Também
o Evangelho deste domingo, na linha das outras duas leituras, afirma, de forma
clara e insofismável, que Deus ama os homens e, na sua solicitude de Pai, tem
um projeto de vida plena para lhes oferecer. Esta certeza tem de servir de
âncora a toda a nossa vida e acompanhar cada passo que damos. Esta certeza muda
a nossa perspetiva das coisas e permite-nos ver a vida com as cores da alegria,
da confiança e da esperança.
Como
é que esse Deus cheio de amor pelos seus filhos intervém na história humana e
concretiza, dia a dia, a sua oferta de salvação? A história de Maria de Nazaré,
bem como a de tantos outros “chamados”, responde, de forma clara, a esta
questão: é através de homens e mulheres atentos aos projetos de Deus e de
coração disponível para o serviço dos irmãos, que Deus atua no mundo, que Ele
manifesta aos homens o seu amor, que Ele convida cada pessoa a percorrer os
caminhos da felicidade e da realização plena. Já pensámos que é através dos
nossos gestos de amor, de partilha e de serviço que Deus Se torna presente no
mundo e transforma o mundo?
Neste
domingo que precede o Natal de Jesus, a história de Maria mostra como é
possível fazer Jesus nascer no mundo: através de um “sim” incondicional aos
projetos de Deus. É preciso que, através dos nossos “sins” de cada instante, da
nossa disponibilidade e entrega, Jesus possa vir ao mundo e oferecer aos nossos
irmãos – particularmente aos pobres, aos humildes, aos infelizes, aos
marginalizados – a salvação e a vida de Deus.
Outra
questão é a dos instrumentos de que Deus se serve para realizar os seus planos…
Maria era uma jovem mulher de uma aldeia obscura dessa “Galileia dos pagãos” de
onde não podia “vir nada de bom”. Não consta que tivesse uma significativa
preparação intelectual, extraordinários conhecimentos teológicos, ou amigos
poderosos nos círculos de poder e de influência da Palestina de então. Apesar
disso, foi escolhida por Deus para desempenhar um papel primordial na etapa
mais significativa na história da salvação. A história vocacional de Maria
deixa claro que, na perspetiva de Deus, não são o poder, a riqueza, a
importância ou a visibilidade social que determinam a capacidade para levar a
cabo uma missão. Deus age através de homens e mulheres, independentemente das
suas qualidades humanas. O que é decisivo é a disponibilidade e o amor com que
se acolhem e testemunham as propostas de Deus.