Páginas

segunda-feira, junho 18, 2018

XI DOMINGO DO TEMPO COMUM





1 – Simbolismo da semente e do semeador 

A Palavra está nos propondo dois símbolos: o símbolo da semente e o símbolo do semeador. Quanto ao semeador, a 1ª leitura dizia que Deus age entre nós como alguém que replanta a vida num novo local para que produza mais frutos. Deus é plantador de vida nova; Deus é o semeador de sementes que trazem dentro de si a vida nova, como diz o início do Evangelho. Interessante perceber que Deus não se preocupa com o tamanho da semente, mas com a qualidade da vida escondida na semente. O simbolismo da semente e do semeador remete ao estilo de vida de quem caminha na fé, no dizer de São Paulo, na 2ª leitura. Quem caminha na fé torna-se semeador e, por isso, torna-se santificado. Este é o justo, cantado pelo salmista, que cresce como a palmeira e, até mesmo, no tempo da velhice continua dando frutos. 

2 – Paciência no cultivo da vida

As duas parábolas, aquela de Ezequiel e aquela de Jesus falam também da paciência de Deus e descrevem a pedagogia divina pouco preocupada pelo resultado do fruto imediato. O primeiro movimento consiste na escolha de brotos de qualidade, depois vem a dedicação de preparar o terreno e de semear. Nas duas parábolas, os frutos são consequência natural. O agricultor é Deus e a semente é a vida plena. A ansiedade humana é porresultados imediatos, especialmente na atual cultura do resultado, do lucro. A cultura do lucro incentiva a pedagogia da concorrência e esta é ditada pela pressa. Na pedagogia do semeador, diz o início do Evangelho, existe a necessidade de dar tempo para que vida brote no chão de nossas vidas. Nada de pressa, de ansiedade, de pressão. Nocultivo paciente da vida, ora será preciso o transplantepara produzir mais frutos, ora a adubação para fortalecer, ora o repouso para descansar. Paciência para cultivar a vida; esta é a lição do semeador e da semente. 

3 – A dinâmica do Reino de Deus

A paciência divina é visível no cultivo do Reino de Deus. A parábola de Jesus, proclamada no Evangelho, chama atenção para o processo natural do crescimento do Reino onde este é semeado, cultivado com a paciência, no tempo natural de uma semente. Num contexto social onde tudo é "super", "hiper", o "máximo"... o Reino de Deus é apresentado como semente, como grão de mostarda, a menor de todas as sementes. Indicativo que o cultivo do Reino entre nós não acontece pela grandeza (das grandes celebrações ou shows) mas pela simplicidade e pela paciência iguais a do agricultor. Quem se faz semeador do Reino, dos valores do Evangelho, assume a responsabilidade de semear. Depois, como o semeador, espera pacientemente o trabalho da terra. Não importa o tamanho da semente. Pode ser pequena como um grão de mostarda, pode ser um pequeno gesto de bondade, pode ser uma pequena gentileza, pode ser uma pequena ajuda a quem necessita... pequena, mas fraterna. Esta é a semente do Reino no chão de nossa comunidade. Amém!

FOTOS DE PADRE MARCOS BELIZÁRIO CELEBRANDO A MISSA  NA IGREJA DE SANTA MATILDE EM PUTEAUX, FRANÇA.