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terça-feira, agosto 27, 2013

RASTROS DE LUZ: DOM LUCIANO MENDES E DOM HELDER CÂMARA


O arcebispo marianense, Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida, é lembrado pela sua grandeza espiritual. Não foi apenas bispo, mas também companheiro, pastor, irmão de todos, doce e amável no trato. Quem o conheceu teve dele uma acolhida marcante e ímpar. Dia 27 de agosto remonta àquele de 6 anos atrás, quando este grande homem despedia-se deste mundo e adentrava aos céus com as palavras “Deus é bom!”
Ele teve uma atuação que se projetou
 em toda a América Latina e em
 muitos países na Europa, 
especialmente na Itália. Dom Luciano
 é um dos iniciadores da
 Pastoral do Menor no Brasil e 
marcou muito a arquidiocese de Mariana.
O “bispo dos pobres” como era comumente chamado viveu sua fé na radicalidade e por isso se tornou um eco profundo de que se deve acreditar em Deus e  colocar em prática os valores evangélicos. Ele sabia como ninguém amalgamar a vida e a oração, não apenas em sua expressão verbal ou declarativa; mas plena na ação real e concreta. Ele soube, em meio às dores físicas e espirituais, aceitar a cruz por si mesma, pelos outros, pelos sofredores anônimos que padecem e por isso tocaram com profundidade a alma de Dom Luciano.

As palavras, os gestos, a vida de Dom Luciano colocam em xeque as nossas palavras, gestos e a nossa vida. O bispo marianense sofria de alto senso de dignidade humana, que, muitas vezes, era incompreendido. Ele sofria com o outro, comportava-se com os outros tratando todos como iguais, dignos de confiança. Ele via em cada pessoa uma criatura amável e admirável. Por tudo isso, ele foi deixando um rastro de luz por onde passou.

Em São Paulo teve uma atuação muito importante, especialmente junto às crianças e menores. Ele é um dos iniciadores da Pastoral do Menor no Brasil e marcou muito a arquidiocese de Mariana. O clero e o povo de Mariana têm uma profunda veneração por dom Luciano. Um sinal disso é a visitação de seu tumulo, na cripta da Catedral de Mariana, onde há sempre pessoas em oração.
"Quando encaminhamos o pedido a Santa Sé para a autorização ao início do processo de beatificação, pudemos contar com o apoio de mais de 300 bispos que subscreveram este pedido enviado à Congregação para as causas dos Santos. Estamos aguardando a resposta, sabemos que estes processos caminham muito lentamente". Dom Geraldo Lyrio Rocha

É também neste dia, que nossas memórias se misturam pela lembrança de outra figura singular, Dom Helder Câmara, que foi arcebispo de Olinda e Recife. 
Ambos, dom Luciano e dom Helder, souberam viver neste mundo a diaconia cristã, do serviço fraterno, alegre e impetuoso, pois eram tomados pela fé em Cristo e em seu projeto de salvação. 

Na expressão completa de fidelidade ao Evangelho, sabiam que o mundo, sofrido, complexo, pluricultural, midiático e ideário, é espaço absoluto e completo da ação do evangelizador. 
O arcebispo foi, também, um dos
 fundadores da Conferência Nacional 
dos Bispos do Brasil (CNBB), em 1952. 
A congregação abraçou as suas idéias
 e se tornou a primeira entidade episcopal
 da Igreja Católica no mundo a interpretar
 o Evangelho sob o prisma das questões sociais,
atuando diretamente nos setores populares, 
principalmente por meio das 
Comunidades Eclesiais de Base (CEBs).
Souberam anunciar as verdades da fé cristã no amor ao pobre, ao sofredor, à criança órfã, ao doente abandonado, ao faminto que clamava um pedaço de pão...
Caracterizam estes santos homens a expressão de que souberam revestir-se de cotidiano as verdades eternas do Reino prometido. Esta atitude exige ser tomado pela pura humildade na mais completa atitude de ser servidor, tornando presente o amor de Jesus aos simples e pequenos. 
Dom Hélder e Dom Luciano também ensinaram o verdadeiro significado do amor. Eles não aprenderam a amar nas universidades (Dom Luciano era jesuíta e Doutor em Filosofia, e Dom Hélder foi formado no rigor disciplinar da formação lazarista e tinha uma inteligência extraordinária). 

Eles aprenderam a amar quando se dispuseram a amar mais as pessoas do que os ofícios que exerciam: despojaram de todo espírito de superioridade e prepotência e revestiram-se do espírito de Cristo. Servindo aos pobres aprenderam a levar uma vida humilde e simples.

Eram profeticamente comprometidos com as causas dos pobres e com a promoção da justiça e da paz.

No dia 27 de agosto de 1999, aos 90 anos de idade, Dom Helder entregou-se definitivamente nos braços do Pai. Na mesma data do ano de 2006, aos 75 anos, Dom Luciano viveu a mesma experiência pascal.

O testemunho destes santos Bispos chama a atenção para a necessidade de a Igreja escutar os profetas, pois sem eles não há profecia e sem esta não há Reino de Deus. Escutemos, pois, os profetas e convertamo-nos.


CNBB / NEWS.VA



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