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quarta-feira, abril 16, 2014

BENTO XVI CELEBRA 87 ANOS


É o segundo aniversário do Papa emérito depois da renúncia. Papa Francisco assegurou-lhe que tinha orado por ele durante a Santa Missa.

A ligação entre os dois Papas, reinante e emérito, ocorreu hoje através do cabo telefônico. No aniversário de 87 anos do Papa Bento XVI, de fato, o Papa Francisco chamou-o para cumprimentá-lo assegurando-lhe de ter orado por ele de maneira especial esta manhã na celebração da Santa Missa.
Conforme anunciado pela Assessoria de Imprensa do Vaticano, o Papa emérito decidiu passar o dia do seu aniversário no habitual clima de meditação e oração, próprio da Semana Santa, sem formas especiais de celebração.

Joseph Ratzinger nasceu no dia 16 de abril de 1927 em Marktl am Inn, uma pequena cidade da Baviera, está vivendo o seu segundo aniversário após a renúncia. 
Até no ano passado, quando ele ainda estava em Castel Gandolfo, recebeu um telefonema do Papa Francisco, que já o tinha recordado durante a Missa diária celebrada na Casa Santa Marta. “O Senhor esteja com ele, conforte-o e lhe dê muito conforto”, tinha dito o pontífice.
É precisamente na residência de Castel Gandolfo que, no dia 23 de março de 2013, pela primeira vez se encontraram o Papa Francisco e o Papa Bento XVI. Os dois, depois do histórico abraço, ajoelharam-se em oração.

Depois do 2 de maio de 2013, terminado período passado em Castel Gandolfo, Bento XVI foi morar no Mosteiro Mater Ecclesiae, no Vaticano. 
Desde essa data, tem aparecido em público duas vezes: 5 de julho, por ocasião da inauguração de uma estátua de São Miguel Arcanjo nos jardins do Vaticano, e 22 de Fevereiro deste ano, quando, a convite de Francisco, participou do primeiro consistório para a criação de novos cardeais.
LEMBRANDO A ÚLTIMA AUDIÊNCIA GERAL DO PAPA BENTO XVI.
“Também eu sinto no meu coração o dever de principalmente agradecer a Deus” disse Bento XVI. “Sinto de levar todos na oração, num presente que é aquele de Deus, onde coloco cada encontro, viagem, cada visita pastoral”.

Lembrando o 19 de abril de 2005, momento da sua eleição, elevou aos céus essa oração “Senhor, por que me pede isso e o que me pede? É um peso grande que me coloca nas costas, mas se o senhor me pede, nas suas palavras lançarei as redes, com a certeza de que me guiará, ainda com todas as minhas debilidades”.

A barca da igreja, nesses oito anos, passou por “momentos de alegria e luz, mas também momentos não fáceis”, porém, continuou Bento XVI “sempre soube que naquela barca está o Senhor e sempre soube que a barca da Igreja não é minha, não é nossa, mas é sua”, e disse “O Senhor não a deixa afundar; é Ele que a conduz, sem dúvida também por meio dos homens que escolheu, porque assim o quis”.
Convidou todos a “renovar a firme confiança no Senhor, a confiar-nos como crianças nos braços de Deus, certos de que aqueles braços nos sustentam sempre e é o que nos permite caminhar a cada dia, também no cansaço”. Que cada um de nós “sinta a alegria de ser cristão”. “Um Papa não está só na direção da barca de Pedro, ainda que seja a sua primeira responsabilidade”, afirmou enquanto agradecia os seus colaboradores mais próximos. “Eu nunca me senti só ao levar a alegria e o peso do ministério petrino”.

Ele agradeceu também:  “Principalmente vós, caros Irmãos Cardeais: a vossa sabedoria, os vossos conselhos, a vossa amizade foram preciosos para mim; os meus Colaboradores, começando pelo meu Secretário de Estado  que me acompanhou com fidelidade nestes anos; a Secretaria de Estado e toda a Curia Romana”.

“O coração de um Papa se estende a todo o mundo”, disse Bento XVI referindo-se à natureza da Igreja, que não “é uma organização, uma associação com fins religiosos ou humanitários, mas um corpo vivo, uma comunhão de irmãos e irmãs no Corpo de Jesus Cristo, que nos une a todos”.
Referindo-se à sua renúncia assegurou que tomou “a decisão mais justa não para o meu bem, mas para o bem da Igreja” porque “Amar a Igreja significa também ter a coragem de fazer escolhas difíceis, sofridas, tendo sempre diante o bem da Igreja e não a si mesmos”.

“Quem assume o ministério petrino não tem mais privacidade”, afirmou também o Papa, pois a partir do momento que se aceita o ministério Petrino o Papa “não se pertence mais, pertence a todos e todos pertencem a ele”.

Para um Papa, portanto, não existe a possibilidade de retornar mais à privacidade. Portanto, “Não retorno à vida privada, a uma vida de viagens, encontros, recepções, conferências, etc”, disse o Papa, porque “Não abandono a cruz, mas permaneço de modo novo junto ao Senhor Crucificado”.
Bento XVI esclareceu que continuará “a acompanhar o caminho da Igreja com a oração e a reflexão, com aquela dedicação ao Senhor e à sua Esposa que sempre procurei viver até agora a cada dia e que gostaria de viver sempre”.
“Deus guia a sua Igreja, a sustenta sempre também e principalmente nos momentos difíceis. Não percamos nunca esta visão de fé, que é a única verdadeira visão do caminho da Igreja e do mundo”, conclui o Santo Padre.

MAIS UM POUCO DA INTENSIDADE DA CATEQUESE DO PAPA EMÉRITO EM UMA AUDIÊNCIA GERAL
“...Jesus não nos diz algo sobre Deus, não fala simplesmente do Pai, mas é a revelação de Deus, porque é Deus, e revela assim a face de Deus. No Prólogo do seu Evangelho, São João escreve: Deus, ninguém jamais o viu: Ninguém jamais viu Deus. O Filho único que está no seio do Pai foi quem o revelou” (Jo 1,18).

"Revelar a face de Deus". A este respeito, São João, no seu Evangelho, relata um fato significativo que ouvimos então. Aproximando-se a Paixão, Jesus tranqüiliza seus discípulos, exortando-os a não terem medo e a ter fé, e depois, começa um diálogo com eles no qual fala de Deus Pai (Jo 14,2-9). Em um determinado momento, o apóstolo Filipe pede a Jesus: “Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta” (Jo14, 8). 

Filipe é muito prático e concreto, diz também o que nós queremos dizer: "queremos ver, mostra-nos o Pai", pede para "ver" o Pai, para ver a sua face. A resposta de Jesus é respondida não só a Felipe, mas também a nós e nos introduz no coração da fé cristológica; o Senhor diz: "Quem me viu, viu o Pai" (João 14, 9). 

Esta expressão contém em síntese a novidade do Novo Testamento, aquela novidade que apareceu na gruta de Belém: é possível ver a Deus, Deus manifestou a sua face, é visível em Jesus Cristo. “Deus está certamente acima de todas as coisas, mas se dirige a nós, escuta-nos, vê-nos, fala, estabelece aliança, é capaz de amar. 

A história da salvação é a história de Deus com a humanidade, é a história deste relacionamento de Deus que se revela progressivamente ao homem, que faz conhecer a si mesmo, a sua face”.

Toda a nossa existência deve ser orientada ao encontro com Jesus Cristo, ao amor por Ele; e, nisso, um lugar central deve ter o amor ao próximo, o amor que, à luz do Crucifixo, nos faz reconhecer a face de Jesus nos pobres, nos fracos, nos sofredores. Isso é possível somente se a verdadeira face de Jesus tornou-se familiar para nós na escuta da sua Palavra, no falar interiormente, no entrar nesta Palavra de forma que realmente O encontremos, e, naturalmente, no mistério da Eucaristia. 

No Evangelho de São Lucas é significativo o passo dos dois discípulos de Emaús, que reconhecem Jesus ao partir o pão, mas preparados pelo caminho com Ele, preparados pelo convite que fizeram a Ele de permanecer com eles, preparados pelo diálogo que fez arder seus corações; assim, ao final, eles veem Jesus. 
Também para nós a Eucaristia é a grande escola em que aprendemos a ver a face de Deus, entramos em relacionamento íntimo com Ele e aprendemos, ao mesmo tempo, a dirigir o olhar para o momento final da história, quando Ele irá nos saciar com a luz da sua face. Sobre a terra nós caminhamos para essa plenitude, na expectativa alegre que se realiza no Reino de Deus.”
Papa Emérito Bento XVI



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