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segunda-feira, julho 02, 2018

SOLENIDADE DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO




Vocacionados por Jesus

As vidas de Pedro e Paulo mostram claramente como o chamado divino não obedece um padrão predeterminado. A biografia de Pedro e Paulo apresenta-se, pode-se dizer, como que opostas. Pedro, de família pobre, ganhava a vida como pescador do lago de Tiberíades e, possivelmente, não tinha formação acadêmica. Paulo nasceu em família de comerciantes de tecidos e tinha formação acadêmica grega. A cultura de Pedro vinha da experiência da vida; a cultura de Paulo de seus estudos. Jesus não considera origens sociais e nem grau acadêmico. Chama do jeito que são para dedicarem suas vidas ao Evangelho. Tira Pedro do barco e das redes (Lc 5,10-11) e derruba Paulo no caminho a Damasco, perseguindo os cristãos (At 9,3-6).

As diferenças não param por ai. Pedro chegou a negar o Mestre por três vezes (Mt 26,34) e Paulo fora perseguidor dos cristãos, que Jesus identifica-os como se perseguisse a si mesmo: "quem és", pergunta Paulo; "eu sou aquele que persegues" (At 9,5). Pedro e Paulo, negadores do Evangelho e, mesmo assim vocacionados por Jesus a dar a vida pelo Evangelho. Em tudo diferentes; a única coisa que os unia era o amor pelo Mestre e o Evangelho assumido como proposta de vida. Um amor que fez o entristecido Pedro confessar: "Senhor, tu sabes tudo, tu sabes que eu te amo" (E da vigília). Jesus não considera o pecado, considera o amor e os chama para seu serviço. Paulo tanto se empenha no serviço a Jesus pela evangelização que constata que Jesus vive nele: "minha vida presente, eu a vivo na fé em Cristo que entregou sua vida por mim" (Gl 2,20). Ambos responderam ao chamando vocacional vivendo o Evangelho e amando Jesus.



Duas vocações diferentes

Pedro e Paulo responderam de modo diferente ao mesmo chamado vocacional. Paulo se ocupou da evangelização dos gentios, aqueles que não pertenciam ao povo eleito (Gl 2,8), ao passo que Pedro ocupou-se da evangelização dos judeus. Ambos mostram a Igreja evangelizadora ad intra e ad extra. Como naquele tempo, também hoje, trata-se da Igreja sempre necessitada de ser evangelizada, de ser, ela mesma, renovada pela evangelização, cujo patrono (digamos assim) é Pedro.

Mas também uma Igreja em saída, no dizer de Papa Francisco, que vai aos distantes, que se coloca em missão ad gentes. Esta é a Igreja que tem como padroeiro (exemplo de vida) o ardor missionário de São Paulo. Todos os dois são importantes para a Igreja. Os dois demonstram que a difusão do Evangelho necessita santos e santas para evangelizar a Igreja já conhecedora do kerigma; necessita de santos e santas que se dedicam a evangelizar os pagãos de nossos tempos. 

Num tempo que a Igreja dedica-se e busca formas criativas de ir ao povo para evangelizar, as biografias de Pedro e Paulo insistem de modo incisivo no amor por Jesus e no amor pelo Evangelho. É em tal contexto que vale a pena refletir sobre a Exortação Apostólica Gaudate et Exultate, de Papa Francisco, propondo a santidade como caminho natural da vida cristã.