidor dos cristãos.

Foi denunciado ao Imperador como sendo cristão. Mesmo sendo um bom soldado romano, suas atitudes demonstravam sua fé cristã, e, diante de todos, confessou bravamente sua convicção. Foi acusado, então, de traição. Na época, o imperador tinha abolido os direitos civis dos cristãos. Por não aceitar renunciar a Cristo, São Sebastião foi condenado à morte, sendo amarrado a um tronco de árvore e flechado. Porém, não morreu ali. Foi encontrado vivo por uma mulher cristã piedosa que tinha vindo buscar o seu corpo. Diante do ocorrido, recuperada a saúde, apresentou-se diante do Imperador e reafirmou sua convicção cristã. E nova sentença de morte veio sobre ele: foi condenado ao martírio no Circo. Sebastião foi executado, então, com pauladas e boladas de chumbo, sendo açoitado até a morte e jogado nos esgotos perto do Arco de Constantino. Era 20 de janeiro. 

Seu corpo foi resgatado e levado para as catacumbas romanas com grande honra e piedade. Sua fama se espalhou rapidamente. Suas relíquias repousam sobre a Basílica de São Sebastião, na via Apia, em Roma. O Papa Caio escolheu-o como defensor da Igreja e da fé. 

Nesses tempos de grande negação da fé e de valores espirituais e religiosos, humanos e sociais, São Sebastião torna-se um grande modelo de ajuda para nós hoje, principalmente aos jovens, envoltos em grande confusão moral e espiritual. Ele é um sinal de fidelidade a Cristo mesmo com as pressões contrárias. Dessa forma, ele continua anunciando Jesus Cristo, por quem viveu, até os dias de hoje. Ele nos ensina a não desanimarmos com as flechadas que recebemos e a continuarmos firmes na fé.

Um mártir não deve ser um estranho para nós. Ainda em pleno século XXI encontramos irmãos e irmãs nossas que são mortos em tantos países, outros têm ainda seus direitos civis cassados por serem cristãos, outros são condenados à prisão ou à morte por aderirem ao Cristianismo, e ainda são expulsos de suas cidades e suas igrejas queimadas. Além disso, muitos são martirizados em sua fama, em sua honra e tantas outras maneiras modernas de “matar” pessoas por causa da fé ou de suas convicções cristãs.



Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney