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segunda-feira, agosto 04, 2025

XVIII DOMINGO DO TEMPO COMUM










XVIII DOMINGO DO TEMPO COMUM
04 de agosto de 2025

Paróquia São Conrado de Constança



Amados irmãos, o Evangelho de hoje começa com uma situação comum: um pedido por justiça material. Alguém da multidão pede a Jesus: “Mestre, dize ao meu irmão que reparta a herança comigo”. Era uma reclamação legítima, uma preocupação concreta com bens, com direito, com aquilo que, aos olhos humanos, parece importante para a sobrevivência e para a vida digna. Mas Jesus, que sempre vai além da superfície, recusa-se a ser somente um mediador de heranças, e Ele aproveita o momento para nos ensinar algo muito maior: o perigo da ganância.

E, então, Ele nos conta a parábola do homem rico que produziu uma grande colheita. Ele se vê diante de uma dificuldade — não por falta, mas por excesso, e seus celeiros são pequenos demais para guardar toda a sua produção. E a solução que encontra é construir armazéns maiores para acumular ainda mais. Ele fala consigo mesmo, como se fosse dono do seu destino:

“Tens muitos bens armazenados para longos anos; descansa, come, bebe, aproveita!” Mas Deus lhe diz: “Insensato! Ainda nesta noite pedirão de volta a tua vida. E para quem ficará o que acumulaste?”

Aqui está o ponto central: a vida não se mede pela abundância dos bens, afinal, Jesus não condena o trabalho, o planejamento ou o esforço: Ele alerta contra a ilusão de que a vida pode ser garantida por posses. Aquele homem acreditava que seu futuro estava seguro porque seus depósitos estavam cheios, mas esqueceu-se de que sua alma estava vazia.

Teologicamente, esta parábola nos ensina que os bens materiais são passageiros e relativos. A vida é dom, não propriedade. O tempo que temos, o fôlego que respiramos, não nos pertencem, mas pertencem a Deus. Por isso, a verdadeira riqueza não está no que acumulamos para nós, mas no que oferecemos, no que partilhamos, no que fazemos frutificar para o bem do outro.

Jesus termina a parábola com uma frase incisiva:

“Assim acontece com quem ajunta tesouros para si, mas não é rico diante de Deus.”

Aqui está a chave: existe uma riqueza que Deus valoriza. Não é a conta bancária, nem os investimentos, nem as posses, mas a capacidade de amar, de perdoar, de partilhar, de viver para os outros. Essa é a riqueza que nem a morte pode levar, porque ela atravessa a eternidade.

Na vida prática, isso nos provoca. Quantas vezes medimos nosso valor pelo que temos? Quantas vezes dizemos: “Se eu perder isso, perco tudo”? Mas, no dia em que a vida for pedida de volta, o que restará? Os títulos? Os imóveis? As conquistas? Ou as relações, os gestos de amor, a fé que carregamos?

Não se trata de desprezar o necessário para viver. Jesus não elogia a miséria, mas denuncia a ilusão da autossuficiência. É bom ter planejamento, mas sem esquecer que tudo o que temos é provisório e deve ser usado com sabedoria e solidariedade.

Portanto, irmãos e irmãs, o convite hoje é revisar nossas prioridades. Onde está nosso coração? No que acumulamos ou no que entregamos? Em depósitos de coisas ou em tesouros eternos? Porque, no fim, todos nós ouviremos a mesma pergunta:

“E para quem ficará o que tu acumulaste?”

Que possamos responder não com medo, mas com alegria, porque escolhemos ser ricos aos olhos de Deus — ricos em amor, em misericórdia, em obras de justiça.