Santa Mônica, a quem a Igreja recorda no
dia 27 de agosto, com sua maneira exemplar de viver “sua missão de esposa e
mãe”: por um lado, ajudando seu marido Patrício a descobrir a beleza da fé em
Cristo e a força do amor
evangélico.
O próprio Santo Agostinho, que ao
princípio fez a sua mãe sofrer com seu temperamento rebelde, reconhecia que ela
lhe havia gerado duas vezes, a segunda exigiu uma longa tribulação espiritual,
feita de oração e de lágrimas, mas coroada ao final pela alegria de vê-lo não
só abraçar a fé e receber o Batismo, mas também dedicar-se inteiramente
ao serviço de Cristo.
Em um fatigoso itinerário, e com ajuda da
oração de sua mãe, Agostinho abriu-se cada vez mais à plenitude da verdade e do
amor, e ao final, não sem uma longa tempestade interior, descobriu em Cristo o
sentido último e pleno da própria vida e de toda a história humana.
“O último dos antigos” e o “primeiro dos
modernos”, santo Agostinho foi o primeiro filósofo a refletir sobre o sentido
da história, mas tornou-se acima de tudo o arquiteto do projeto intelectual da
Igreja Católica.
“Amando o próximo e cuidando dele, vais
percorrendo o teu caminho. Ajuda, portanto, aquele que tens ao lado enquanto
caminhas neste mundo, e chegarás junto daquele com quem desejas permanecer para
sempre.” Santo Agostinho
As obras mais importantes de santo
Agostinho são De Trinitate (Da Trindade), sistematização da teologia
e filosofia cristãs, divulgada de 400 a 416 em 15 volumes; De civitate
Dei (Da cidade de Deus), divulgada de 413 a 426, em que são discutidas as
questões do bem e do mal, da vida espiritual e material, e a teologia da
história; Confessiones (Confissões), sua autobiografia, divulgada por
volta de 400; e muitos trabalhos de polêmica (contra as heresias de seu tempo),
de catequese e de uso didático, além dos sermões e cartas, em que interpreta
minuciosamente passagens das Escrituras.
No pensamento de santo Agostinho, o ponto
de partida é a defesa dos dogmas (pontos de fé indiscutíveis) do cristianismo,
principalmente na luta contra os pagãos, com as armas intelectuais disponíveis
que provêm da filosofia helenístico-romana, em especial dos neoplatônicos como
Plotino.
Para pregar o novo Evangelho, é
indispensável conhecer a fundo as Escrituras, que só podem ser bem interpretadas
através da fé, pois apenas esta sabe ver ali a revelação de verdades divinas.
Compreender para crer e crer para compreender, tal é a regra a seguir.
Uma contribuição decisiva é sua doutrina
sobre a Santíssima Trindade. Para Agostinho a unidade das três pessoas é
perfeita: não se podem separar, nem uma se subordina à outra, como defenderam
Orígenes e Tertuliano, mas a natureza divina seria anterior ao aparecimento das
três pessoas; estas se apresentam como os três modos de se revelar o mistério
de Deus. A alma, para santo Agostinho, se confunde com o pensamento, e sua
expressão, sua manifestação é o conhecimento: por meio deste a alma — ou o
pensamento — se ama a si mesma. Assim, o homem recompõe nele próprio o mistério
da Trindade e se vê feito à imagem e semelhança de Deus: se ele ama e se
conhece dessa maneira, ele conhece e ama a Deus, conseqüentemente mais interior
ao ser humano do que este mesmo.
A salvação do homem, na teologia
agostiniana, é algo completamente imerecido e que depende tão só da graça de
Deus; graça que, no entanto, se manifesta aos homens por meio dos sacramentos
da igreja visível, católica.
Uma das mais belas concepções de santo Agostinho
é a da cidade de Deus. Amando-se uns aos outros no amor a Deus, os cristãos,
embora vivam nas cidades temporais, constituem os habitantes da eterna cidade
de Deus. Na aparência, ela se confunde com as outras, como o povo cristão com
os outros povos, mas o sentido da história e sua razão de ser é a construção da
cidade de Deus, em toda parte e todo tempo.
A obra de santo Agostinho, em si mesma
imensa, de extraordinária riqueza, antecipa, além disso, o cartesianismo e a
filosofia da existência; funda a filosofia da história e domina todo o
pensamento ocidental até o século XIII, quando dá lugar ao tomismo e à
influência aristotélica. Voltando à cena com os teólogos protestantes (Lutero
e, sobretudo, Calvino), hoje é um dos alicerces da teologia dialética. Santo
Agostinho morreu em Hipona, em 28 de agosto de 430. E nessa data, 28 de agosto,
é festejado como doutor da igreja.
Ninguém falou melhor do lado de Jesus aberto pela lança para daí deixar escapar o sangue e a água, símbolo dos sacramentos e da Igreja. Viu nas chagas de Jesus um refúgio para a nossa alma.
As belas invocações da oração Anima Christi são tiradas das suas
efusões de amor para com o Salvador: "Água do lado de Jesus, dizia,
purificai-me. – Jesus, escondei-me nas vossas chagas".
Quem melhor do que ele
cantou o amor de Deus? - "Ó Deus, dizia, é possível a alguém saber que sois
Deus e que vos não ame? – Ó beleza sempre antiga e sempre nova, tarde vos
conheci, tarde vos amei! – Fizestes-nos para vós, Senhor, e o nosso coração
está sempre agitado, enquanto não repousa em vós".
A regra composta por ele
para a sua ordem religiosa foi justamente chamada a regra de amor.
Alma de Cristo, santifica-me
Corpo de Cristo, salva-me
Sangue de Cristo, extasia-me
Água que vem de Cristo, lava-me
Paixão de Cristo, conforta-me
Ó bom Jesus, escute-me
Entre suas feridas, esconde-me
Não permita que me separe de ti
E dos exércitos do maligno, defenda-me
E na hora da Morte, chama-me
E deixe-me ir a ti
e Com teus santos, louvar a ti
Pelos séculos dos séculos
Amém
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