O
Evangelho deste domingo coloca-nos diante de uma certeza fundamental: “o Senhor
vem”. A nossa caminhada humana não é um avançar sem sentido ao encontro do
nada, mas uma caminhada feita na alegria ao encontro do Senhor que vem. Não se
trata de uma vaga esperança, mas de uma certeza baseada na palavra infalível de
Jesus. O tempo de Advento recorda-nos a realidade de um Senhor que vem ao
encontro dos homens e que, no final da nossa caminhada por esta terra, nos
oferecerá a vida definitiva, a felicidade sem fim.
O
tempo do Advento é o tempo da espera do Senhor. O Evangelho deste domingo
diz-nos como deve ser essa espera… A palavra fundamental é “vigilância”: o
verdadeiro discípulo deve estar sempre “vigilante”, cumprindo com coragem e
determinação a missão que Deus lhe confiou. Estar “vigilante” significa viver,
a cada momento e a cada passo, ativo, empenhado, comprometido na construção de
um mundo de vida, de amor e de paz. Significa cumprir, com coerência e sem
meias tintas, os compromissos assumidos no dia do batismo e ser um sinal vivo
do amor e da bondade de Deus no mundo. É dessa forma que eu tenho procurado
viver?
Em
concreto, estar “vigilante” significa não viver de braços cruzados, fechado num
mundo de alienação e de egoísmo, deixando que sejam os outros a tomar as
decisões e a escolher os valores que devem governar a humanidade; significa não
me demitir das minhas responsabilidades e da missão que Deus me confiou quando
me chamou à existência… Estar “vigilante” é ser uma voz ativa e
questionadora no meio dos homens,
levando-os a confrontarem-se com os valores do Evangelho; é lutar de forma
decidida e corajosa contra a mentira, o egoísmo, a injustiça, tudo aquilo que
rouba a vida e a felicidade a qualquer irmão que caminhe ao meu lado… Como
discípulo de Jesus, assumo essa atitude de constante vigilância?
Aquela
“casa” referida na parábola é a comunidade de Jesus. Nela, todos são
servidores. Todos viverão servindo, desempenhando as tarefas que lhes foram
confiadas, enquanto esperam o regresso do único “Senhor” (Jesus). Temos aqui
uma bela definição da Igreja, a comunidade que Jesus deixou a fazer caminho na
história. A comunidade cristã de que eu faço parte é uma comunidade de irmãos e
de irmãs conscientes da missão que Jesus lhes deixou, onde todos desempenham o
seu papel com lucidez e responsabilidade, ou é um conjunto de pessoas
adormecidas, passivas e acomodadas, que vivem na inércia, na indiferença e na
mediocridade? A comunidade cristã de que eu faço parte é uma comunidade de
gente que procura servir, de forma simples e humilde, os mais necessitados e
desvalidos, como Jesus sempre fez, ou é uma comunidade onde cada um está apenas
preocupado em “levar a água ao seu moinho” e concretizar as suas visões e
triunfos pessoais?