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sexta-feira, abril 15, 2022

MISSA VESPERTINA DA CEIA DO SENHOR







Quando Jesus pediu que seus discípulos preparassem a sala para celebrar a sua Páscoa (Mt 26,15-20) não colocou pão e vinho sobre a mesa para ser adorado, mas para comungar com eles um pacto de fidelidade em vista da sua missão evangelizadora e salvadora. Participar da Eucaristia, desde a primeira ceia pascal celebrada com Jesus, é assumir o compromisso de renovar a fidelidade ao projeto divino presente no Evangelho. Mesmo que milagres aconteçam na Eucaristia, a finalidade da ceia derradeira de Jesus com seus discípulos não se caracteriza como "festinha de despedida" ou um “banquete de adeus”, mas como participação e comunhão no projeto divino, presente na evangelização. Quem participa e comunga a Eucaristia compromete-se em viver e testemunhar a fidelidade ao Evangelho no modo de pensar, no modo de agir, no modo de se comportar.

Hoje, somos desafiados a considerar, não somente como celebramos a Eucaristia, mas principalmente como vivemos a Eucaristia. As infidelidades mais graves para com a Eucaristia não estão nas falhas rituais, mas na infidelidade para com o projeto divino comungado e participado na Eucaristia. A expressão pode soar agressiva para nossa sensibilidade histórica atual, mas a descrição da traição de Judas, da infidelidade de Judas, não mede palavras: a infidelidade é ação do diabo que comporta a traição e a entrega de Jesus à morte. Hoje, a infidelidade trai a evangelização e a condena à morte. As infidelidades, provocadas na incoerência entre o que se comunga e se participa na Eucaristia, são traições a Jesus e à sua missão evangelizadora. Muitos exigem "Missas bonitas" e até conseguimos realizar isso, mas de que vale uma Missa bonita se essa se limita a alguns momentos de emocionalidade religiosa e não provocam atitudes de fidelidade ao Evangelho no cotidiano? Não provocam transformações existenciais evangelizadas em nossa comunidade e na sociedade?

Muitas vezes, nós como Igreja, limitamos a Eucaristia unicamente ao preceito de Paulo, como ouvimos na 2ª leitura. Realizamos uma celebração e, para muitos celebrantes, infelizmente, a Missa termina com a bênção. Jesus desfaz essa concepção de Eucaristia limitada à celebração com o gesto do lava-pés. Do ponto de vista da Eucaristia, cuja instituição celebramos hoje, o serviço fraterno é uma resposta de fidelidade ao projeto divino, de fidelidade à missão evangelizadora de Jesus. A Eucaristia começa na celebração e continua com o lava-pés realizado de tantas formas e em todos os espaços onde somos chamados a testemunhar o Evangelho com nosso serviço. Um serviço que se ilumina na espiritualidade do amor, do Mandamento Novo, de amar-nos uns aos outros como Jesus nos amou. Não apenas amar por amar, mas amar como Jesus, quer dizer, vestindo na vida de cada um de nós o avental do serviço inspirado no Evangelho. Na vida cristã, a fidelidade ao Evangelho se traduz em serviço fraterno. A isso podemos chamar de “Eucaristia fraterna”; ação de graças pela fraternidade que é renovada em cada Eucaristia. Amém!