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segunda-feira, maio 31, 2021

CORPUS CHRISTI






Amanhã celebraremos com toda a Igreja a solenidade de Corpus Christi, isto é, do SS. Corpo e Sangue de Cristo, presente na Santíssima Eucaristia.

Por que se dá tanta importância a esta solenidade? Porque “a Eucaristia é o coração e o ápice da vida da Igreja, pois nela Cristo associa sua Igreja e todos os seus membros a seu sacrifício de louvor e ação de graças oferecido uma vez por todas na cruz a seu Pai; por seu sacrifício ele derrama as graças da salvação sobre o seu corpo, que é a Igreja. A Eucaristia é o memorial da Páscoa de Cristo: isto é, da obra da salvação realizada pela Vida, Morte e Ressurreição de Cristo, obra esta tornada presente pela ação litúrgica. Enquanto sacrifício, a Eucaristia é também oferecida em reparação dos pecados dos vivos e dos defuntos, e para obter de Deus benefícios espirituais ou temporais” (C.I.C. nn.1407, 1409 e 1414).

A Eucaristia, nas suas três dimensões, Sacrifício da Missa, Comunhão e Presença Real, “é o ápice e a fonte de todo o culto e da vida cristã, por ela é significada e se realiza a unidade do povo de Deus, e se completa a construção do Corpo de Cristo...” (Direito Can. cân. 897).

Esse tesouro de valor incalculável, a Santíssima Eucaristia, foi instituído por Jesus na Última Ceia, na Quinta-feira Santa. Mas, então, na Semana Santa, a Igreja estava ocupada com as dores da Paixão de Cristo. Por isso, na primeira quinta-feira livre depois do tempo pascal, ou seja, amanhã, a Igreja festeja com toda a solenidade Jesus Cristo, vivo e ressuscitado, presente sob as espécies de pão e vinho, na Hóstia Consagrada.

Nesta solenidade do Corpo de Deus, dada a atual triste situação de pandemia e de violência, duas intenções se fazem necessárias: oração pelo fim dessa doença com a preservação da nossa saúde, com menção especial dos que estão na frente dessa batalha pela cura dos nossos irmãos, e a paz, nas consciências, nas famílias, nas cidades, no Brasil e no mundo. É o que nos pede o Papa Francisco: “Reconhecemos a necessidade de rezar constantemente pela paz, porque a oração protege o mundo e o ilumina. A paz é o nome de Deus”. A oração recorda que a verdadeira paz começa no coração de cada um. “Estamos indignados diante de tanta corrupção e violência que espalham morte e insegurança. Pedimos perdão e conversão. Pai misericordioso, nós vos pedimos pelo Brasil! Vivemos um momento triste, marcado por injustiças e violência. Necessitamos muito do vosso amor misericordioso, que nunca se cansa de perdoar, para nos ajudar a construir a justiça e a paz, em nosso país. Vosso Filho, Jesus, nos ensinou: ‘Pedi e recebereis’. Por isso, nós vos pedimos confiantes: fazei que nós, brasileiros e brasileiras, sejamos artesãos da paz, iluminados pela Palavra e alimentados pela Eucaristia. Vosso filho Jesus está no meio de nós, no Santíssimo Sacramento, trazendo-nos esperança e força para caminhar. A comunhão eucarística seja fonte de comunhão fraterna e de paz, em nossas comunidades, nas famílias e nas ruas. Seguindo o exemplo de Maria, queremos permanecer unidos a Jesus Cristo, que convosco vive, na unidade do Espírito Santo. Amém!” 


Fonte: Dom Fernando Arêas Rifan

sábado, maio 29, 2021

O PECADO E O PECADOR








Com o crescimento dos movimentos pro-LGBTetc, surge sempre a questão da discriminação e da fobia com relação a pessoas. Por isso, vale sempre lembrar a posição equilibrada da Igreja Católica a esse respeito.

 

São condenáveis toda a violência, discriminação injusta e preconceito contra as pessoas homossexuais. Deve-se defender sempre a caridade para com essas pessoas. Mas isso não significa aprovação da prática homossexual.

 

“A homossexualidade designa as relações entre homens ou mulheres, que experimentam uma atração sexual exclusiva ou predominante para pessoas do mesmo sexo. Tem-se revestido de formas muito variadas, através dos séculos e das culturas. A sua gênese psíquica continua em grande parte por explicar. Apoiando-se na Sagrada Escritura, que os apresenta como depravações graves (Cf. Gn 19, 1-29; Rm 1, 24-27; 1 Cor 6, 9-10; 1 Tm 1, 10) a Tradição sempre declarou que ‘os atos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados’ (Congregação da Doutrina da Fé, Decl. Persona humana, 8). São contrários à lei natural, fecham o ato sexual ao dom da vida, não procedem duma verdadeira complementaridade afetiva sexual, não podem, em caso algum, ser aprovados” (Catecismo da Igreja Católica, n. 2357).

 

As citações acima da Sagrada Escritura são muito graves: O livro do Gênesis 19, 1-29 narra como a maldade de Sodoma e Gomorra, onde se praticava esse pecado, clamou ao céu, e lhes trouxe a destruição. São Paulo, na Epístola aos Romanos, 1, 24-27, condena abertamente esse pecado como sendo contra a natureza. Na 1ª Epístola aos Coríntios 6, 9-10, o Apóstolo fala claramente que os efeminados, os sodomitas... não terão parte no reino de Deus. E repete essa reprovação na 1ª Epístola a Timóteo,1, 10.

 

Mas a Igreja ensina a compreensão para com essas pessoas, quando sofrem com essa situação e não se vangloriam da prática do pecado.

 

“Um número considerável de homens e de mulheres apresenta tendências homossexuais profundamente radicadas. Esta propensão, objetivamente desordenada, constitui, para a maior parte deles, uma provação. Devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á, em relação a eles, qualquer sinal de discriminação injusta. Estas pessoas são chamadas a realizar na sua vida a vontade de Deus e, se forem cristãs, a unir ao sacrifício da cruz do Senhor as dificuldades que podem encontrar devido à sua condição” (Catecismo da Ig. Católica, n. 2357). As pessoas homossexuais são chamadas à castidade. Pelas virtudes do autodomínio, educadoras da liberdade interior, e, às vezes, pelo apoio duma amizade desinteressada, pela oração e pela graça sacramental, podem e devem aproximar-se, gradual e resolutamente, da perfeição cristã.

 

Tudo fica resumido na célebre frase de Santo Agostinho: “Odiai o erro, amai os que erram”. E a palavra do Salmo: “a verdade e o amor se encontrarão, a justiça e a paz se abraçarão” (Sl 85,11).

 

Fonte: Dom Fernando Arêas Rifan


segunda-feira, maio 24, 2021

PENTECOSTES









A comunidade cristã só existe de forma consistente, se está centrada em Jesus. Jesus é a sua identidade e a sua razão de ser. É n'Ele que superamos os nossos medos, as nossas incertezas, as nossas limitações, para partirmos à aventura de testemunhar a vida nova do Homem Novo. As nossas comunidades são, antes de mais, comunidades que se organizam e estruturam à volta de Jesus? Jesus é o nosso modelo de referência? É com Ele que nos identificamos, ou é num qualquer ídolo de pés de barro que procuramos a nossa identidade? Se Ele é o centro, a referência fundamental, têm algum sentido as discussões acerca de coisas não essenciais, que às vezes dividem os crentes?

 

Identificar-se como cristão significa dar testemunho diante do mundo dos "sinais" que definem Jesus: a vida dada, o amor partilhado. É esse o testemunho que damos? Os homens do nosso tempo, olhando para cada cristão ou para cada comunidade cristã, podem dizer que encontram e reconhecem os "sinais" do amor de Jesus?

 

As comunidades construídas à volta de Jesus são animadas pelo Espírito. O Espírito é esse sopro de vida que transforma o barro inerte numa imagem de Deus, que transforma o egoísmo em amor partilhado, que transforma o orgulho em serviço simples e humilde... É Ele que nos faz vencer os medos, superar as cobardias e fracassos, derrotar o cepticismo e a desilusão, reencontrar a orientação, readquirir a audácia profética, testemunhar o amor, sonhar com um mundo novo. É preciso ter consciência da presença contínua do Espírito em nós e nas nossas comunidades e estar atentos aos seus apelos, às suas indicações, aos seus questionamentos.












quarta-feira, maio 19, 2021

O DIVINO CONSOLADOR







O DIVINO CONSOLADOR

19 de maio de 2021

 

Paróquia São Conrado




Domingo próximo será a festa do DIVINO, ou seja, a solenidade de Pentecostes, na qual celebraremos a vinda do DIVINO Espírito Santo sobre os Apóstolos reunidos com Nossa Senhora: a inauguração da Igreja de Cristo, seu Corpo Místico, vivo pela ação do Espírito Santo. O Espírito Santo é chamado de “paráclito”, palavra grega que significa “consolador”, aquele que conforta e reanima, que intercede como um defensor, advogado.

 

Deus, ao criar Adão, o primeiro homem, após formar o seu corpo do pó do solo, soprou sobre ele um “sopro de vida”, surgindo assim o ser humano completo, corpo e alma (Gn 2, 7). Jesus, durante sua vida pública, formou o corpo da Igreja: convocou os Apóstolos, a quem deu a sua autoridade, escolheu Pedro para o chefe, a “pedra”, e deu-lhes o poder de transmitir a graça e os seus ensinamentos. Estava formada a hierarquia, a Igreja docente, que, junto com os outros discípulos, a Igreja discente, formava o corpo da Igreja. Faltava agora a alma, o sopro da vida. Sopro em latim é “spiritus”. Sopro divino, a alma da Igreja, é o Espírito Santo, que Jesus enviou sobre os Apóstolos, sobre a sua nascente Igreja. Agora a obra está completa.

 

Assim o Espírito Santo completou a obra de Cristo, santificando os Apóstolos, transformando-os de fracos em fortes, de medrosos em corajosos, de ignorantes em sábios, para assim pregarem o Evangelho de Jesus a todos os povos, enfrentando a sabedoria pagã, as perseguições e até a morte, pela causa de Cristo. E até hoje, é o Espírito Santo que dá força aos mártires, testemunhas do Evangelho até o derramamento do sangue, o vigor aos missionários e pregadores, a ciência aos doutores, a pureza às virgens, a perseverança aos justos e a conversão aos pecadores. É o Espírito Santo que garante a indefectibilidade e a infalibilidade à Igreja, até ao fim do mundo. Nenhuma sociedade humana sobreviveria a tantas perseguições, tantas heresias e cismas, tantos inimigos externos e internos, tanta gente ruim no seu seio (nós, por exemplo!), leigos, padres, Bispos e Papas ruins, tantos escândalos da parte dos seus membros, tantas dificuldades, se não fosse a ação do Espírito Santo que a mantém incólume no meio de todas essas tempestades, até a consumação dos séculos.

 

É essa ação do Espírito Santo que produziu os santos, que fazem a glória da Igreja, e são milhares e milhares. Conhecemos alguns por nome, respeitados por todo o mundo, mesmo pelos não católicos e não cristãos: quem não respeita e admira a santidade de um São Francisco de Assis, a ciência de um Santo Agostinho, um São Jerônimo e um Santo Tomás de Aquino, a firmeza de São Sebastião, a pureza de Santa Inês e Santa Cecília, a candura de Santa Teresinha do Menino Jesus, a caridade de Santa Teresa de Calcutá e de Santa Dulce dos Pobres, etc. É o Espírito Santo, presente na Igreja, que cumpre a promessa de Jesus: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28, 20). Temos no Espírito Santo o continuador de Jesus, o consolador e advogado da Igreja.

 

Fonte: Dom Fernando Arêas Rifan


segunda-feira, maio 17, 2021

ASCENSÃO DO SENHOR






Só quem tem fé num futuro melhor pode viver intensamente o presente. Só quem conhece o destino caminha com firmeza, apesar dos obstáculos. Talvez seja esta a mensagem mais importante do relato da Ascensão para uma sociedade como a nossa.

Para quem não espera nada no final, os sucessos, as alegrias, os êxitos da vida são tristes, porque acabam. Para quem crê que esta vida está secretamente aberta à vida definitiva, os sucessos, os trabalhos, os sofrimentos e alegrias são anseio e anúncio, busca da felicidade final.

Não se pode descrever o céu, mas podemos antegozá-lo. Não podemos alcançá-lo com nossa mente, mas é difícil não desejá-lo. Se falamos do céu não é para satisfazer nossa curiosidade, mas para reavivar nosso desejo e nossa atração por Deus. Se o recordamos é para não esquecer o anseio último que trazemos no coração.

Ir para o céu não é chegar a um lugar, mas entrar para sempre no Mistério do amor de Deus. Por fim, Deus já não será alguém oculto e inacessível. Embora nos pareça inacreditável, poderemos conhecer, tocar, provar e desfrutar seu ser mais intimo, sua verdade mais profunda, sua bondade e beleza infinitas. Deus despertará em nós a paixão do amor para sempre.

Esta comunhão com Deus não será uma experiência individual. Jesus ressuscitado nos acompanhará. Ninguém vai ao Pai se não for por meio de Cristo. “Nele habita toda a plenitude da divindade em forma corporal" (CI 2,9). Só conhecendo e desfrutando o mistério contido em Cristo penetraremos no mistério insondável de Deus. Cristo será o nosso céu”. Vendo a ele, "veremos" a Deus.

Cristo não será o único mediador de nossa felicidade eterna. Inflamados pelo amor de Deus, cada um de nós nos converteremos, à nossa maneira, em “céu" para os outros. A partir de nossa limitação e finitude tocaremos o Mistério infinito de Deus, saboreando-o em suas criaturas.

Gozaremos de seu amor insondável, saboreando-o no amor humano. O gozo de Deus nos será dado encarnado no prazer humano.

O teólogo húngaro Ladislaus Boros procura sugerir esta experiência indescritível: "Sentiremos o calor, experimentaremos o esplendor, a vitalidade, a riqueza transbordante da pessoa que hoje amamos, com a qual desfrutamos e pela qual agradecemos a Deus. Todo o seu ser, a profundeza de sua alma, a grandeza de seu coração, a criatividade, a amplitude, a paixão de sua reação amorosa não serão presenteados”.

Que plenitude alcançará em Deus a ternura, a comunhão e o gozo do amor e da amizade que conhecemos aqui! Com que intensidade nos amaremos então, nós que já nos amamos tanto na terra! Poucas experiências nos permitem antegozar melhor o destino último ao qual somos atraídos por Deus.

quinta-feira, maio 13, 2021

OS SEGREDOS DE FÁTIMA






No dia 13 de maio, celebramos o 104o aniversário da primeira de uma série de aparições de Nossa Senhora a três simples crianças, pastores de ovelhas, em Fátima, pequena cidade de Portugal, de onde a devoção se espalhou e chegou ao Brasil. São sempre atuais e dignas de recordação as suas palavras e seu ensinamento.

 

O segredo da importância e da difusão de sua mensagem está exatamente na sua abrangência de praticamente todos os problemas da atualidade. Aquelas três simples crianças foram os portadores do “recado” da Mãe de Deus para o Papa, governantes, cristãos e não cristãos do mundo inteiro.

 

Aos pastorinhos, em Fátima, Nossa Senhora revelou três segredos, mais tarde divulgados. O primeiro segredo diz respeito a cada um de nós, individualmente, e é sobre a nossa salvação eterna. Foi a visão do inferno, que assustou saudavelmente as crianças: “Vistes o inferno para onde vão as almas dos pobres pecadores...”. E recomendou-lhes a oração e o sacrifício pelos que estão longe de Deus: “muitas almas se perdem porque ninguém oferece sacrifícios por elas”. “Não ofendam mais a Deus, Nosso Senhor, que já está muito ofendido”.

 

O segundo segredo diz respeito ao mundo, à sociedade em geral: a difusão do comunismo: “A Rússia espalhará os seus erros pelo mundo”. A Rússia tinha acabado de adotar o comunismo, aplicação prática da doutrina marxista, ateia e materialista.  Nossa Senhora nos alerta contra esse perigo, o esquecimento dos bens espirituais e eternos, erro que, conforme sua predição, vai cada vez mais se espalhando na sociedade moderna, vivendo os homens como se Deus não existisse: o ateísmo prático, o secularismo.  Se o comunismo, como sistema econômico, fracassou, suas ideias continuam vivas e penetrando na sociedade atual. Aliás, os outros sistemas econômicos, se também adotam o materialismo e colocam o lucro acima da moral e da pessoa humana, adotam os erros do comunismo e acabam se encontrando na exclusão de Deus. Sobre isso, no discurso inaugural do CELAM, em 13 de maio de 2007, em Aparecida, o Papa Bento XVI alertou: “Aqui está precisamente o grande erro das tendências dominantes do último século... Quem exclui Deus de seu horizonte, falsifica o conceito da realidade e só pode terminar em caminhos equivocados e com receitas destrutivas”. Fátima é, sobretudo, a lembrança de Deus e das coisas sobrenaturais aos homens de hoje.

 

O terceiro segredo diz respeito à Igreja: a visão de um homem de branco, na praça de São Pedro, andando sobre os cadáveres de bispos e padres, sendo depois abatido, simbolizando a perseguição à Igreja, a cristofobia (ou cristianofobia), a decadência religiosa, a perda da fé, a perda da influência do cristianismo na civilização atual.

 

Enfim, Fátima é a recapitulação e a recordação do Evangelho para os tempos modernos. O Rosário, tão recomendado por Nossa Senhora, é a “Bíblia dos pobres” (São João XXIII). Assim, sua mensagem é sempre atual. É a mãe que vem lembrar aos filhos o caminho do Céu.

 

 

Fonte: Dom Fernando Arêas Rifan


segunda-feira, maio 10, 2021

VI DOMINGO DA PÁSCOA







O mandamento do amor fraterno enche o texto evangélico que hoje escutamos: “Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei” (v. 12). Jesus já tinha afirmado que há dois mandamentos: o mandamento de amar a Deus com todo o coração e o mandamento de amar o próximo como a nós mesmos. Repetia o Antigo Testamento (cf. Dt 6, 5; Lv 19, 18). Aqui, Jesus vai mais longe: “Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei» (v. 12). “Como eu vos amei». Amar o próximo como a nós mesmos é já muito. Mas, amar o próximo como Jesus nos ama, é muito mais. É o amor cristão. Como é que Jesus nos ama? Ama-nos com delicadeza e com força. Chama-nos amigos, porque nos faz entrar na sua intimidade. Não nos trata como servos, mas como amigos. Conta-nos segredos da sua família: “Dei-vos a conhecer tudo o que ouvi ao meu Pai” (v. 15).

Este amor delicado é também muito forte: “Ninguém tem mais amor do que quem dá a vida pelos seus amigos” (Jo 15, 13). O modelo do amor cristão é um homem-Deus crucificado e ressuscitado, que nos amou até ao sacrifício de Si mesmo. É também assim que havemos de amar os nossos irmãos. Ser discípulo de Cristo consiste em amar o irmão até dar a vida por ele, tal como fez Jesus, o Filho que desceu do Céu para dar a vida por nós. Dar a vida não significa necessariamente sofrer o martírio. Essa pode ser uma graça especial, concedida a alguns. Dar a vida é gastar-se na atenção e no serviço àqueles que estão ao nosso lado, que precisam de nós. Significa também interrogar-se, cada manhã, sobre o modo como não se tornar um peso para os outros. Significa ainda suportar os silêncios, os amuos e os limites de carácter de quem vive ao nosso lado. Significa não escandalizar-nos com as suas contradições e pecados. Significa aceitar cada um como é e não como gostaríamos que fosse.

Temos que examinar a nossa consciência, para ver se alimentamos o fogo ou se o deixamos apagar, isto é, se alimentamos o amor real, o calor humano, necessários para o verdadeiro espírito de família e para fazer germinar a verdadeira amizade. Os irmãos e, mais ainda, os amigos são dons do Pai celeste; por meio dos irmãos e, sobretudo, por meio dos amigos, Ele fala-nos e enriquece-nos: “Toda a boa dádiva e todo o bem perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes” (Tg 1, 17); “Um amigo fiel é uma poderosa proteção; quem o encontra, encontra um tesouro” (Sir 6, 14; cf. Sir 6, 5-17).

Se queremos ser amados, amemos e, como Deus, tomemos a iniciativa de amar (cf. 1 Jo 4, 19). Como o amor é dom e fruto do Espírito (cf. Rom 5, 5), assim também a verdadeira amizade provém certamente do Espírito e é sustentada por Ele.










quarta-feira, maio 05, 2021

MÃES, PARABÉNS!







Domingo próximo: Dia das Mães: desde já, parabéns! Já contei isso aqui, mas, de tão belo, vale a pena repetir. A agência de empregos Mullen, de Boston, resolveu divulgar nos jornais e postar na internet uma vaga de trabalho diferente, convidando os interessados para uma entrevista. A oferta era de um emprego difícil, com responsabilidades e requisitos bem amplos, em que as pessoas interessadas deveriam trabalhar 135 horas por semana ou mais, basicamente 24 horas por dia nos sete dias da semana, 365 dias por ano; exercer em pé, na maior parte do tempo, com a possibilidade de se sentar, de tempos em tempos; ter capacidade de improvisar, um grande poder de negociação e habilidades interpessoais; não ter horário fixo de almoço, quer dizer, podem almoçar, mas quando o seu associado já tiver almoçado; ter paciência ilimitada; capacidade de trabalhar num ambiente caótico, alto nível de energia, mobilidade constante; às vezes vai ser preciso ficar com um associado durante a noite. Se você tiver uma vida, pedimos que você abandone essa vida. Sem benefício e sem salário. Trabalho nos feriados, Natal e Ano Novo. Conhecimento básico de medicina, finanças, gastronomia e pedagogia. Você terá uma grande alegria em ajudar o seu associado. O nome genérico do trabalho era “diretor de operações”. Era um trabalho muito importante, o emprego mais difícil, mas o melhor do mundo.

 

O anúncio obteve mais de dois milhões de impressões, mas apenas 24 pessoas aceitaram participar da entrevista de emprego. E, diante das condições do tal trabalho, acharam um absurdo, uma loucura, algo quase cruel e desumano. E quando souberam que não haveria salário, exclamaram que ninguém jamais trabalharia assim de graça.  E, é claro, não aceitaram a vaga. Perguntaram até se isso era de acordo com a lei. É claro que é, respondiam os da agência. E mais, vamos lhes dizer que alguém ocupa essa vaga nesse exato momento. Na verdade, são bilhões de pessoas! Quem? Perguntavam espantadas as pessoas entrevistadas?

 

AS MÃES! Diretor de operações, mais conhecidas como MÂES. E elas atendem a todos esses requisitos! Mãe são as melhores diretoras, sem pagamentos, 24 horas por dia, sempre lá! O trabalho mais difícil e importante do mundo. Brincadeira séria!

 

Mãe é a coisa mais parecida com Deus, no seu amor gratuito por nós. É um raio do amor de Deus no coração de uma mulher. Amor total e gratuito, sem interesse nenhum, trabalho só por amor. Até diante da ingratidão! Amor que nunca se esquece dos filhos, amor sem egoísmo, amor abnegado, amor porque o objeto amado é alguém que foi por ela criado, bem perto do seu coração!

 

Pense na sua mãe! Todos aqueles dias e noites por você! Agradeça a Deus por ter lhe dado uma mãe e por tudo o que ela fez e faz por você!

 

O dia das mães é todo dia: dê a ela todo o seu carinho, sua oração e gratidão por tudo o que ela tem feito por você! Parabéns, mamães! Vocês são um tesouro, algo do Céu aqui na terra, um reflexo de Deus! Feliz dia das Mães!

 

Fonte: Dom Fernando Arêas Rifan

segunda-feira, maio 03, 2021

V DOMINGO DA PÁSCOA






Jesus é "a verdadeira videira", de onde brotam os frutos da justiça, do amor, da verdade e da paz; é n'Ele e nas suas propostas que os homens podem encontrar a vida verdadeira. Muitas vezes os homens, seguindo lógicas humanas, buscam a verdadeira vida noutras "árvores"; mas, com frequência, essas "árvores" só produzem insatisfação, frustração, egoísmo e morte... João garante-nos: na nossa busca de uma vida com sentido, é para Cristo que devemos olhar.

Hoje, Jesus, "a verdadeira videira", continua a oferecer ao mundo e aos homens os seus frutos; e fá-lo através dos seus discípulos. A missão da comunidade de Jesus, que hoje caminha pela história, é produzir esses mesmos frutos de justiça, de amor, de verdade e de paz que Jesus produziu.

No entanto, o discípulo só pode produzir bons frutos se permanecer unido a Jesus. No dia do nosso Batismo, optamos por Jesus e assumimos o compromisso de O seguir no caminho do amor e da entrega; quando celebramos a Eucaristia, acolhemos e assimilamos a vida de Jesus - vida partilhada com os homens, feita entrega e doação total por amor, até à morte. O cristão tem em Jesus a sua referência, identifica-se com Ele, vive em comunhão com Ele, segue-O a cada instante no amor a Deus e na entrega aos irmãos. O cristão vive de Cristo, vive com Cristo e vive para Cristo.

O que é que pode interromper a nossa união com Cristo e tornar-nos ramos secos e estéreis? Tudo aquilo que nos impede de responder positivamente ao desafio de Jesus no sentido do O seguir provoca em nós esterilidade e privação de vida... Quando conduzimos a nossa vida por caminhos de egoísmo, de ódio, de injustiça, estamos dizendo não a Jesus e a renunciar a essa vida verdadeira que Ele nos oferece; quando nos fechamos em esquemas de autossuficiência, de comodismo e de instalação, estamos recusando o convite de Jesus e cortando a nossa relação com a vida plena que Jesus oferece; quando para nós o dinheiro, o êxito, a moda, o poder, os aplausos, o orgulho, o amor próprio, são mais importantes do que os valores de Jesus, estamos a secando essa corrente de vida eterna que deveria correr entre Jesus e nós... Para que não nos tornemos "ramos" secos, é preciso renovarmos cada dia o nosso "sim" a Jesus e às suas propostas.

O que são os "ramos secos"? São, evidentemente, aqueles discípulos que um dia se comprometeram com Cristo, mas depois desistiram de O seguir... Mas os "ramos secos" podem também ser aquelas pequenas misérias e fragilidades que existem na vida de cada um de nós. Atenção: é preciso "limpar" esses pequenos obstáculos que impedem que a vida de Cristo circule abundantemente em nós. Chama-se a isso "conversão".

Como podemos "limpar" os "ramos secos"? Fundamentalmente, confrontando a nossa vida com Jesus e com a sua Palavra. Precisamos escutar a Palavra de Jesus, meditar, confrontar a nossa vida com ela... Então, por contraste, vão tornar-se nítidas as nossas opções erradas, os valores falsos e essas mil e uma pequenas infidelidades que nos impedem de ter acesso pleno à vida que Jesus oferece.