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quinta-feira, novembro 17, 2022

CRISTO, REI DO UNIVERSO






Domingo próximo “a Igreja celebra Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo. Esta solenidade é colocada no final do ano litúrgico e resume o mistério de Jesus ‘primogênito dentre os mortos e soberano de todos os poderosos da terra’, ampliando o nosso olhar para a plena realização do Reino de Deus, quando Deus será tudo em todos (cf. 1 Cor 15,28)” (Bento XVI).

Jesus é Rei, “o Príncipe dos reis da terra”, a quem está reservado aquele domínio eterno, “a glória e o poder dos séculos”. Mas seu império não é deste mundo, nem deste século. No tempo presente seu reinado já começou, mas ainda espera sua plena realização: “quando o Filho do homem vier em sua glória, acompanhado de todos os seus anjos, então se sentará em seu trono de glória” (Mt 25, 31). Diante do questionamento de Pilatos, o Senhor afirma que Ele, com efeito, é rei, mas também acrescenta imediatamente: “meu reino não é deste mundo”. Enganam-se aqueles que esperavam dele uma liderança nacionalista e mundana. Ele é rei, mas seu reinado não consiste em um domínio que se impõe à força. Seu governo não será político.

O verdadeiro sentido de sua realeza manifesta-se do alto da Cruz. O reinado que o Senhor Jesus exerce é um serviço de salvação. Para Jesus reinar é servir, dar a vida, estabelecer o amor como princípio e fundamento de seu governo. Seu reinado é também um serviço da Verdade: “Para isto nasci e para isto vim ao mundo: para ser testemunho da Verdade”.

Esta é uma ocasião para falarmos de laicidade e laicismo. Para a doutrina moral católica, a sadia laicidade, entendida como autonomia da esfera civil e política da religiosa e eclesiástica – mas não da moral – é um valor adquirido e reconhecido pela Igreja, no mundo atual. “No domínio próprio de cada uma, comunidade política e Igreja são independentes e autônomas” (Gaudium et Spes, 76). “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”, explica Nosso Senhor (Mt 22,21). Laicidade seria um legítimo “laicismo”, que é a independência dos poderes da Igreja e do Estado, que não isenta “César” do dever de dar a Deus o que é de Deus.

Laicismo, ao contrário, como é entendido hoje, seria uma autonomia da esfera civil em relação a Deus, à Lei Natural e à moral, equiparando-se assim ao indiferentismo e ao relativismo religioso, terminando no ateísmo prático e teórico: “uma economia sem Deus, um direito sem Deus, uma política sem Deus”.

“Graves perigos atuais, que penetram nas legislações e comportamentos: relativismo cultural, pluralismo ético, decadência e dissolução da razão e dos princípios da lei moral natural. Reivindica-se a autonomia para as escolhas morais. Leis que prescindem dos princípios da ética natural, deixando-se levar exclusivamente pela condescendência com certas orientações culturais ou morais transitórias, como se todas as concepções possíveis da vida tivessem o mesmo valor” (CDF Nota Doutrinal sobre algumas questões relativas à participação e comportamento dos católicos na vida política”.

 

Fonte: Dom Fernando Arêas Rifan