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segunda-feira, fevereiro 04, 2019

IV DOMINGO DO TEMPO COMUM



Significado da profecia Bíblica 

Tudo, nesta celebração, fala de profecia. Na 1ª leitura, a vocação profética de Jeremias e, no Evangelho, o embate de Jesus ao se apresentar como profeta, na sinagoga de Nazaré. Para a Bíblia, o profeta não é um adivinho ou aquele que faz previsões futuras. O profeta não é um mágico. Profeta, na Bíblia, é aquele que abre o ouvido de seus ouvintes para ouvir a Palavra, quer dizer, abre a mente para compreender o significado da Palavra de Deus para o nosso hoje. O profeta abre o nosso coração para acolher a Palavra e convida-nos a nos converter à proposta divina. Mas, ser profeta de Deus para abrir ouvidos, mentes e corações não é tarefa simples. Jeremias, na 1ª leitura, colocou dificuldade e o próprio Deus sabe que as pessoas combatem e enfrentam o profeta. Por isso, o próprio Deus garante o fortalecimento do profeta. "Eu estou contigo para defender-te" e faz do profeta uma cidade fortificada, uma coluna de ferro, um muro de bronze, como ouvimos na 1ª leitura.

Profeta é um provocador

Uma característica do profeta de Deus consiste em reconhecer que é um grande provocador; e, todo provocador desinstala. Por isso, o profeta irrita e é irritante. Irrita porque tira seus ouvintes do comodismo. Por isso, uma boa definição de profeta é dizer que ele nos tira de nossas poltronas. Na prática, o profeta não lê a Palavra, mas ele faz com que Palavra leia a vida do povo. Nisto consiste sua missão. À medida que a Palavra lê a vida do povo, surge a denuncia do pecado e aparecem caminhos que afastam de Deus. Na profecia, a Palavra deixa a vida do povo escancarada diante de si. Isto assusta e isso irrita. Por isso, o profeta não é bem aceito nem em meios religiosos. Hoje, até mesmo na Igreja, buscam-se profetas que favoreçam o bem estar, profetas que cantem canções que acomodem numa religião emotiva. O profeta verdadeiro incomoda, porque Deus não engana, e disso a necessidade de acordar para a vida plena.

Profecia pela caridade

Tudo aquilo que aconteceu na sinagoga de Nazaré, começou no Evangelho do Domingo passado, quando Jesus disse que ele era o profeta enviado por Deus para falar às nações da terra. O que ouvimos no Evangelho de hoje é a reação: expulsam Jesus da sinagoga e tentam matá-lo, jogando-o num precipício. Jesus abriu os olhos daqueles que estavam na sinagoga e eles não gostaram; ficaram irritados. Profetizar com palavras não é muito difícil. Qualquer um que fale bem pode convencer. Hoje, em tempo de coach, estamos repletos de pessoas fazendo palestras motivacionais. A profecia, no contexto bíblico, vai além de uma simples motivação existencial. A finalidade da profecia é despertar um novo modo de pensar a vida pra se viver em coerência com o dom maior, que é a caridade, o amor. Tudo irá passar, até mesmo as profecias. No final de tudo, o que contará é o amor, a caridade. Esta é a grande profecia, dizia Paulo, na 2ª leitura. Amém!

No hino de Paulo que lemos neste domingo e que é uma das suas páginas mais célebres, o apóstolo indica-nos “um caminho superior a todos os outros”: não o caminho do amor-paixão, não o caminho do amor-amizade, mas o caminho do amor-caridade: o caminho da agapè. E para falar deste amor, em vez de dar definições, ele mostra-o em ação e utiliza 15 verbos: ter paciência, servir, não invejar, não se vangloriar, não se orgulhar, etc. Este hino eleva-nos, inflama-nos… mas proíbe-nos de sonhar: estes 15 verbos são verbos para a ação! Uma sugestão: reler este texto, substituindo “caridade” por “Cristo”. A agapè é Cristo que ama em nós!