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terça-feira, abril 30, 2019

II DOMINGO DA PÁSCOA, SACRAMENTO DO CRISMA



Depois das catequeses sobre Batismo, estes dias que seguem a solenidade de Pentecostes nos convidam a refletir sobre o testemunho que o Espírito Santo suscita nos batizados, colocando em movimento suas vidas, abrindo-a ao bem dos outros. Aos seus discípulos, Jesus confiou uma missão grande: “Vós sois o sal da terra, vós sois a luz do mundo” (cfr Mt 5, 13-16). Estas são imagens que fazem pensar no nosso comportamento, porque seja a carência seja o excesso de sal tornam desgostoso o alimento, assim como a falta e o excesso de luz impedem de ver. Quem pode realmente tornar-nos sal que dá sabor e preserva da corrupção, e luz que ilumina o mundo, é somente o Espírito de Cristo! E este é o dom que recebemos no sacramento da Confirmação ou Crisma, sobre o qual desejo me concentrar a refletir com vocês. Chama-se “Confirmação” porque confirma o Batismo e reforça a sua graça (cfr Catecismo da Igreja Católica, 1289); como também “Crisma”, pelo fato de que recebemos o Espírito através da unção com o “crisma” – óleo misto com perfume consagrado pelo bispo – termo que nos leva a “Cristo”, o Ungido pelo Espírito Santo.  
Renascer à vida divina no Batismo é o primeiro passo; é preciso então comportar-se como filho de Deus, ou seja, conformar-se ao Cristo que age na santa Igreja, deixando-se envolver na sua missão no mundo. A isso provê a unção do Espírito Santo: “sem a sua força, nada está no homem” (cfr Sequência de Pentecostes). Sem a força do Espírito Santo, não podemos fazer nada: é o Espírito que nos dá a força para seguir adiante. Como toda a vida de Jesus foi animada pelo Espírito, assim também a vida da Igreja e de cada um dos seus membros está sob a guia do mesmo Espírito. 
Concebido pela Virgem por obra do Espírito Santo, Jesus começa a sua missão depois que, saindo da água do Jordão, é consagrado pelo Espírito que desce e permanece sobre Ele (cfr Mc 1, 10; Jo 1, 32). Ele o declara explicitamente na sinagoga de Nazaré: é belo como Jesus se apresenta, qual é a carteira de identidade de Jesus na sinagoga de Nazaré! Ouçamos como o faz: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu; e enviou-me para anunciar a boa nova aos pobres” (Lc 4, 18). Jesus se apresenta na sinagoga do seu vilarejo como o Ungido, Aquele que foi ungido pelo Espírito. 
Jesus é pleno do Espírito Santo e é a fonte do Espírito prometido pelo Pai (cfr Jo 15, 26; Lc 24, 49; At 1, 8; 2, 33). Na realidade, na noite de Páscoa, o Ressuscitado sopra sobre os discípulos dizendo a eles: “Recebam o Espírito Santo” (Jo 20, 22); e no dia de Pentecostes a força do Espírito desce sobre os Apóstolos de forma extraordinária (cfr At 2, 1-4), como nós conhecemos. 
O “Respiro” do Cristo Ressuscitado enche de vida os pulmões da Igreja; e de fato as bocas dos discípulos, “cheios do Espírito Santo”, se abrem para proclamar a todos as grandes obras de Deus (cfr At 2, 1-11). 
O Pentecostes – que celebramos domingo passado – é para a Igreja o que foi para Cristo a unção do Espírito recebida no Jordão, ou seja, o Pentecostes é o impulso missionário a gastar a vida pela santificação dos homens, a glória de Deus. Se em cada sacramento age o Espírito, é de modo especial na Confirmação que “os fiéis recebem como Dom o Espírito Santo” (Paulo VI, Cost. ap. Divinae consortium naturae). E no momento de fazer a unção, o bispo diz esta palavra: “Receba o Espírito Santo que te foi dado como dom”: é o grande dom de Deus, o Espírito Santo. E todos nós temos o Espírito dentro. O Espírito está no nosso coração, na nossa alma. E o Espírito nos guia na vida para que nos tornemos sal e luz justos aos homens. 
Se no Batismo é o Espírito Santo a nos imergir em Cristo, na Confirmação é o Cristo a nos encher do seu Espírito, consagrando-nos suas testemunhas, partícipes do mesmo princípio de vida e de missão, segundo o desígnio do Pai celeste. O testemunho dado pelos confirmados manifesta a recepção do Espírito Santo e a docilidade à sua inspiração criativa. Eu me pergunto: como se vê que recebemos o dom do Espírito Santo? Se realizamos as obras do Espírito, se pronunciamos palavras ensinadas pelo Espírito (cfr 1 Cor 2, 13). O testemunho cristão consiste em fazer somente e tudo aquilo que o Espírito de Cristo nos pede, concedendo-nos a força de realizá-lo


CATEQUESE DO PAPA FRANCISCO
Praça São Pedro – Vaticano
Quarta-feira, 23 de maio de 2018



Missa com a celebração do Sacramento do Crisma 
Dom Paulo Celso 




























quinta-feira, abril 25, 2019

CONTEMPLAR APAIXONADAMENTE




Em primeiro lugar, é um apelo que se dirige a todos os cristãos, mas que ressoa, de maneira especial, aos ouvidos daqueles que são especialmente consagrados, sobretudo se tivermos em conta a reiterada insistência do Papa na dimensão profética da Vida Consagrada. Com efeito, esta forma de vida, desde a sua essência mais pura e profunda, configura um estilo de vida contracultural, crítico e questionador de usos, práticas e costumes profundamente arraigados em nós, mas pouco saudáveis.
Em segundo lugar, nesta proposta de uma nova maneira de entender a qualidade de vida, está subjacente uma advertência quanto a uma perspectiva redutora que identifica essa mesma qualidade de vida com um estilo consumista. Vários sectores da nossa sociedade têm-se esforçado por veicular a ideia que quanto mais consumirmos mais felizes seremos e melhor realizados nos descobriremos. Ora, é precisamente este vínculo que é posto em dúvida nas palavras do Papa. Incumbe, por isso, a todos os cristãos demonstrar que este é um vínculo excessivo e forçado, com consequências devastadoras para o nosso planeta.
Uma vida de qualidade não advém do acesso folgado e refastelado ao consumo, mas antes duma alegria alimentada por um estilo de vida profético e contemplativo. Dito de outro modo, é possível experimentar a alegria, quando contemplamos o mundo natural; é possível gozar a alegria, quando nos solidarizamos com os mais pobres e desfavorecidos e somos capazes de ser a sua voz; é possível viver a alegria, quando pomos em prática um estilo de vida sóbrio e humilde, que nos permita alegrar-nos com o que temos, sem estarmos obcecados por aquilo que não temos.
A consolidação dum estilo de vida profético e contemplativo implica redescobrir a natureza como o cenário privilegiado para a experiência estética. Precisamos de cuidar melhor das nossas actividades – lúdicas, pastorais, fraternas – ao ar livre. De facto, é a partir do assombro, do gozo e da beleza, que experimentamos ao contemplar o mundo natural, que podemos aceder à experiência transcendente. Este salto do natural para o sobrenatural é possível, porque a criação é o reflexo da beleza e da bondade de Deus. Os nossos jovens precisam muito de passeios, caminhadas e peregrinações ao ar livre. Por isso, não devemos descurar «a relação que existe entre uma educação estética apropriada e a preservação de um ambiente sadio. Prestar atenção à beleza e amá-la ajuda-nos a sair do pragmatismo utilitarista. Quando não se aprende a parar a fim de admirar e apreciar o que é belo, não surpreende que tudo se transforme em objecto de uso e abuso sem escrúpulos» (LS 215).

Fonte: Dehonianos de Portugal


terça-feira, abril 23, 2019

MISSA DO DOMINGO DE PÁSCOA





1 – Ressurreição: convite para viver a vida plena


Mesmo antes do anúncio da Ressurreição de Jesus pelos Apóstolos, a Ressurreição era questionada e desmentida. Os soldados tinham sido instruídos a mentir, dizendo que o corpo de Jesus tinha sido roubado (Mt 28,11-14). Com o passar do tempo, os Apóstolos e missionários do Evangelho presenciaram cenas de desprezo e de indiferença por pessoas que ouviram o anúncio da Ressurreição de Jesus. Isto perpassou os séculos e, a Ressurreição de Jesus continua sendo contestada até hoje. A nossa fé na Ressurreição de Jesus não é uma doutrina ou uma construção teológica e, muito menos, um mito ou uma história inventada. É uma realidade que se fundamenta em fatos históricos. Num determinado momento da história da humanidade aconteceu este fato: Jesus Cristo, o Filho de Deus, encarnado na vida humana, morreu e ressuscitou.


2 – Compreender a Escritura

Podemos admitir dificuldade em compreender e, até mesmo, aceitar a Ressurreição de Jesus. Diante disso, a 1ª leitura e o Evangelho fazem referência a uma única fonte esclarecedora: a Escritura. Não alguma passagem específica da Escritura, mas a toda Escritura. Podemos até imaginar como aconteceu a Ressurreição, mas a compreensão do fato, esta se alcança pelo conhecimento da Escritura. O Evangelho que ouvimos descreve três reações diante da notícia da Ressurreição de Jesus: Maria chora desolada, João espera na entrada da sepultura e Pedro entra e não entende o que aconteceu. A explicação das reações de Maria, de Pedro e de João está no final do Evangelho: “De fato, ainda não tinham compreendido a Escritura, segundo a qual ele devia ressuscitar dos mortos”. A chave da compreensão da Ressurreição de Jesus está na Escritura. A Ressurreição de Jesus, como cantava o salmo, é a maior de todas as manifestações da misericórdia de Deus para conosco e sua compreensão acontece pelo conhecimento da Escritura. Sem a luz da Escritura, tudo é especulação estéril.

obs : No tempo de sua vida terrena, Jesus ressuscitou o filho da viúva de Naim, a filha de um oficial romano e o seu amigo Lázaro. Em vez de ressurreição, seria melhor dizer reanimação da vida. Isto quer dizer que a pessoa volta a ter a mesma vida de antes e está sujeita à morte. Ressuscitar é diferente. A ressurreição é o ingresso num modo completamente novo de viver; ingresso numa vida sobre a qual a morte não tem mais algum poder. De tempos em tempos, Jesus dizia que ressuscitaria ao terceiro dia, mas seus amigos não haviam compreendido o que Jesus estava dizendo.  A reanimação da vida é algo que pode ser vista pelos sentidos, pelos olhos. A Ressurreição, ao contrário, é algo que necessita da luz divina para ser compreendida; disto a presença dos anjos. Hoje, para nós, necessitamos da fé para professar com nosso modo de viver, com nosso modo de pensar que Jesus, verdadeiramente, ressuscitou.


3 – Páscoa é passagem para fazer o bem

E o que diz a Escritura para o nosso tempo histórico. Sabemos que a palavra “páscoa” significa “passagem”. A vida de Jesus foi uma páscoa. Em Jesus, Deus se faz homem para passar — para fazer sua Páscoa — nesta terra. O jeito de passar entre nós é explicado por Pedro, na 1ª leitura: "Ele andou por toda a parte fazendo o bem". Jesus passou de casa em casa, de aldeia em aldeia, curando doentes, libertando pessoas do mal, ensinando e propondo a passagem (a páscoa) de um modo de viver para outro estilo de vida. A Ressurreição que, hoje, alegremente celebramos é convite para vivermos a mesma Páscoa de Jesus, ou seja, que nossas vidas sejam uma passagem por este mundo para semear o bem, para cultivar o bem, para fazer frutificar o bem semeando vida. Ao saudá-los com feliz Páscoa, desejo que vivem suas vidas fazendo o bem, recusando o fermento da maldade, como dizia a 2ª leitura, para sentir a beleza e a alegria da vida plena que vem da Ressurreição de Jesus. Feliz Páscoa a todos!










segunda-feira, abril 22, 2019

VIGÍLIA DA PÁSCOA




1 – A grande notícia da Ressurreição de Jesus

Nesta noite da Santa Páscoa de Jesus Cristo, na qual comemoramos solenemente a Ressurreição do Senhor, nossa celebração respira alegria, festa e agradecimento. Hoje, como comunidade cristã, somos convocados a ouvir a mais bela notícia — o maior de todos os Evangelhos — que Deus comunica ao mundo: Jesus ressuscitou. Este é o grande prodígio que somente Deus pode realizar: vencer a morte e ressuscitar para a vida plena. Hoje, na alegria festiva desta Santa Noite da Páscoa do Senhor, pedimos a graça divina para que nos ajude a viver nossa vida cristã de modo coerente, testemunhando com alegria a plenitude da vida, que recebemos em nosso Batismo, que comungamos na Eucaristia, graças à Ressurreição de Jesus. 


2 – Ressuscitar com Cristo

Toda a longa Liturgia da Palavra, que estamos celebrando, descreve a ação divina conduzindo o seu povo para passar de uma situação de escravidão para uma situação de vida. A passagem pelas águas do Mar Vermelho é um símbolo forte neste sentido. O povo passa pelas águas e deixa para trás a vida escravizada que vivia no Egito. Aquela vida passada morreu nas águas do Mar Vermelho. Na epístola, que foi proclamada depois do canto do Glória, São Paulo ensina que o nosso Batismo é um passar pelas águas, que deixa afogado um estilo de vida e faz ressuscitar um homem e uma mulher novos. Diz Paulo, que as águas do Batismo destroem um corpo de pecado. Destroem uma vida escravizada no pecado para que possa ressuscitar uma vida nova. Hoje, nesta Noite Santa da Páscoa, queremos renovar nosso compromisso de viver como pessoas que são discípulos e discípulas de Jesus Cristo.


3 – Ressurreição e não reanimação

No tempo de sua vida terrena, Jesus ressuscitou o filho da viúva de Naim, a filha de um oficial romano e o seu amigo Lázaro. Em vez de ressurreição, seria melhor dizer reanimação da vida. Isto quer dizer que a pessoa volta a ter a mesma vida de antes e está sujeita à morte. Ressuscitar é diferente. A ressurreição é o ingresso num modo completamente novo de viver; ingresso numa vida sobre a qual a morte não tem mais algum poder. De tempos em tempos, Jesus dizia que ressuscitaria ao terceiro dia, mas seus amigos não haviam compreendido o que Jesus estava dizendo. No momento que as mulheres chegam à sepultura e não veem Jesus, deduzem que seu corpo tinha sido roubado. São os anjos que pedem ás mulheres para não procurar Jesus no reino da morte, mas no reino da vida, no Reino de Deus. A reanimação da vida é algo que pode ser vista pelos sentidos, pelos olhos. A Ressurreição, ao contrário, é algo que necessita da luz divina para ser compreendida; disto a presença dos anjos. Hoje, para nós, necessitamos da fé para professar com nosso modo de viver, com nosso modo de pensar que Jesus, verdadeiramente, ressuscitou. Aleluia!