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terça-feira, janeiro 09, 2024

SOLENIDADE DA EPIFANIA







Somos hoje convidados a admirar o exemplo desses sábios do Oriente, que vendo no céu o sinal do Rei nascido, não temeram deixar tudo e, humildemente, seguir a luz! Como foram sábios verdadeiramente, esses que, humildes, não temeram em se deixar guiar pela luz de Deus! Como Abraão, o pai de todos os judeus, deixara sua terra e partira à ordem de Deus, sem saber aonde ia, assim também, esses que hoje são as nossas primícias para Cristo, partem, obedecendo ao apelo do Senhor, sem saber para onde vão! Caríssimos, partamos também nós! Partamos de nossa vida cômoda, partamos de nossa fé tíbia, partamos de nosso cristianismo burguês, que deseja ser compreendido, aceito, e aplaudido pelo mundo! , ou não veremos a luz do Menino! “Deus é luz e nele não há trevas. Se andarmos na luz, como ele está na luz, então estamos em comunhão uns com os outros e o sangue de seu Filho Jesus nos purifica de todo o pecado” (1Jo 1,5b-7). Partamos, pois, caríssimos, e encontraremos aquele que é a Luz do mundo!

Porque os Magos tiveram a coragem de partir, conseguiram atingir o Deus inatingível e o adoraram! Diz o Evangelho que eles, “ao verem de novo a estrela, sentiram uma alegria muito grande!” Nós também, se encontrarmos de verdade o Senhor! Mas, atentos! O que eles encontram? Pasmem! Encontram um menininho pobre, com uma pobre jovem do povo, Maria, sua Mãe… Não o encontram num palácio, não o encontram numa corte! E, no entanto, com os olhos da fé, reconheceram o Rei verdadeiro, prostraram-se e o adoraram! Vede, caríssimos meus, somente quando nos deixamos guiar, podemos encontrar o Senhor; somente quando saímos dos nossos esquemas, dos nossos modos de pensar, de achar e de sentir, podemos de verdade ver naquilo que é pobre e pequeno, ver naquilo que não estava nos nossos planos e expectativas, a presença de Deus. Depois, diz o Evangelho que eles voltaram por outro caminho… Sim, porque quem encontrou esse Menino, quem se alegrou com ele, quem viu a sua luz, muda de caminho, caminha na Vida!

Mas, nesta festa de tanto alegria, doçura e luz, há uma nota de treva: “Ao saber disso, o rei Herodes ficou perturbado e, com ele, toda Jerusalém…” Jerusalém, que representa o povo judeu… Jerusalém, que deveria alegrar-se, perturba-se, hesita, não é capaz de reconhecer o tempo da visita de Deus! E nós, caríssimos? Nós, membros do Povo de Deus, não corremos o risco de nos acostumar de tal modo com o Senhor, a ponto de não mais reconhecer suas visitas, sua presença luminosa e humilde, sua graça em nossa vida? Não corremos o risco gravíssimo de não mais nos deixarmos interpelar pela sua palavra? A festa de hoje, certamente mostra-nos a benignidade de Deus que a todos quer iluminar e salvar, mas também revela a concreta e tremenda possibilidade do homem de ser generoso e responder “sim” ou ser fechado e responder “não”! Os judeus, o povo amado, começa a se fechar para o seu Senhor. É o início de um drama que culminará na cruz… De modo grave, Santo Agostinho afirma: “Ao nascer fez aparecer uma nova estrela, Aquele mesmo que, ao morrer, obscureceu o sol antigo! A luz da estrela começou a fé dos pagãos; pelas trevas da cruz foi acusada a perfídia dos judeus!” É impossível, meus caros, ficar-se indiferente ante este Menino, este pequeno Rei: ou nos abrimos para ele e nele encontramos a luz e a vida, ou para ele nos fechamos e não veremos a luz! Acorda, cristão! Sai do marasmo, sai da tibieza, sai da preguiça, sai do pensamento vão, sai do vício, sai dos acordos mornos com o mundo! Acorda! Sai de ti e deixa-te iluminar pelo Salvador por ti nascido!

Finalmente, um último mistério. Se Jerusalém fechou-se para o Rei nascido, como pôde o profeta cantar a luz da Cidade santa na primeira leitura desta Missa? “Levanta-te, acende as luzes, Jerusalém, porque chegou a tua luz, apareceu sobre ti a glória do Senhor! Eis que está a terra envolvida em trevas, mas sobre ti apareceu o Senhor!” Esta Jerusalém santa, envolvida pela glória do Senhor, esta Cidade fiel à qual se dirigem os povos, é a Igreja, o Novo Israel, a Esposa de Cristo. É ela a Casa na qual, segundo o Evangelho de hoje, os Magos entraram e encontraram o Menino com sua Mãe. É na Igreja, na Mãe católica, una, única e santa, que os homens de todos os povos e de todas as raças podem encontrar o Salvador! Esta é a grande missão da Igreja: dar Jesus ao mundo, iluminar o mundo com a luz do Senhor, ser casa espaçosa e aconchegante na qual toda a humanidade possa ver a salvação do nosso Deus!

Caríssimos, alegremo-nos! Daqui a pouco, o Menino por nós nascido, por nós oferecido na cruz em sacrifício e em nosso favor, ressuscitado dos mortos, mais uma vez nos será dado em comunhão. Como os Magos, nos levantaremos, como os Magos, acorreremos a ele, como os Magos, reverentes adorá-lo-emos! Que também, como os Magos, voltemos para nossas casas alegres de grande alegria, tomando outro caminho na vida! Que no-lo conceda o Deus nascido da Virgem que hoje se manifestou ao mundo. Amém.