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segunda-feira, outubro 04, 2021

XXVII DOMINGO DO TEMPO COMUM






A criação da mulher (1L) é considerada como necessidade humana para o relacionamento amoroso gerador da vida. Depois de estabelecer relação com o mundo, Adão (homem da terra) percebe uma ausência, que nem mesmo os animais, seres vivos, são capazes de preencher. Entende-se que a verdadeira comunhão de vida não acontece pela posse, mas pela possibilidade de pertença recíproca, e esta só é possível quando a comunhão é estabelecida em igual dignidade.

O sono de Adão, provocado por Deus (1L), é um modo literário para dizer que foi no silêncio do mistério divino que Deus criou a mulher. Adão e Eva se reconhecem na mesma dignidade e se acolhem concretamente, como carne da mesma carne, ossos do mesmo osso. Na reciprocidade do "eu" e do "tu" não acontece a dissolvência, mas o acolhimento “no nós” que comporta igual dignidade e relacionamento dialógico. No "mono-logo" (monólogo), o outro é obrigado a entrar no “meu esquema”; no "dia-logo" (diálogo) acontece o acolhimento, o favorecimento da partilha de experiências existenciais. Deus nos criou homem e mulher (1L) para o diálogo, para a convivência de vidas capazes de gerar mais vida.

Em síntese, compreendemos que a vida conjugal, do homem e da mulher, acontece pelo acolhimento, que se realiza no diálogo para gerar mais vida. Isto só é possível pelo e no amor oblativo, o amor que ama sem cobranças e sem esperar nada em troca, como é o modo divino de amar. Amor que se realiza trilhando os caminhos de Deus (SR); motivo pelo qual Jesus recusa a prática do divórcio (E).

O ponto central da recusa do divórcio, da parte de Jesus, encontra-se na "dureza de coração" (E). Jesus explica que as concessões a favor do divórcio aconteceram no tempo da "dureza de coração"; agora é necessário restituir a vontade originária de Deus, que criou o homem e a mulher não como propriedade um do outro, mas como companheiros de vida que se completam um ao outro no amor e pelo amor.