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No
contexto das leituras que ouvimos, iniciamos nossa reflexão quaresmal
questionando que propostas de vida estamos ouvindo. Jesus, no Evangelho, diz
que ouvir e acolher a Palavra de Deus é tão importante como se alimentar com o
pão. Existe, portanto, uma palavra que tenta, dizia a 1ª leitura e, tem uma
palavra que sustenta, dizia Jesus, no Evangelho.
As
palavras entram em nós quando silenciamos. No barulho, ouvimos muitos sons, mas
é no silêncio que acolhemos as palavras e estas penetram em nossas vidas. Adão
e Eva estavam no silêncio do paraíso quando ouviram a palavra da serpente e a
interiorizaram. Jesus estava no silêncio do deserto, quando ouve a palavra do
tentador e não a interiorizou porque estava repleto da Palavra de Deus. Também
nós, em momentos de silêncios, quando caminhamos, vamos de ônibus ou de carro,
ou até antes de adormecer... ouvimos, pensamos e acolhemos palavras. São
momentos de decisão. Vejam que, em nenhum momento a serpente pede para comer o
fruto. Mas a serpente fala, cria um pensamento em Adão e Eva e, depois eles
decidem. A serpente mostra a beleza da fruta e o paladar, mas a decisão pela
escolha de ouvir e obedecer ao tentador é sempre minha; é sempre pessoal.
Cultivar
a vida como dom e responsabilidade exige silêncio e jejum, como fez Jesus no
deserto. Silêncio e jejum, dizem os místicos, simbolizam o esvaziamento total dos
critérios humanos para se poder acolher plenamente a Palavra de Deus e viver
segundo os critérios divinos. É o que Jesus faz para fortalecer sua vida. Não
alimenta sua vida somente de pão, mas a alimenta com a Palavra de Deus. Não
alimenta sua vida com a fama e com a riqueza, mas a alimenta com a Palavra de
Deus. Aqui está o grande desafio que o início da Quaresma nos propõe. Nossa
qualidade de vida passa pela nossa espiritualidade, pelas decisões que tomamos
diante das propostas que são feitas por palavras, que produzem pensamentos e
decisões. Que palavras ouvimos e acolhemos: aquelas do tentador ou aquela
Palavra que vem de Deus? Amém?
