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sábado, agosto 17, 2024

OS JOGOS OLÍMPICOS









Terminaram as Olimpíadas de Paris. Cabe uma reflexão. Em comunicado de imprensa, a Conferência Episcopal Francesa (CEF) lamentou que a cerimônia de abertura dos Jogos de Paris 2024 tenha incluído “cenas de escárnio e zombaria ao Cristianismo, que deploramos profundamente”. O centro das críticas, especialmente nas redes sociais, foi uma reprodução do quadro “A Última Ceia”, de Leonardo da Vinci, “representada” por cerca de dez travestis.

“Pensamos em todos os cristãos de todos os continentes que foram feridos pelo excesso e pela provocação de certas cenas”, manifestaram os bispos franceses. “Desejamos que eles compreendam que a celebração olímpica vai muito além dos preconceitos ideológicos de alguns artistas”, continuou a CEF. Líderes de outras confissões religiosas expressaram a sua solidariedade para com a Igreja Católica francesa, informa o comunicado de imprensa.

O secretário-geral da CEF, Padre Hugues de Woillemont, destacou na rede social X a contradição entre “a inclusão demonstrada e a exclusão efetiva de certos fiéis, não é necessário ferir as consciências para promover a fraternidade e a sororidade”. Dom François Touvet, Presidente do Conselho de Comunicação da CEF, Bispo coadjutor da Diocese de Fréjus-Toulon, declarou, pelas redes sociais, “protestar, como muitos, contra este insulto escandaloso e grave feito aos cristãos de todo o mundo, sem esquecer os outros excessos do espetáculo”. A CEF concluiu o seu comunicado recordando que o esporte “é uma atividade maravilhosa que encanta profundamente os corações dos atletas e dos espectadores”, e que as Olimpíadas são um “movimento ao serviço desta realidade de unidade e fraternidade humana”.

Muitos valores podem e devem ser cultivados na prática esportiva, fazendo-a altamente educativa e formativa do caráter humano. No esporte, podem e devem ser praticadas as virtudes humanas e cristãs.

Pio XII enumera as virtudes cristãs próprias do esporte: a lealdade, a docilidade, a obediência, o espírito de renúncia ao próprio eu em favor da equipe, a fidelidade aos compromissos, a modéstia nos triunfos, a generosidade para com os vencidos, a serenidade na derrota, a paciência com o público, a justiça e a temperança.

Ser cristão, cultivar os verdadeiros valores morais, não é só fazer o sinal da cruz ao entrar no campo e elevar os braços ao Céu após o gol. É muito mais do que isso. Porque sem os valores cristãos, sem a salutar dependência das diretivas da religião e das regras morais, o esporte entra em decadência, cai no embrutecimento e no mercantilismo. Os profissionais tornam-se vulgar mercadoria de negócio, sujeitos à compra de quem mais oferece. As transações e intrigas de bastidores põem em perigo a personalidade do atleta. Toda a ideia educativa, todo o objetivo moral, todo o ideal superior ao do ganho imediato ficam esquecidos. Aí então o esporte deixa de ser esporte; torna-se batalha e comércio. O jogador deixa de ser esportista para ser mercenário. A nobreza do esporte assim desaparece.

 

 

        *Bispo da Administração Apostólica Pessoal

 

                                                    São João Maria Vianney

 

Fonte: Dom Fernando Arêas Rifan