A DEVOÇÃO A NOSSA SENHORA DA GLÓRIA SURGIU NO INÍCIO DO SÉCULO XVII, ALGUNS ANOS
APÓS A FUNDAÇÃO DA CIDADE, QUANDO NO ANO DE 1608, UM CERTO AYRES COLOCOU UMA
PEQUENA IMAGEM DA VIRGEM NUMA GRUTA NATURAL EXISTENTE NO MORRO.
Mas as origens históricas remontam a 1671. O ermitão Antonio Caminha,
natural do Aveiro, esculpiu a imagem da Virgem em madeira e ergueu uma pequena
ermida no "Morro do Leripe", onde já existia a gruta, formando-se em
torno um círculo de devotos.
O Outeiro da Glória, outrora chamada "Morro do Leripe" ou
"Uruçumirim", apresentava-se abrupto sobre o mar e era o local,
descrito por Mem de Sá, onde se encontrava a "fortaleza de
biroaçumirim...com muitos franceses e artilharia."
As terras com o
nome de Chácara do Oriente, compreendendo o Outeiro, pertenciam a Cláudio
Gurgel do Amaral e foram doadas à Nossa Senhora em escritura pública de 20 de
junho de 1699, com a condição de ser edificada uma capela permanente, e que
nela fossem sepultados o doador e seus descendentes. Pelo contexto da escritura
depreende-se que em 1699 já havia uma Irmandade para cultuar Nossa Senhora da
Glória, confraria que segundo o "Santuário Mariano" possuía, em 1714,
"quantidade de dinheiro para dar princípio a uma nova e grande igreja de
pedra e cal, porque a primeira que se fez foi de madeira e barro."
A Irmandade de
Nossa Senhora da Glória foi canonicamente instituída a 10 de outubro de 1739,
ano em que se concluiu a construção do templo, por ato provisional do Bispo do
Rio de Janeiro, Frei Antonio de Guadalupe, em resposta a uma petição dos
Irmãos.
A Igreja ganhou enorme prestígio quando da chegada da Corte Portuguesa,
em 1808. A família Real tinha especial predileção por ela. Em 1819 a princesa
Maria da Glória foi trazida por seu avô, D. João VI, para a cerimônia da
consagração. A partir de então todos os membros da família Bragança, nascidos
no Brasil, são consagrados na Igreja.
A 27 de dezembro de 1849 D. Pedro II outorgou o título de
"Imperial" à Irmandade. Após esta data todos seus descendentes
nascidos no Brasil são membros da mesma. O advento da República respeitou esta
outorga.
Durante o governo de Getúlio Vargas foi declarada "Monumento Nacional", e como tal tombada pelo Decreto-Lei de 25 de abril de 1937, que preserva os bens de valor artístico e histórico.
O tombamento ocorreu a 17 de março de 1938, inscrito no Livro Tombo do Ministério de Educação e assinado por Rodrigo de Mello Franco de Andrade. A 1° de novembro de 1950 o Papa Pio XII conferiu à Igreja da Glória o título de "Basílica Nacional da Assunção".
É o Outeiro da
Glória local dos mais importantes para a história da cidade do Rio de Janeiro.
Excelentemente colocado topograficamente, com o mar batendo nas suas bases foi
testemunha silenciosa, a 20 de janeiro de 1567, dia de São Sebastião, da
expulsão dos franceses, naquela ocasião comandados por Bois-le-Conte, sobrinho
de Villegaignon – que queriam lançar os alicerces do calvinismo e fazer uma
Henryville por aqui, pelas naus católicas dos portugueses, comandados pelo
Capitão Mór Estácio de Sá, que saiu mortalmente ferido dessa batalha.
Estácio de Sá fundara a cidade do Rio de Janeiro, cujo nome passou a ser São Sebastião do Rio de Janeiro, após a vitória do dia 20 de março de 1867.
Antônio de
Caminha natural de Aveiro, Portugal, vivia no Rio de Janeiro, sem ambição de
ouro, cuidava de servir e andava vestido de hábito de Terceiros de São
Francisco.
Era ele insigne escultor, e o autor da imagem da Senhora que se
venerava na ermida. Fez também outra imagem, igual à primeira, para ser enviada
à sua pátria e ser oferecida ao Rei D. João V, e solicitou para isto
autorização ao Bispo, tendo este negado por julgar querer o ermitão levar
objetos doados à Senhora da Glória por devotos cariocas. Não obstante, a imagem
foi embarcada na nau Falcão, em 1708.
Vista do pátio
da igreja durante e viagem sobreveio uma tempestade, a nau naufragou, e o
caixote com a imagem foi dar em uma praia da cidade de Lagos, no Algarve, sendo
recolhida pelos frades Capuchinhos ao seu Convento. É aquela imagem que ali se
venera até hoje. Atendendo a sua celebridade uma moldagem da referida escultura
foi feita há alguns anos, em Portugal, e trazida para um nicho novamente aberto
no muro, entre as duas escadas de acesso ao adro de Igreja de N. Senhora da
Glória do Outeiro, por iniciativa do então Provedor Antônio Afranio da Costa.
Arquidiocese de
São Sebastião do Rio de Janeiro
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