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segunda-feira, março 07, 2022

I DOMINGO DA QUARESMA






A palavra educação de “ex+ducere”, em latim, significa conduzir num caminho. Por isso o deseducado é um errante; não tem um caminho onde caminhar. É claro que estou emprestando a figura do “errante” da 1ª leitura para propor minha reflexão. Quem é o errante? É alguém que não tem endereço certo; anda de um lado para outro, vagando de estrada em estrada, sem nunca chegar a lugar algum. Errante, em sentido existencial, é alguém que não sabe o que fazer da vida. Ora tenta uma estrada, ora outra, ora está de um jeito, ora de outro... vida errante; vive a procura de uma direção, que nem ele mesmo sabe onde quer chegar. Muitos de nós temos momentos errantes; não sabemos para onde ir. Por isso, a sugestão é ser educado POR Deus e ser educado PARA Deus.

A espiritualidade Bíblica não considera a tentação uma provocação ao mal permitida por Deus. Ao contrário, a tentação faz parte da pedagogia divina de educar, por isso, a tentação é considerada uma passagem necessária para a maturidade na fé. São Paulo garante que Deus jamais permite que a tentação seja superior às nossas forças, à nossa capacidade de resisti-la (1Cor 10,13). Neste mesmo tom, podemos entender a afirmação do salmista que nenhum mal e nenhuma desgraça chegará perto se caminhamos nos caminhos propostos por Deus. Estes caminhos propostos por Deus são os caminhos de quem é educado POR Deus. A 1ª leitura descreve a profissão de fé do povo judeu, a profissão de fé de um povo que foi educado por Deus, no deserto, e reconhece que Deus o conduziu para a liberdade. Nossas celebrações, como esta que estamos celebrando agora, deveriam manifestar a consciência de sermos um povo educado por Deus.

O povo educado por Deus, dizia a 1ª leitura, oferecia as ofertas ao sacerdote. E qual era o destino dessas ofertas? Não eram queimadas e nem ficavam com os sacerdotes. Eram oferecidas aos representantes de Deus: os pobres. Quem é educado por Deus partilha generosa e fraternalmente o que tem com os pobres. Quem é educado PARA Deus não cede à tentação de um relacionamento milagreiro com Deus, transformando pedras em pão e, muito menos cede à tentação da ganância para possuir todas as riquezas da terra ou ser aplaudido descendo triunfalmente segurado por anjos. Jesus era educado POR Deus e educado PARA Deus. Por isso, não tenta Deus; não cai nas tentações de ser educado pelo demônio, de ser educado pelos atrativos do mundo. Aqui temos a primeira tarefa quaresmal: diante dos momentos errantes que temos na vida, somos educados pelas tentações do mundo, ou somos educados por Deus e educados para Deus? Quem educa nossas vidas para que não seja vida errante? Amém!