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segunda-feira, março 21, 2022

III DOMINGO DA QUARESMA








Como Jesus lê o jornal de cada dia? Como você acha que Jesus lê o jornal e ouve as notícias de cada dia? No tempo que Jesus esteve fisicamente entre nós, os jornalistas não escreviam as notícias no papel e nem as comunicavam pela rádio ou televisão; davam a notícia oralmente, contando o que tinha acontecido. É o que ouvimos no Evangelho; contaram a Jesus o assassinato de alguns galileus que, possivelmente, tinham provocado os soldados de Pilatos. Provocaram os soldados com violência e foram mortos violentamente. A violência produz violência e morte. Jesus não ouve as notícias para se revoltar, mas para propor a necessidade da conversão, a necessidade da mudança de mentalidade: deixar a mentalidade da violência, que produz morte, por uma proposta nova, capaz de produzir frutos como uma figueira que produz frutos doces e abundantes no decorrer do ano.

A conversão, repito, não acontece de um momento para o outro. Ao contrário, exige que seja cultivada como se cultiva uma planta, como se cultiva a figueira, diz Jesus. A comparação de Jesus mostra-nos que a vida cristã não é uma árvore ornamental, bonita no seu formato; é uma árvore que produz frutos e, para isso, existe a necessidade de ser cuidada, ser cultivada. O vinhateiro, aquele que cuida da figueira, é a Igreja.

OBS1 A conversão necessita ser aprendida com a pedagogia pastoral do cultivo da figueira, uma planta que duas vezes ao ano produz frutos abundantes e doces (E). Facilmente se compreende que Deus não espera uma religião de atividades exteriores — muito comum na Quaresma com propostas de sacrifícios em forma de renúncias pequenas — mas o esforço de cultivar uma nova mentalidade, adubada pelo Evangelho, que produza frutos deliciosos e abundantes em todas as épocas do ano.

OBS2 Do ponto de vista pastoral, percebe-se claramente a necessidade de educar o povo para a conversão, favorecendo a experiência espiritual de contato com Deus em vista de uma efetiva transformação existencial e, não apenas de algum hábito, como deixar de comer doce, por exemplo, durante a Quaresma. Quem se converte não estaciona num esforço particular, como não comer doce, para ficar no nosso exemplo, mas assume a consequência da conversão: a missão

O dono da figueira é Deus Pai, que vem buscar frutos na vida de cada um nós. Que frutos de conversão — de pensar e de agir como Deus — produzimos para Deus, para nossa família; produzimos aqui na comunidade? Jesus explica bem o trabalho da Igreja: não se cansar de propor a conversão. Isto é como cuidar de uma árvore: espera paciente, afofa a terra, coloca adubo, rega, ensina, educa na fé... mas tem uma coisa: a reação. Para se converter é preciso reagir e o modo de reagir é produzindo frutos de vida, de bondade, de paciência; frutos de amor fraterno. Isto acontece quando adubamos nossas vidas com o adubo do Evangelho. que fertiliza a vida para produzir frutos evangelizados. Amém!